Sábado.
— "Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.Juliette declamou olhando para o celular, onde lia o tal texto.
— Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Ergueu o braço livre e dramatizou recebendo alguns revirar de olhos de Vitória, muitos bocejos de Carla e um nada de Thaís que tinha os olhos fechados.
— Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão."Juliette terminou a declamação abaixando os dois braços e sorrindo orgulhosa de si mesma. Particularmente eu achei aquela cena linda. Por mim ela poderia ficar procurando textos sobre viagens, partidas e despedidas na internet e declamar todos eles enquanto ninguém está interessado em ouvi-los. Ninguém além de mim... Mas isso não conta muito, não é? Tudo o que ela faz é gracioso, pra mim, e ao mesmo tempo tão idiota que se torna lindo porque ela é idiota, uma idiota linda e os adjetivos bons e ruins se misturam fazendo com que eu nunca entenda ao certo o que, de fato acho, dela. Digo, acho muita coisa, mas... Juliette consegue tornar as coisas um pouco confusas e eu ser apaixonada por ela só piora a compreensão! Por isso acho que na verdade não sei nada...
— Gostaram? — Juliette levantou a cabeça fitando nós quatro com curiosidade.
— Aham. — Carla fez pouco caso enquanto mexia no celular sentada sobre as malas.
— Claro! — Vitória revirou os olhos.
— Com essa interpretação então... — Thaís riu sonolenta.
— Sarará? — Claro que ela queria minha resposta e eu estava esperando por isso.
— Muito... — Lindo! Você é linda! — Cabível para esse nosso momento. — Sorri sem mostrar os dentes, mas não por não ser sincero, mas por preguiça de abrir os lábios. Ela sorriu de volta e retornou a atenção para o celular.
Sábado. Ainda 307 dias, mas o relógio já marcava 08h:56. Não tivemos atraso com o voo, nem nada deu errado. Estávamos em frente ao aeroporto desde o momento em que havíamos pousado, pegado nossas malas e sofrido por arrastá-las até um carrinho e depois até aqui. Não eu, claro. Mas Thaís precisou de ajuda com aquele ataque mortal de Hello Kitty e Juliette também teve dificuldade com as tantas malas. Carla carregou tudo sozinha e Vitória pediu ajuda a um funcionário do aeroporto. Após isso ligamos para nossos pais e avisamos tudo o que tínhamos para avisar.
— Por que será que nem os nossos pais e nem a gente pensou em como levaríamos isso tudo daqui pro apartamento?! — Thaís pergunta com a voz arrastada.
— Deixamos passar um detalhe importante. — Vitória, que estava muito mal-humorada, explicou. — Deve ter sido a emoção.
— Zangada, seu dever é lembrar do que ninguém se importa em lembrar, sabia? — Carla reclamou sem tirar os olhos do celular.
— Como eu ia pensar nisso se mandei tudo através do correio em caixas?! — Bato o pé me sentindo injustiçada.
— Não importa. Você tinha que pensar no bem coletivo, sua egoísta. — Carla acusou-me.
Revirei os olhos para ela e cruzei os braços. Eu não deveria ligar para as provocações da Diaz, mas até eu mesma me esquecia disso e acabava me irritando até lembrar que não precisava me irritar.
— Moço! — Vitória gritou para um taxista. — Liga de novo, por favor!
Quando passamos pelas portas automáticas, procuramos por um táxi, mas nenhum cabia nós cinco e nem falemos sobre as malas! Mas um motorista disse que a empresa em que ele trabalhava tinha uma van onde tudo caberia apertado, mas caberia. Sendo assim, ele prontificou-se a contatar a central e chamar a tal van. Isso foi há uns 25 minutos atrás, agora some isso com o tempo que gastamos com as malas... Quase uma vida perdida!
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Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.
Fanfiction"É óbvio se eu pudesse escolher quem eu gosto, não seria você." todos os direitos e créditos: © sheusedtobeemo