Eu e Sirius havíamos nos ignorado até o dia de Natal, e para nossa sorte, a Nobre Casa dos Black estaria tão cheia que seria até difícil prestar atenção um no outro.
Era a noite do Baile de Natal, a família Black só convidava pessoas importantes do Ministério da Magia, outras famílias ricas, e claro, supremacistas de sangue.
Eu e Regulus estávamos prontos para descer para a festa, ele vestia um terno elegante branco e eu um vestido escolhido a dedo por Narcisa Malfoy.
Descemos as escadas e logo de cara já vimos todas as pessoas elegantes que dançavam, bebiam e conversavam entre si.
A música que tocava era uma doce sinfonia, o salão estava devidamente organizado de acordo com a ocasião, e eu reconhecia poucos rostos naquele lugar.
– Vou cumprimentar o Ministro, minha mãe insiste nisso.- Regulus riu.- Quer vir?
– Eu passo, vou pegar uma taça de vinho.- falei antes de ver Reg ir até os pais.
Andei pelo salão até onde estavam as taças de vinho branco, era o meu favorito. Fiquei parada ali por alguns minutos, observar aquele salão com aquelas pessoas era quase sufocante.
Eu via os homens conversando sobre a ascensão das trevas, suas esposas com olhares preocupados perante eles. Eu tinha sorte em saber agir perto daquelas pessoas, pessoas que seriam capazes de se curvar às trevas por culpa de seu pensamento nefasto e supremacista.
–Mary Anne.- ouvi uma voz dizer atrás de mim e me virei.- O que faz aqui?
–Pai?- vi o olhar de Rolf Greeney, o mesmo olhar que me causava medo quando eu era criança.- Pai, eu não sabia que o senhor estaria aqui.
– Recebi o convite de Walburga Black pessoalmente, não imaginei que te encontraria aqui, pensei que você ficaria em Hogwarts.- ele falava firme, sem demonstrar qualquer abertura, sempre havia sido assim.
– Sabe, pai, eu...- engoli seco, eu estava completamente despreparada para encontrá-lo ali.- Eu estou hospedada aqui com...
–Com licença, Senhor Greeney, é um prazer conhecê-lo.- vi Sirius Black estender a mão para meu pai, meu estômago deu sinal ao vê-lo naquele terno de linho e a gravata vermelha sangue.
– Você deve ser Sirius, é um prazer.- meu pai apertou sua mão.- Você é o acompanhante da minha filha?
Minhas bochechas se avermelharam, Sirius sorriu de canto para mim antes responder a pergunta do assustador Rolf Greeney.
–Sim, sou o acompanhante dela.- Sirius falou firme.- Agora, se nos der licença.
Black me puxou dali até o outro lado do salão, eu nunca tinha ficado tão aliviada em toda minha vida. Eu estava pisando em ovos com meu pai haviam meses, sem responder suas cartas e evitando ao máximo vê-lo, eu não podia encará-lo bem no meio daquele baile.
Black me arrastou por uma porta e fomos parar na adega de vinhos do Largo Grimmald, eu finalmente me encostei na parede de madeira e soltei minha respiração, eu estava muito tensa.
–Pode se esconder aqui até o final do baile, eu faço isso.-Sirius sugeriu se sentando no chão.
– Como soube que eu queria sair de lá?- perguntei fazendo o mesmo.
– Eu vi sua expressão quando viu seu pai, a mesma que um elfo doméstico desobediente faz antes de ser castigado pelo seu senhor.- Black falou sério, eu abaixei a cabeça.
– Eu tenho evitado o meu pai, ele não sabe quem eu sou de verdade, e eu tenho medo do que pode acontecer quando eu contar à ele.- falei me lembrando da história de Andrômeda Black, que havia sido deserdada por se casar com um nascido trouxa.
– Relaxa, não é tão ruim ser a ovelha negra, olha pra mim.- ele sorriu e eu levantei uma das sobrancelhas.
– Escondido na adega pra não socializar? É você está muito bem.- ri e ele cerrou os olhos.
– É, mas você também está aqui.- ele levantou se sentando do meu lado, eu engoli seco pela proximidade, já havíamos estado bem mais perto que aquilo, mas eu não conseguia evitar.- Vamos comemorar, um brinde às ovelhas negras.
Com um aceno de sua varinha Black pegou qualquer garrafa aleatória de vinho, o rótulo era comum como qualquer outro, e ele deixou que eu fizesse as honras de abri-la com um feitiço.
Bebemos do bico, afinal não perderíamos tempo procurando taças. O silêncio entre nós permitia que escutássemos as vozes e a música do baile de maneira abafada, eu queria muito que aquela festa terminasse, mas gostei daquele tempo sozinha com Sirius.
– 1916.- Sirius leu no rótulo.- Esse é dos velhos.
– Tem um gosto estranho, você não acha?- perguntei, realmente tinha.
Eu estava olhando para ele quando eu percebi o quão próximo nossos rostos estavam, suas pupilas estavam tão dilatadas que eu mal conseguia ver as manchinhas castanhas em sua íris.
– Acho que estamos sentindo gostos diferentes então.- ele riu, seu sorriso era diferente do resto dos sorrisos, tinha exatamente a mesma personalidade de Sirius.
– Deve ser um problema comigo.- eu sorri, as pupilas de Black pareciam ainda maiores.- Acho que eu não sou muito fã de vinho tinto.
Ele foi se aproximando de mim cada vez mais, eu recuei alguns milímetros mas logo desisti, eu queria aquela proximidade, mesmo que talvez eu estivesse um pouco assustada.
–Você não combina com vinho tinto, eu combino.- ele falou me encarando fortemente.
–Com o que eu combino, Black?- perguntei curiosa, eu queria saber que análise Sirius faria sobre mim.
– Você é vinho branco.- eu cerrei os olhos para Sirius.- Mary Greeney é vinho branco, vodka de uva verde e hidromel.
Eu sorri de canto, realmente combinava comigo. Eu quis saber quais eram as bebidas dele, e ele já falou antes que eu pedisse.
– Eu sou vinho tinto, tequila e whiskey de fogo.- Black sorriu e eu concordei.- Como conseguimos ser opostos e tão parecidos ao mesmo tempo?
–Eu não sei.- minhas mãos estavam frias e meu coração batia como nunca, Black olhava diretamente para minha boca enquanto eu falava e isso me fez engolir seco.- O que você ta fazendo?
–Eu...-ele alternou entre olhar para os meus olhos e para a minha boca.- Eu acho que vou te beijar.
Eu prendi a respiração imediatamente, eu queria muito aquilo, eu precisava que Sirius me beijasse. Eu não sabia se era o vinho falando mais alto, mas eu precisava tanto que Black me beijasse que eu nem me importaria se fizéssemos isso no meio daquele baile idiota.
Ele afastou meu cabelo e colocou cuidadosamente a mão na minha nuca enquanto passava o polegar pela minha bochecha.
– Você quer me beijar?- Black perguntou quase que sussurrando.
– O quanto você vai se gabar se eu disser que sim?- sorri assim como ele.
– Muito.- ele respondeu prestes a colar nossos lábios.
– Vocês só podem estar brincando.- ouvimos a voz de Regulus e nos levantamos no mesmo segundo, ele fechou a porta atrás dele antes de continuar.- Vocês não se odiavam?
Eu e Sirius nos olhamos antes de responder, mas não dissemos nada, não fazíamos ideia do que dizer. Antes de começarmos a nos explicar para Reg eu vi que o mesmo estava vermelho, mas não de raiva, estava tentando segurar o riso.
–Eu não acredito nisso.- ele começou a gargalhar.- Então aquele ódio todo era vontade se pegar?
–A gente não se beijou, Reg.- Sirius falou sem acreditar que ele estava rindo, eu também não estava acreditando.
–Mas iam.- ele pontuou.
– Reg você pode não dizer sobre isso para ninguém?- pedi.- Por favor.
– Seria muito legal desmascarar vocês dois pombinhos, mas não.- eu e Sirius suspiramos, mas que soubéssemos que Regulus não contaria, tínhamos uma reputação a zelar.- O segredinho de vocês está seguro comigo.
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Only One - Sirius Black
FanficEM REVISÃO Tudo que Mary Greeney sentia ao olhar nos olhos de Sirius Black era o mais puro ódio, mas é claro que não era apenas isso. "Posso fugir de você, te ignorar, afirmar um milhão de vezes eu te odeio, mas nada vai mudar o fato de eu ter me a...