The Meaning Of A Tragedy.

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Segunda-feira.

Segunda-feira. 189 dias desde que Juliette falou comigo pela primeira vez. E agora fazem 7 dias desde que ela falou comigo pela última vez. Esse é o maior tempo em que ficamos sem trocar alguma palavra desde que começamos a trocar palavras. E eu, sinceramente, estava questionando o sentido das palavras quando estas não eram pronunciadas por Juliette.

Minha cota de faltas na escola durante esse ano já havia sido excedida e por causa disso eu — mesmo que não quisesse — tinha a obrigação de ir ao colégio. Agradeci por ter Thaís contando sobre o encontro durante todo o caminho e me fazendo pensar em alguma coisa que não fosse a pessoa com a letra J.

— Vocês estão namorando agora? — Perguntei após ela repetir seis vezes o quanto os dois combinavam.

— Não. Estamos apenas nos conhecendo.

— Ah.

— Mas bem que podíamos namorar... — Disse sonhadora.

— Quem sabe.

Chegamos ao colégio e avistamos um aglomerado de pessoas em frente ao corredor principal de salas. Thaís segurou em meu braço, puxando-me para a multidão. O burburinho emitido por aquelas pessoas parecia ser de empolgação. Me estiquei na ponta dos pés para conseguir enxergar o alvo das atenções e lá estava uma faixa pendurada no teto: Baile de Formatura, I Want To Know What Love Is.

— O que é isso? — Toquei no ombro de Thaís.

— O baile!

— E esse é o tema do baile? — Ela assentiu e me ignorou, indo falar com algumas pessoas que eram da sala dela.

Mas quem foi o retardado que colocou esse tema para uma baile? Existe tanta coisa legal por aí e eles querem saber o que o amor é. Ainda bem que não quero saber o que o amor é. Ainda bem que não preciso me preocupar com bailes. Não preciso me preocupar com vestidos, nem com sapatos, nem com cabelo ou unhas ou maquiagem e muito menos com um par. Ainda bem que não vou ao baile.

— Amiga! Vamos chamar as garotas para o shopping hoje e vamos comprar nossos vestidos logo! — Thaís chamou a minha atenção;

— Não vou ao baile. — Falei quanto desviava das pessoas e saía daquele amontoado de gente sem graça.

— Vai sim. Eu arranjo um par pra você. Quer quem? A Juliette? Eu vejo se ela aceita ser seu par por uma noite. — Riu. Engraçada você, né? Ria mesmo das dores alheias.

Revirei os olhos para ela e procurei um banco para sentar e esperar aquela agonia de gente se dispersar. Não demorou muito para que um ser humano incrivelmente pequeno passasse correndo entre as pessoas e parasse em nossa frente.

— Já viram aquilo? — Carla perguntou eufórica. — Cara! Vai ser incrível! Quando vamos ver os vestidos?

— Vamos ainda nessa semana! — Thaís respondeu.

"Vamos". Onde é que ficou esquecido aquela parte dos diálogos em que as pessoas perguntam "Você quer ir comigo?"? Agora é só "Vamos". Sorte a delas que eu não estou inclusa nisso porque eu não aceitaria um "Vamos", é quase uma ordem!

Demorei um pouco para notar que Carla estava sozinha ali. A idiota não estava por perto e rapidamente aproveitei para sair correndo até a sala antes que ela aparecesse.

Levantei devagar e arrastei alguns passos, tentando sem discreta.

— Zangada! — Carla gritou.

— Estou atrasada. — Avisei tentando passar por algumas pessoas.

— Te vejo no intervalo! Se não aparecer eu vou atrás! — Ameaçou berrando. Não respondi e segui caminhando.

Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.Onde histórias criam vida. Descubra agora