" Londres, 1975
Mary Anne Greeney,
O feriado de Natal está se aproximando e junto a sua presença no baile do Ministério da Magia, eu espero um relatório completo sobre seu desempenho escolar, inclusive nas atividades e matérias extracurriculares. Lembre-se de honrar a família Greeney, não simpatize com sangue-ruins.
Rolf Greeney."Não sei porque ainda esperava ele perguntar se eu estava bem ou feliz, isso nunca acontecia nem quando eu estava doente.
Receber cartas do meu pai me deixava com o peito apertado, e tudo que eu conseguia pensar era que Rolf Greeney pensava que eu era uma pessoa completamente diferente da qual eu realmente era.
Lembrei da história que Reg havia me contado sobre sua prima Andrômeda, será que meu pai seria capaz de fazer o mesmo comigo se soubesse que sou a favor dos direitos dos nascidos trouxas? Ou que tenho amigos nascidos trouxas e estudo a cultura trouxa em Hogwarts?
Eu não sabia, e aquilo fazia minha cabeça explodir, a única coisa que poderia me acalmar era música.
Eu andei até a Sala Precisa e para minha felicidade o piano de cauda preto estava la como sempre, aquele era o único instrumento que eu sabia tocar mas que costumava me dar uma paz imensa quando eu fazia.
Eu me sentei e comecei a dedilhar as teclas sem pensar muito, até que me lembrei de uma das músicas do disco que Sirius havia me emprestado.
– Love of my life, you've hurt me.- cantarolei.- You've broken my heart, and now you leave me.
Aquela música era linda, talvez fosse um pouco triste, mas eu com certeza eu não me importava.
Continuei tocando e cantando, cada nota e cada palavra era como se um peso saísse de mim, mas eu sabia que no momento que eu parasse de cantar tudo voltaria.
– Gostou do disco então.- ouvi a voz grave de Black atrás de mim e escorreguei errando a nota no piano.- Foi mal, não quis te assustar.
– Tudo bem.- falei antes de ele se sentar ao meu lado no piano.- Talvez essa seja minha nova música favorita agora.
– É a minha banda favorita.- Black falou cruzando nossos olhares.- Queen é a maior voz de todos os tempos.
Eu sorri conforme ele falava sobre a banda, sobre o vocalista Freddy Mercury e sobre a garota a quem ele dedicou aquela música.
– Como sabe tudo isso?- perguntei, onde um bruxo acharia todas aquelas informações?
– Revistas trouxas, contam tudo sobre Queen.- Black falava como se fosse a coisa mais incrível do mundo.
Sirius parecia tão livre, tão disposto a ir contra a família supremacista em troca de sua liberdade, eu quis ser como ele.
Black era corajoso, eu me senti uma covarde. E ali com ele, conversando sobre bandas e sem nem pensar em brigar com ele, eu me senti leve.
Tudo que eu estava sustentando, as mentiras, os problemas que eu preferia ignorar, eu não aguentava mais isso, eu queria estar sempre leve.
Eu começaria parando de mentir, para todos, família, amigos, todos que eu já havia dito uma única mentira. Fiz uma lista mental, começando por Lily, e terminando com o meu pai, não seria nada facil, mas coloquei meu plano em prática assim que sai dali.
••••
– Meu Merlin! Eu sabia o tempo todo!- Lily comemorou enquanto eu tentava fazer ela ficar quieta, estávamos no Salão Principal, ela não podia gritar daquele jeito.
Eu contei tudo para ela, sobre eu ter dormido com Sirius, sobre as confusões, sobre o Espelho de Ojesed e as sentimentos que eu não sabia lidar.
– Lily, por favor, fala baixo.- eu sussurrei tentando tampar a boca dela.
– É literalmente impossível falar baixo!- Lily gritou e algums alunos da corvinal que estavam passando arregalaram os olhos.- Vocês se gostam e eu sempre soube!
Os olhos dela brilhavam, eu achei graça do quanto ela gostava de estar certa e do quanto amou aquela situação.
– Eu não faço ideia de como lidar com isso e você esta achando lindo, Lily.- cruzei os braços.
– Se aproxima dele.- ela deu de ombros.
– O que?
– É, se aproxima dele.- ela insistiu e eu levantei uma das sobrancelhas.- Se aproxima aos poucos, e quando se tornarem próximos não vai ser nada estranho falarem sobre seus sentimentos.
– Evans, você é demais de esperta.- beijei a cabeça dela e sai, eu tinha que me arrumar pro ensaio da banda, e pra começar a olhar nos olhos de Black sem parecer uma garotinha apaixonada.
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Only One - Sirius Black
FanficEM REVISÃO Tudo que Mary Greeney sentia ao olhar nos olhos de Sirius Black era o mais puro ódio, mas é claro que não era apenas isso. "Posso fugir de você, te ignorar, afirmar um milhão de vezes eu te odeio, mas nada vai mudar o fato de eu ter me a...