No Ready To Die.

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Sarah Andrade Point Of View.

Outono.

Terça-feira.

Dizer que está tranquilo é algo bem relativo para o ser humano. Há tipos e tipos de tranquilidade. Você pode se sentir tranquilo interiormente, mas exteriormente estar reproduzindo uma versão humana de um daqueles terremotos que atingem o Oriente. Assim como você pode estar sereno por fora, mas tendo uma apoplexia por dentro.

É difícil conseguir definir certas coisas, por isso não sei em qual situação me encaixo quando estou fazendo o Check-in que me dará passagem a Miami. Não que eu não queira voltar para a minha cidade, quero sim! Quero voltar para a minha casa, quero estar no meio daquela minha família que gosta de dar palpites em minha vida, quero estar em meu quarto, quero deitar em minha cama e olhar para o meu antigo teto.

O teto do meu quarto... Ah, como eu sinto falta do meu analista! Logo ele, tão alvo e tão calado, sempre serviu de ponto para eu olhar e passar noites em claro, mas nunca clareou meus pensamentos.

— Amiga, me acompanha até o banheiro depois, por favor? — Thaís pediu assim que parou ao meu lado.

Eu assenti para ela e, assim que a atendente terminou de me entregar os papéis e pegar minha mala, fui até onde as outras estavam. Carla estava deitada sobre a cabeça de Juliette que estava sobre o ombro da menor. Já a Moraes estava deitada sobre o colo de Carla, com certeza alguma das três teria dores nas costas mais tarde.

Ergui meu braço, fazendo sinal para Thaís, avisando que já poderíamos ir ao banheiro. Ela rapidamente veio me empurrando em direção ao sanitário.

— Não gosto muito de estar em um avião. Não faz muito sentido, pra mim, voar. — Ela disse segurando meu braço direito.

— Ah, tanto faz, pra mim tanto faz a atuação da Física nisso, contanto que eu não caia de lá de cima. — Ri, mas Thaís pareceu horrorizada.

— Não fale essas coisas para mim minutos antes de entrarmos naquele avião e sermos obrigadas a passar mais de 10 horas lá dentro!

Revirei os olhos, ainda rindo, e deixei que ela entrasse primeiro no banheiro para então segui-la. Thaís foi para uma cabine e eu para outra, logo saímos, lavamos as mãos e voltamos para encontrar as outras três. Minha amiga fez questão de acordá-las.

— Estava olhando nossas passagens. Adivinhem quem vai sentar ao lado do casal sem graça? — Carla perguntou.

— Amiga, é você, todo mundo já sabe disso. Quem reservou as passagens? Eu. — Thaís sorriu, deu de ombros e sentou-se ao lado de Vitória.

— Você fez isso propositalmente, Thaís?! — A menor perguntou.

Thaís pareceu ignorá-la.

— Por que não posso ficar com vocês duas?! — Carla voltou a perguntar. Ela realmente se sentia ofendida.

— Carla, você tem roncado muito esses últimos dias. — Moraes se pronunciou.

— Isso significa que estou em paz. Não é, Zangada?

Ri da pergunta e me sentei ao lado de Juliette, que rapidamente saiu do ombro de Carla para o meu.

— Não exatamente. Eu diria que você te algum problema respiratório. Não é, Moraes? — Perguntei.

— É. A Sarah tem razão. Mas pode ser algo temporário. Se persistir você deverá ir ao médico.

— Viver no meio de gente inteligente às vezes me cansa. Nem entendem as piadas. — Carla reclamou.

Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.Onde histórias criam vida. Descubra agora