Afterlife.

1K 109 75
                                    

Terça-feira

Você poderia me acordar nesta manhã me cutucando e me perguntar: Sarah, como é a vida após a morte? Em qualquer outra manhã eu teria mandado-lhe zarpar para bem longe de mim porque você estava me confundindo com alguma alma penada que ainda não conseguiu encontrar a direção que leva à tal luz. E aí lhe diria que somente os que encontraram a luz poderiam lhe dizer sobre uma vida bonita, já os que ficaram vagando por aí desconhecem a beleza da vida não vida após a morte. Ou simplesmente diria que não é da sua conta. Mas hoje, em especial, eu posso responder-lhe que a vida após a morte é uma vida de verdade, ao menos no sentindo metafórico da coisa.

Ontem à noite, quando pedi Juliette em namoro, eu realmente encontrei a luz... da sabedoria... da vida... Tenho a certeza de que uma lâmpada acendeu acima da minha cabeça, como nos desenhos animados, e a ideia de arriscar um pouco me veio à mente.

Certo, você não precisa me lembrar que foi Juliette quem praticamente fez o pedido com a sugestão tão aberta e direta. Mas as coisas teriam se concretizado sem o meu ato?! Não! Então lembre-se de dar alguns créditos a mim quando lembrar de como foi o estranho e confuso dia em que eu me suicidei emocionalmente para acordar com um novo emocional onde Juliette é a minha namorada.

— Sarará, grande cuba para banho de imersão. Com sete letras. — Juliette perguntou parecendo tão concentrada nas palavras cruzadas que se esqueceu do café da manhã que estava à sua frente.

— Banheira. — Respondi mordendo um pedaço do meu pão.

— Vocês nem estão na terceira idade e já começaram os programas chatos? — Carla resmungou puxando uma cadeira de frente para mim e Juliette e se sentando.

— Carla, estou esperando a Thaís sair do banho... — Juliette disse ainda completando a cruzadinha.

— Ela disse que precisava ser a primeira hoje porque tem que se arrumar incrivelmente bem. — Vitória deu de ombros sentada à cabeceira da mesa.

— Deve ser por causa daquele garoto duas turmas à nossa frente. — Carla riu enchendo o copo com leite.

— Qual garoto?! — Perguntei desconfiada porque Thaís não comentou nada sobre garoto mais velho.

— Um que a gente conheceu ontem. A gente nem falou com ele, mas a Thaís diz que ele precisa notá-la. — Comentou dando de ombros e colocando achocolatado no leite para então mexê-lo.

— Será que no meio de tantas paqueras vocês se concentram nos estudos? — Perguntei por pura implicância.

— Claro que sim, Zangada. Se sua namorada consegue estudar e ainda ligar e mandar mil mensagens pra você, a gente consegue também.

Eu estava me preparando para responder a Carla quando fui impedida.

— Sarará, — Juliette interrompeu. — ordinário, banal. Com seis letras.

— Hum... — Parei para pensar um pouco.

— Eu vou chamar a Thaís porque ela vai acabar atrasando todas nós! — Vitória levantou apressada indo em direção ao banheiro e batendo forte na porta dando apenas para escutar os resmungos dela e as respostas de Thaís.

— Essa deve tá errada, não existe. — Carla apontou para a cruzadinha de Juliette enquanto eu me debruçava para ver se alguma palavra já tinha cruzado o espaço daquela.

— Vulgar. — Respondi com certeza.

Juliette completou os quadradinhos e ao ver que coube todas as letras jogou a caneta em cima do livrinho e se virou pra mim com um sorriso gigante.

Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.Onde histórias criam vida. Descubra agora