Nada

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Nada.

Eu e Sirius não havíamos feito nada na noite da festa, e sinceramente eu não sabia se estava aliviada ou decepcionada. Lene sim estava decepcionada, mas acho que Lily e Dorcas já imaginavam aquilo.

Talvez eu estivesse bêbada demais, Sirius era um babaca mas não desse tipo. Ou talvez ele tenha se dado por vencido quando eu me mostrei interessada.

Eu não sabia o que pensar, eu estava confusa demais. Afinal, porque Black me escolheria dentre todas as garotas de Hogwarts?

Pensar naquilo estava me sufocando, eu precisei sair do meu dormitório para respirar, relaxar.

Eu andei carregando meu livro de História da Magia e um copo de suco de maçã, desci pela grama verde úmida, e me sentei em um dos bancos à beira do lago negro.

A neblina cobria o lago e quase não tinha sol nenhum, Estava frio, mas já dava pra perceber a primavera chegando.

Naquele dia não havia ninguém do lado de fora da escola, afinal em poucas horas assistiríamos o jogo de Quadribol da Corvinal e Sonserina.

Eu avistei Lene e Lily correndo na minha direção. Eu só queria um tempo sozinha, pensar demais sobre Sirius estava me deixando maluca, mas eu sabia que pela cara delas que algo estava acontecendo.

–Certo, o que aconteceu?- eu perguntei cruzando os braços.

–O que? Nada, não é, Lily?- Lene falou, eu soube na hora que estavam escondendo algo, ninguém chega com cara de notícia e disfarça no último minuto.

– Só viemos te chamar, estamos na Comunal da Corvinal nos preparando pros jogos.-Lily sorriu forçado.

Eu acompanhei as garotas pelos corredores, mas é claro que eu não iria para a Corvinal, afinal o jogo seria contra a minha casa. Então quando chegamos ao salão principal eu tentei tomar um rumo diferente antes de ser impedida.

– Você vem com a gente para a Corvinal.- Lene falou firme.

–Ta brincando? Eu preciso colocar meu uniforme, eu sou sempre a número um na torcida.- forcei um sorriso ignorando que só tinha Sirius Black na minha mente e nem um pingo de quadribol.

–Mary, vem com a gente, por favor.- Lily pediu, eu não estava entendendo o que aquelas duas queriam.

–Greeney!- ouvi uma voz familiar gritar atrás de mim, era Yolanda Parkinson.

Eu mal conversa com Yolanda, ela era dois anos mais velha que eu e melhor amiga de Vinnie Goyle, eu apenas a olhei confusa.

– Sua vaca burra!- ela veio até mim antes de ser segurada por alguns garotos do time.-Controle seu namorado grifano, sua puta.

– É melhor você calar a boca, Parkinson, todos sabemos que a única puta aqui é você.- falei ríspida, mesmo sem saber o motivo de eu estava sendo xingada.

– Levem ela daqui, já está me dando nos nervos.- Emma veio por trás dos meninos na minha direção enquanto eles levavam Parkinson embora de lá.- O que aconteceu, Mary?

–Como assim? Eu que devo perguntar isso.- cruzei os braços, eu vi as expressões de Lene e Lily, elas com certeza sabiam exatamente o que estava acontecendo.

–O Goyle está na enfermaria com um braço quebrado e um olho roxo!- Emma estava muito brava, obviamente, era dia de jogo e ela havia perdido seu melhor batedor.

–Não fui eu que bati nele, Emma, que merda ta acontecendo?- eu falei firme, que porra eu tinha a ver com aquilo?

– Foi o Black, e ele falou que se o Vinnie encostasse em você novamente ele não quebraria o outro braço, quebraria o pescoço dele.- Emma cruzou os braços.- O que o Vinnie fez de tão grave pra você?

Então eu me lembrei, Goyle tentou me levar a força para aquele lugar cheio de hormônios e sexo durante a festa da Grifinória, por sorte Sirius havia me defendido.

– Temos um jogador reserva?- perguntei e Emma assentiu estranhando que aquela era a minha preocupação.- Ótimo.

Dei as costas para as três garotas, Lily e Lene nem tentaram me impedir pois sabiam para onde eu estava indo, e eu sabia exatamente onde eu encontraria Black.

Atravessei Hogwarts até encontrar Sirius com alguns corvinos na Torre de Astronomia, eu sabia que ele costumava fumar antes dos jogos, afinal quadribol era mais divertido para ele assim.

–Saiam daqui.- falei para os corvinos assim que entrei naquele lugar.

–O que eu ganho com isso, Sonserina?- um deles chegou perto de mim antes de ver o olhar de Sirius escurecer.- Boa sorte no jogo, vai precisar.

Os quatro garotos saíram do lugar me deixando sozinha com Black, ele se encostou na grade da sacada como se esperasse eu ir até ele, e eu fiz o que ele esperava.

–Você quebrou o braço de um garoto por minha causa, Sirius.- falei firme.

–Não foi por sua causa.- ele desviou o olhar do meu.

–Não? Foi por que?- cruzei os braços e ele bufou.- Eu sei me defender, Black.

– Eu disse que ele estava morto, lhe disse isso na festa, assim que eu tirei você das mãos nojentas dele.- Sirius argumentou.

–Isso já estava resolvido, ele nem me olhou depois disso.- respondi apontando o dedo para Black.

–Se tivesse olhado ele estaria com os dois braços quebrados.- inacreditável, Black era inacreditável.- Você tem que entender o que caras como Goyle pensam sobre garotas como você, Greeney. Só de imaginar o que ele estava pensando quando quis te levar pra aquele lugar já faz eu me arrepender de não ter quebrado logo o pescoço dele.

– Mesmo? E o que garotos como ele pensam sobre mim, Sirius?- perguntei com raiva.

Black inverteu nossas posições, agora eu estava encostada na sacada, e ele me olhava com os olhos verdes acizentados ainda mais escuros.

– Garotos como ele te enxergam como um pedaço de carne, você não é uma garota fácil, então quando eles tem a mínima chance de te ter...-Black não terminou de falar, ele estava vermelho de ódio apenas de pensar naquilo.- Se você soubesse o que passa na cabeça dele.

– E como você sabe?- cerrei os olhos.

– Porque eu já fui como ele, Mary!- Sirius falou alto.- Mas diferente dele eu nunca faria o que ele fez com você.

Eu continuei olhando para Sirius, ele fechou os olhos por alguns segundos abaixando a cabeça, nosso rostos estavam muito próximos.

Eu havia me acostumado com aquela proximidade, mas o jeito que Sirius estava com raiva havia me deixado ainda mais atraída por ele. Ele tinha os músculos contraídos, a respiração levemente acelerada e segurava a grade em volta de mim com muita força me impedindo de sair.

– Você tem que parar de bater nas pessoas por minha causa.- falei e ele olhou nos meus olhos.

–Enquanto tentarem te machucar, eu vou continuar te defendendo.- ele falou.

– Por que?- eu perguntei sincera.

Black não respondeu, apenas continuou olhando meu rosto como se eu fosse o quadro mais bonito que ele havia visto na vida.

Eu segurei o rosto dele perto do meu e vi seus músculos relaxarem e sua respiração se controlar.

–Não aguento mais ver suas mãos machucadas.- sorri e ele também.- Não faz mais isso, tudo bem?

– Eu não vou prometer.- ele sorriu e eu revirei os olhos de brincadeira.

Only One - Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora