Eu decidi esperar, pelo menos uma vez na vida eu não seria impulsiva quando se tratava de Sirius Black.
Ele tinha contado para os amigos idiotas sobre o nosso sono acidental, e as coisas não iriam ficar daquele jeito, até porque seria questão de tempo até que mais pessoas descobrissem.
Eu sabia exatamente o que eu iria fazer, e o melhor, eu nem precisei ir atrás de Black para isso.
As três em ponto da tarde, James Potter se sentou na minha mesa da biblioteca com um meio sorriso que denunciava sua intenção, Sirius e Peter estavam na mesa de trás observando, eles queriam algo de mim
–Boa tarde, Potter.- disse sem tirar os olhos do meu livro.
–Deixa eu adivinhar, projeto de Transfiguração?- ele perguntou olhando para os livros e folhas espalhadas pela mesa, eu levantei os olhos para ele.
–O que você quer?- perguntei e ele sorriu.
– Esteja aqui as onze da noite, precisamos conversar, traga seu projeto de Transfiguração.- ele falou.
–Isso é bem depois do horário do toque de recolher.- falei fechando o livro que eu estava lendo.
–Até parece que você se importa com regras.- ele falou saindo, eu revirei os olhos.
Seja lá o que aqueles trastes queriam de mim, eu iria usar ao meu favor.
••••
Eu sai pelos corredores de Hogwarts dez minutos antes do horário combinado, como sempre não havia ninguém fora das camas no caminho entre as masmorras e a biblioteca.
Passei pela porta e vi os três sentados iluminados por uma lanterna, eu sentei de frente para eles, foi até engraçado querer fazer uma negociação com garotos de pijama.
–Trouxe o projeto?- James perguntou e eu fiz que sim com a cabeça, mas assim que Sirius tentou pega-lo eu bati na mão dele.
–Que comecem as negociações.- falei.
–Já era de esperar que uma cobra fosse querer algo em troca.- Black provocou.
–Isso se chama ambição, e vocês estão loucos se acham que eu faria alguma coisa por vocês sem me beneficiar.- cruzei os braços e vi os três revirando os olhos.
–O que você quer?-James perguntou massageando o cenho.
– Eu sei que Black contou a vocês, sobre termos dormido juntos sem querer.- vi os três se entreolharem.- Reg ouviu e me contou tudo.
–Tudo?- as bochechas de Sirius se avermelharam levemente, de raiva com certeza.
–Tudo, Black, seu traidor mentiroso.- falei.- E agora por culpa da sua língua gigante você e seus amigos vão fazer um voto perpétuo prometendo jamais contar a alguém.
Os três começaram a rir, eu continuei séria os encarando.
–Não vamos fazer um voto perpétuo, Greeney, é magia proibida.- Pettigrew foi o primeiro a falar enquanto os outros tentavam parar de rir.
–Não é só isso, eu também quero saber o motivo de vocês quererem meu projeto, interesse acadêmico que não é.- falei.
– Não vamos fazer o voto perpétuo, mas isso podemos dizer.- James falou.
– Sem voto perpétuo, sem projeto de Transfiguração.- falei pegando os papéis e fazendo menção de levantar, era assim que se negociava.
–Espera.- Black chamou e eu me sentei novamente.- E se trocarmos um segredo por outro?
–Eu duvido que vocês tenham algo que se compare a passar uma noite inteira de conchinha com Sirius Orion Black.- tentei rir mas eles estavam sérios.
–Acredite, nós temos.- James falou, eu finalmente fiquei séria também.
–Certo, temos um acordo.- estiquei a mão para acabar logo com aquilo.
James apertou minha mão, eu estava ansiosa para saber o segredo, torcendo para que fosse algo realmente bom.
Eu coloquei o projeto na mesa, Sirius pegou e o analisou em quase todas as páginas, eram 84 páginas por enquanto e com certeza teria mais.
–Tudo aqui.- Black confirmou.- Bom, o motivo de querermos seu projeto é que precisamos nos tornar animagos.
Eu sorri convencida, já imaginava algo do tipo, aqueles palhaços estavam sempre tramando algo mesmo.
–E o segredo?- pedi.
–Queremos nos tornar animagos por um amigo.- James pausou para continuar, provavelmente repensando sobre dizer ou não.- Remus precisa de suporte, ajuda e apoio, porque ele é um lobisomem.
Eu pensei em rir da piada sem graça, pensei em ficar brava por terem inventado um segredo falso, mas ninguém riu.
Era por isso que Remus não estava ali, estávamos próximos da noite de lua cheia, devia estar com dores e mal estar no dormitório.
Eu não entendi porque contaram aquilo para mim, era muito sério, e eu não contaria para ninguém mesmo que Sirius publicasse no Profeta Diário que dormimos juntos.
Eu não disse nada, apenas que estávamos quites e fiz menção de sair. Vi James e Peter entrarem em baixo de um pano que os deixou invisível, uma capa da invisibilidade, era tanta informação que eu voltei a sentar, e para minha surpresa, Sirius ficou para falar comigo.
–Eu quero saber, o que Regulus te disse que ouviu no banheiro?- ele perguntou, tentou forçar a marra de sempre mas falhou, eu vi a preocupação nos olhos dele.
–Ouviu você dizer que havia dormido comigo, só.- menti, eu me lembrei imediatamente da parte em que Reg disse que Sirius tinha "sentido uma coisa estranha", mas preferi não dizer nada.
–Ótimo...foi só isso que eu disse mesmo.- ele tentou-se disfarçar.
Eu sabia da estranheza que ele havia sentido, eu senti também. O arrepio, a sensação de estômago revirado, a queimação.
Eu detestei sentir aquilo, e olhar nos olhos de Black fazia tudo ser pior.
Eu odeio Sirius Black, afirmei na minha mente. Era isso que eu precisava fazer para por um fim naquela sensação, odiá-lo.
–Pensei que tinha contado à eles que você adorou dormir comigo.- eu ri.
–Você é melhor que isso, Mary, ou perdeu a capacidade de fazer piadinhas comigo?- ele deu a volta na mesa se aproximando de mim.
Eu estava de pé, parada de braços cruzados e olhando levemente para cima para um Sirius de pijama, calça de moletom e camiseta de banda trouxa.
–Eu sei que ficou frustrada, admite que quis me beijar.- Black falou, meu sangue ferveu de raiva, como ele poderia dizer que eu queria aquilo? Absurdo, senti minhas bochechas se avermelharem na hora.
– Você é o pior babaca que existe, Black, você pode sair por ai pegando a escola toda mas saiba que eu tenho pena dessas pessoas que caiem no seu joguinho egocêntrico e narcisista.- falei apontando o dedo, ele sorriu de canto.
–Como eu disse, frustrada.- ele se aproximou de novo.
–Canalha.- xinguei.
–Repete.- ele mandou depois de se proximar tanto do meu rosto que eu podia sentir sua respiração quente na minha bochecha.
Eu não quebrei o contato visual nem por um segundo, estava quase prendendo a respiração, eu nunca deixaria que Sirius saísse como vencedor dali.
Eu olhei seus olhos por apenas mais alguns segundos antes de sermos interrompidos.
–Boa noite, senhores.- Minerva falou enrolada em seu roupão e segurando um chá quente.
–Merda.- eu e Black balbuciamos juntos.

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Only One - Sirius Black
FanfictionEM REVISÃO Tudo que Mary Greeney sentia ao olhar nos olhos de Sirius Black era o mais puro ódio, mas é claro que não era apenas isso. "Posso fugir de você, te ignorar, afirmar um milhão de vezes eu te odeio, mas nada vai mudar o fato de eu ter me a...