Capítulo 28

3.2K 215 2
                                    

   Dormir? Nunca ouvi falar disso. Passei minha manhã inteira na clínica de emergência esperando ser atendida pro conta do meu antebraço.

   A enfermeira ficou cética quando eu disse a ela que era um acidente de pesca, mas não se preocupou em me pressionar para obter mais detalhes. A mulher costurou meu braço, fez um curativo e prescreveu ibuprofeno. Tentei arrancar dela algo mais forte, mas ela era muito inteligente para deixar.

   Fiquei surpresa ao ver meus amigos esperando do lado de fora da clínica por mim, mas quando percebi que a casa de penhores ficava perto desta área, tudo fez muito mais sentido.

   Subi na parte de trás, sentando no chão ao lado de JJ. Kiara enviou um sorriso caloroso em minha direção, oferecendo uma camisa nova. Olhei para a que eu estava usando, o sangue seco dando a ilusão de que levei um tiro no peito. Me perguntei como ficava sem sono e nojento enquanto trocava de camisa rapidamente.

— Como está o braço, Bee? — Pope perguntou, agarrando meu braço para inspecionar a engenhoca de gaze e fita que a enfermeira fez. Ele puxou a bandagem para trás, analisando a costura e a pele irritada ao redor. — Parece que a velha louca te pegou de jeito.

— Ela pegou. — murmurei, puxando meu braço para trás gentilmente, dando ao moreno um olhar estranho por agarrá-lo em primeiro lugar. — Estou tomando alguns comprimidos para a dor.

— Comprimidos? — JJ sintonizou, sua cabeça levantando bruscamente olhando para uma moita de ouro em suas mãos. — Você tem comprimidos?

— Porra de ibuprofeno, idiota. — JJ acenou com a cabeça como se soubesse disso o tempo todo.

   Nossa viagem pela estrada até a casa de penhores não foi longa e, antes que eu percebesse, estávamos pulando da van. Suspirei, desejando poder apenas ficar na van e dormir, mas a pergunta persistente sobre quanto conseguiríamos pelo ouro me motivou a me levantar.

   Durante todo esse tempo, ainda não me importei com o dinheiro. Claro, é excitante e estimulante ir em uma caça ao tesouro, mas no final do dia não se tratava do tesouro. Para mim, foi sobre a caça e o tempo que tenho passado com meus amigos. A vida não parecia tão satisfatória desde a morte de meus pais, e agora que experimentei esse sentimento, estava com medo de deixá-lo ir.

— Belo trabalho, Dr. Frankenstein. — JJ zombou Kiara enquanto estávamos do lado de fora das portas da casa de penhores. A morena colocou as mãos nos quadris enquanto olhava para a fortuna nas mãos de JJ.

— Como se você pudesse ter feito melhor. — ela retrucou.

— Eu poderia ter feito. — JJ disse com naturalidade. — Tive aula de soldagem.

   Eles estavam prestes a entrar em uma disputa sobre as habilidades de soldagem do loiro, mas John B se colocou entre os dois, pedindo-lhes que se acalmassem. — Relaxe, ok?

— Fácil para você dizer. Não é você que vai ter que penhorar esse pedaço de merda. — JJ murmurou, segurando o pedaço de ouro. Olhei para seu rosto, notando pela primeira vez que seus hematomas haviam desaparecido. Sorri para mim mesma, amando poder ver sua pele beijada pelo sol sem as cores adicionais. O único lembrete de que levou uma pancada no rosto foi um pequeno corte no lábio. — Como consegui este trabalho, afinal?

— Porque você é o melhor mentiroso. — Pope respondeu sem perder o ritmo, o seguindo até a casa de penhores. Entrei, mas optei por ficar na porta, brincando com todas as pequenas bugigangas.

— Boa tarde, senhora.

— Boa tarde.

— Vi que você compra ouro. — JJ começou suavemente.

𝐏𝐫𝐨𝐯𝐨𝐜𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 | JJ MaybankOnde histórias criam vida. Descubra agora