Wish You Were Sober

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Narrador's point of view

  Apesar de ter acabado de acordar, Addison se sentiu cansada. A sensação pesada que se alastrava em seu peito parecia sugar tudo de si, lhe fazendo desejar nunca levantar-se daquela cama espaçosa.

A música alta estava sendo abafada pelas paredes revestidas, mas não o suficiente para impedir que os ouvidos atentos de Addison escutassem ela se misturando com vozes embriagadas. Pela fresta da janela a loira notou o pôr do sol. Por quanto tempo ela dormiu?

Espreguiçou-se ouvindo os estalos de seus ossos, pondo-se em pé logo em seguida. Por mais que sua vontade fosse continuar ali, ainda precisava se esforçar pelo seus amigos, pelo Nick. Afinal, por ele que aceitou sair de sua rotina confortável.

Se retirou do quarto já com outras vestimentas minimamente apresentáveis, e assim que atingiu a grande sala seu corpo foi impulsionado para trás por conta dos braços firmes que a rodearam. Talvez por culpa deles a loira não caíra no chão pelo espanto.

O cheiro de álcool misturado com o doce perfume fez Addison preocupar-se. Aquele que lhe segurava parecia procurar conforto no caos que era Addison, essa que sentiu a melancolia atingir em cheio. Os papéis haviam sido trocados, agora Nick que necessitava de salvação.

- O quão bêbado está? - Ela levou a mão até a nuca do loiro e o sentiu tremer.

- O quão sóbria você está? - Viu a voz chorosa rebater tirando um suspiro da menor.

- O suficiente para retribuir os cuidados. - Afastou-se dos braços finos apenas para encarar as esmeraldas chorosas. - Vem, vamos colocar água e comida nesse corpo desnutrido!

Afagou o rosto avermelhado entrelaçando a mão direita a dele o puxando com delicadeza até a cozinha do local.

Lá haviam poucas pessoas, essas um pouco mais sóbrias que apenas queriam um local menos barulhento para conversarem. Addison sorriu para eles, que acenaram e lhe estenderam uma cerveja que foi muito bem aceita pela loira. Que mal uma única cerveja poderia fazer?

Deu um grande gole, se não fosse tão acostumada teria reclamado do amargor, mas a esse ponto de sua vida nem ao menos o sentia mais. A vida é bem mais amarga que qualquer bebida que se preste a ingerir.

Pegou algumas garrafinhas de água na geladeira e colocou em uma taça um pouco do mousse que tinha ali dentro experimentando antes para ter certeza que não colocaram álcool ali também.

Nick se sentou em cima do balcão de mármore branco, seus pés pendurados balançando como os de uma pequena criança e sua cabeça girando no mesmo ritmo. Havia prometido para si mesmo que não passaria dos limites, mas tudo ficou barulhento demais em sua mente e quando menos viu seu controle já havia se perdido. Era patético, ele era patético, uma decepção  assim como seu pai havia vociferando à anos atrás.

Levantou o olhar encontrando os amáveis e destruídos de Addison, quis voltar a chorar como um bebezinho assim que a mesma lhe sorriu tão amável.

- Toma, beba isso. - Lhe entregou a garrafinha já aberta. - Depois você come isso aqui. - Deixou a taça recheada pelo doce no balcão ao lado do rapaz.

- Obrigado. - Agradeceu bebendo quase metade da água que continha na garrafa. Seu corpo reclamou pelo líquido quase que de imediato.

A loira notou a careta do rapaz e deu um passo para trás, distanciando-se um pouco. Mais duas garrafas daquela e seu amigo colocaria tudo para fora.

Queria ser capaz de dizer algo reconfortante, dizer que logo aquela dor insuportável passaria e que as vozes sumiram, mas sua franqueza a impedia. Ao menos a esperança dentro de si ainda não havia morrido, se até ela saiu do inferno, Nick também conseguiria sair.

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