Parece Mais Fácil Nos Filmes | Sariette.

We Come Out At Night.

Juliette Freire Point Of View.

Sarah Andrade é o ser humano mais idiota que já conheci até hoje. Ela pode ser linda, ter um sorriso maravilhoso, olhos deslumbrantes, um charme natural inegável e uma ironia fofa, mas é uma completa idiota.

Ela parece ser meio confusa e indecisa com seus pensamentos. Mas eu gosto da Sarah. Eu adoro a maneira como ela parece ser uma coisa e quando você a conhece ela é totalmente outra. Quem olha para Sarah enxerga uma garota linda, cheia de estilo, possuidora dos mais lindos olhos verdes do mundo, toda cheia de si. Mas quem a conhece consegue ver que Sarah calcula demais e faz de menos. Que é uma garota difícil de conseguir se aproximar, mas que vale a pena porque ela é incrível. E se e eu tivesse que passar por toda essa confusão multiplicada por mil só pra poder ter a Sarah me chamando para um encontro, com certeza eu passaria.

Eu sei que ela ainda não sabe que sou apaixonada por ela e também não tenho conhecimento do que ela sente por mim. Mas sei que o beijo de ontem significou alguma coisinha para ela porque para mim significou muita coisa. A propósito, quando se está apaixonada é assim mesmo, não é? Se vê beleza em qualquer simples ato do outro, mesmo que outro não seja tão delicado em sua maneira de agir.

Sarah é estranha, confusa e complicada, mas quero avisar ao mundo que mesmo com tanto detalhe negativo ela é quase minha. Ela não sabe, mas já é praticamente minha. Querendo ou não ela vai ser minha.

Estava na sala de aula resolvendo uma questão de física sobre resistores. Eu não era uma aluna muito boa nessa matéria e muito menos nesse assunto, mas sempre consegui me arrastar e passar em cima da média por isso precisava morrer resolvendo questões na sala enquanto a maioria esperava o professor dar a resposta.

Olhei ao meu redor e vi a Viviane ajudando uma garota a resolver o exercício, um pessoal no fundo rindo de alguma coisa, um resto quase dormindo e o Rodolffo conversando com os amigos. E por falar nele, quando cheguei, mais cedo, o Rodolffo veio falar comigo dizendo que adorou o nosso encontro, porém...

— Então, Ju. Que tal sairmos um outro dia? — Pensei seriamente em como dizer à ele que eu nunca quis ir àquele encontro e que apenas fui porque estava cega de raiva pela Sarah.

— Então, Rodolffo. Acho melhor não ter uma outra vez...

— Por quê? Não foi bom pra você? — Perguntou perdendo o sorriso.

— Gostei sim, Rod. Mas não estou pronta pra outros encontros. — Outros com você, prefiro outra pessoa.

— Entendo. Tudo bem. Amigos de novo então? — Eu não sabia que havíamos passado daquele nível, mas tive que fingir.

— Com certeza. — Sorri apertando sua mão.

E foi assim que dei o meu primeiro fora da vida. Achei que seria mais difícil, como nos filmes, mas pareceu muito normal para mim. Rodolffo é um menino legal, mas não como namorado ou algo assim.

O sinal tocou anunciando o intervalo. Fechei o caderno e guardei meu lápis no estojo. Deixei tudo em cima da carteira mesmo e me levantei para ir ao refeitório encontrar com as meninas.

— Oi, Freire. — Viviane surgiu com um sorriso quase psicopata quando eu estava perto da porta.

— Oi, Viviane. — Sorri com toda a falsidade do mundo para ela.

— A Sah não veio hoje. — Sarah pra você. — Você sabe o por que?

— Ela não estava se sentindo bem, parece que tomou algum iogurte vencido ontem.

Menti com a maior tranquilidade. Não sabia ao menos se Sarah gostava de iogurte. Será que gosta? Do que ela gosta? Eu realmente não sei, à noite eu pergunto. Eu sabia que Sarah não havia vindo para a escola porque estava fugindo de mim, fugindo de uma maneira boa dessa vez. Mas precisava dar alguma resposta à Queiroz. Precisava mostrar a ela que eu conhecia a Sarah muito mais do que ela, mesmo que pra isso eu tivesse que mentir.