A semana passou voando, Severo estava me evitando o máximo que conseguia e eu estava me estressando com isso. Eu passei a semana toda trabalhando no meu projeto de Transfiguração e tentando provar à Lily que tudo que Sirius sentia por mim era o mais puro ódio, mas mesmo que eu provasse cinquenta vezes ela não acreditaria.
Então depois de sair da segunda detenção da semana por brigar com Black, eu me arrumei para ir jantar na casa de Regulus e desisti de tentar provar algo à Lily.
Tínhamos autorização para sair da escola, então fomos para a Casa dos Black usando pó de Flu na chaminé de Dumbledore.
—Pronta?- Reg perguntou.
—Claro.- sorri de canto ironicamente.
Chegamos em uma sala iluminada com sofás de couro preto e a decoração cara que passava um ar de riqueza. Eu avistei uma garota loira tocando piano suavemente, um homem lendo jornal e outra garota que tinha cabelos pretos cacheados vinha na nossa direção.
—Que bom que chegou, Regulus, como tem passado?- Ela perguntou passando as mãos finas pelo ombro dele.
—Bem, obrigado.- ele sorriu de canto.- Bellatrix, essa é...
—Mary Anne Greeney.- Bellatrix finalmente me olhou com os olhos escuros, eu estendi minha mão para cumprimentá-la mas ela apenas me analisou de cima a baixo.- Você vai servir bem.
—Bella!- a garota loira chamou sua atenção assim que parou de tocar e andou até nós.- Não ligue para ela, sou Narcisa.
Reg já havia me falado das primas. Bellatrix era casada com Rodolfo Lestrange mas aparentemente nunca estavam juntos, e Narcisa estava noiva de Lucius Malfoy.
O último que comprimentei ali foi Orion Black, o pai de Regulus, que parecia entretido demais lendo um artigo no Profeta Diário sobre a queda da Ministra da Magia por sua incompetência em lidar com a ascensão do Lorde das Trevas. Ele lia aquilo completamente apático.
Bellatrix levou nós quatro até a sala de jantar que era belíssima com todas as louças decoradas na paredes, e eu senti uma leve tensão no silêncio que todos fizeram enquanto a famigerada Walburga Black descia as escadas.
Ela veio com um vestido longo preto e de gola alta, Reg comentou que todos na sua casa sempre andavam muito bem arrumados, tinham que fazer jus à elite que pertenciam. Tive um dejavú pois meu pai sempre dizia a mesma coisa.
Levantamos para que Walburga pudesse se sentar, ela tinha o rosto bonito para sua idade mas completamente severo.
—É ótimo recebê-la, senhorita Greeney.- ela falou assim que se sentou, as palavras eram mais educadas do que verdadeiras.
—O prazer é todo meu.- respondi forçando um sorriso.
Eu percebi a análise que ela fazia sobre mim, Bellatrix olhava ansiosa para saber o que a tia havia achado de mim.
—O pai é muito importante para o Ministério, sua família é tradicional e defende os valores de sangue puro como a nossa.- Orion falou pegando na mão da esposa.
O que era aquilo, uma entrevista de emprego?
—Perfeito.- Walburga falou com o entusiasmo quase imperceptível.
—Ela é só minha namorada, mãe.- Reg falou.
—Saber essas coisas são importantes, primo, você não quer acabar como a Andrômeda, quer?- Bellatrix falou, eu não fazia ideia de quem era Andrômeda, mas pelo olhar de Narcisa e o silêncio dos outros devia ter acontecido algo muito triste com ela.
O jantar foi servido por um elfo doméstico carrancudo chamado Monstro, ele era muito educado, parecido com Weezy, o elfo que servia a minha família.
—A comida te agrada, senhorita Greeney?- Orion perguntou e eu respondi que sim.
Qualquer bruxo comum teria ficado desconfortável com tanta formalidade, mas bruxos que vinham de famílias tradicionais conservadoras como os Greeney e os Black já estavam acostumados.
Ouvíamos o doce som do piano da sala que agora tocava sozinho, até uma música altíssima interromper e os lustres começarem a balançar, eu conhecia aquela música, "Teenagers", de uma banda trouxa. Bellatrix se levantou com raiva, olhando para o candelabro de cristal em movimento, mas bastou um único olhar de Walburga para que ela se sentasse novamente.
—Monstro, diga a Sirius que, ou ele vem jantar, ou permanece em silêncio.- a matriarca ordenou e o elfo foi subindo as escadas.- Espero que não tenha uma má impressão da nossa família por causa de Sirius, ele é completamente...transviado.
—Não se preocupe, eu sei o quanto a família Black tem seu valor...- comentei.
—Eu disse que ele não jantaria com a gente, só vem pra casa porque é obrigado.- Reg sussurrou para mim.
Eu entendia Sirius, mesmo que eu o odiasse. Nossas famílias eram iguais, supremacista, rigorosas e extremamente conservadoras. A diferença entre mim e Black era que ele se rebelava por ser diferente, eu fingia ser igual para ser aceita.
••••
—Primeiro, quem é Andrômeda?- perguntei.
Iríamos passar a noite no Largo Grimmauld, e mesmo que pais normais não deixassem os filhos dormirem com as namoradas, Orion se alegrou com a ideia de eu passar a noite no quarto de seu filho.
—Fale baixo!- ele tampou minha boca.- Não falamos dela, ela só é mencionada quando é usada como mal exemplo.
—O que ela fez?- terminei de colocar minha camisola verde.
—Ela se casou com um nascido trouxa, era irmã de Bellatrix e Narcisa.- ele lamentou.- Foi deserdada, não a vejo desde que eu era criança, mas dizem que ela tem uma vida boa.
—Agora eu entendi o silêncio no jantar.- aquilo me fez pensar se meu pai seria capaz de fazer o mesmo comigo caso descobrisse sobre meus amigos, as aulas de estudos trouxas e que eu não sou uma supremacista como ele, mas resolvi mudar de assunto.- É por causa de todo o preconceito que Sirius não janta mais com vocês, não é? Ele é claramente contra tudo isso, e faz o tipo rebelde, sei como é difícil ter uma família assim.
—Anda reparando muito no meu irmão pra alguém que odeia ele...E desde quando faz perguntas sobre Sirius?- Regulus perguntou se deitando ao meu lado na enorme cama.
—Eu já fiz perguntas sobre Sirius algumas vezes, tenho que conhecer meu inimigo.- cruzei os braços.
—Não esse tipo de pergunta, parece até que se sensibilizou por ele...- Reg cerrou os olhos desconfiado e eu revirei os meus.
—Eu não me sensibilizei, ta bom? Eu odeio Sirius Black com cada gota de sangue que corre pelas minhas veias, satisfeito?- falei me virando me cobrindo.
—Tudo bem...-ele respondeu ainda desconfiado.- Boa noite, Mary.
Eu respondi antes que ele apagasse as luzes e logo ouvi sua respiração acalmar em sinal de que havia dormido. Eu fechei os olhos na tentativa de pegar no sono, uma tentativa claramente falha.
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Only One - Sirius Black
FanfictionEM REVISÃO Tudo que Mary Greeney sentia ao olhar nos olhos de Sirius Black era o mais puro ódio, mas é claro que não era apenas isso. "Posso fugir de você, te ignorar, afirmar um milhão de vezes eu te odeio, mas nada vai mudar o fato de eu ter me a...