Todas as Casas são Bem-Vindas

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—Me de logo a merda das coordenadas, Black!- falei arrancando o papel que Minerva havia nos dado da mão dele.

Estávamos no pier do Lago Negro, a lua brilhava no céu e nós não fazíamos ideia de como iríamos mergulhar 14 metros naquele lugar sem sermos devorados pela Lula Gigante, para encontrar uma simples Taça das Casas de 1968 da Lufa Lufa que havia sido jogada no Lago por um trote dos corvinos.

—Você é tapada, Greeney? Essas coordenadas apontam para logo abaixo de nós, é só pegar e voltar.- Sirius falou como se fosse muito óbvio.

—Me desculpe se não confio na sua capacidade de ler, e como eu esperava você está errado.- falei antes de dar cinco passos para esquerda.- Agora sim apontam para logo abaixo de nós.

—Você não consegue estar errada, não é?- Black falou irritado.

—Na verdade, ser a dona da razão é muito cansativo as vezes, sabia? Não, você não entenderia, afinal você está sempre errado.- falei antes de ouvir o barulho de Sirius batendo contra a água.

Eu apenas vi as roupas dele no pier e as pequenas ondas na água, eu não podia acreditar naquilo. Ele havia me deixado falando sozinha para pegar a maldita Taça, eu só não riria se a Lula Gigante o engolisse porque eu mesma teria que buscar a Taça se fosse o caso.

Eu me aproximei da borda do pier e continuei olhando pra água, passaram-se alguns segundos e nem sinal de Sirius. Droga!

Eu tirei o meu moletom e meu suéter, e assim que pulei no Lago Negro eu senti meu pé bater em algo duro, que logo percebi que havia sido a cabeça de Black.

— Você tentou me afogar?- ele gritou assim voltou a superfície.

—O que? Eu ia te resgatar seu imbecil!- joguei água em seu rosto e subi de volta para o pier completamente encharcada e tremendo de frio.

— A fã número um dos grifanos ataca novamente.- ele sorriu convencido.

—Vai se ferrar, Black, o único motivo que eu tive pra tentar te salvar foi porque eu seria a primeira suspeita se você morresse!- respondi finalmente percebendo a Taça das Casas em sua mão.- Pelo menos você foi minimamente útil.

—Eu literalmente fiz todo o trabalho pesado.- ele se gabou enxugando o cabelo na camiseta.

Eu olhei rapidamente para o corpo molhado dele, o abdômen definido e os braços fortes quase me faziam ter vontade de vomitar, eu disse quase...

—Você só fez o trabalho pesado porque não me esperou.- cruzei os braços, como aqueles olhos verdes acizentados com manchinhas azuis me deixavam com ódio.

— Assim eu pude  ficar longe de você, infelizmente a Lula Gigante não me engoliu pra que eu não olhasse nunca mais pra essa sua cara de convencida e sabe-tudo.- ele pegou as roupas do chão ainda segurando a Taça, eu percebi seu maxilar travando ai me olhar de novo.

—Quer saber, vai sozinho entregar essa merda pra Mcgonagall, aproveita e vai se fuder também.- falei pegando minhas roupas do chão e dando as costas para ele.

—É melhor você voltar para aquele ninho de cobras que você chama de Comunal mesmo, aliás, belos peitos.- ele levantou as sobrancelhas e eu imediatamente me lembrei da blusa branca que estava usando quando pulei no Lago.

—Eu te odeio, Black!- falei andando rápido dali.- Eu também vi a porra da sua bunda marcada nessa cueca ridícula.

—Minha bunda é maior que a sua!- ele falou depois que eu já tinha me distanciado.

                                       ••••

—Me passa logo o cigarro, Severo.- pedi antes de acendê-lo com um feitiço, ele não gostava muito que eu fumasse.

—Você só relaxa quando está fumando?- Snape perguntou como se a resposta já não fosse óbvia.

—Graças a Merlin essa belezinha existe.- sorri apontando para o tabaco enrolado na minha mão.

Sentar na Torre de Astronomia com Snape era rotina, ainda mais depois de um dia estressante estudando para as NOMs, que seriam em menos de oito meses.

Antes Lily costumava ir também, mas agora ela tinha seus amigos grifanos para fazer companhia. Para falar a verdade, eu não sabia porque ela havia se afastado tanto de mim e Severo.

—Sabia que os encontraria aqui, seus viciados.- Emma entrou correndo no lugar, estava com o uniforme de quadribol e um cartaz na mão.

—Eu não sou viciado.- Snape cerrou os olhos.

—Precisam ver isso.- ela nos mostrou o cartaz dobrado ao meio.

"Festa de Volta às Aulas da Sonserina" era o que estava escrito. Era uma tradição, sempre organizada pelo sexto ano, sempre na última semana de Setembro. Eram proibidas pra o primeiro, segundo e terceiro ano, além de serem completamente clandestinas.

—Legal, soltaram os cartazes da festa, o que tem de mais?- perguntei com o cigarro na boca antes de Emma o pegar e pisar em cima.

Foi então que ela desdobrou o cartaz e eu pude ler o resto. Nada de muito interessante, apenas local e hora, até eu ler a última frase. "Todas as casas são bem-vindas".

Que merda é essa?- falei pegando o cartaz.

Era fato que grifanos e sonserinos não frequentavam as festas uns dos outros, mas ao que parecia isso estava prestes a mudar.

—Que ótimo.- Snape falou irônico.- Isso vai ser pior que tortura.

—Cala a boca, você é sempre o primeiro a ir embora das festas.- Emma finalmente se sentou.- Isso ai é uma oferta de paz, oferecida pelo sexto ano da Sonserina aos alunos da Grifinória.

—E quem concordou com isso?- perguntei irritada.

—Aparentemente todo mundo, não se fala de outra coisa nos corredores.- Emma arrancou silenciosamente os outros cigarros de perto de mim assim que fui pegar outro.

—Cacete.- foi a única coisa que eu consegui dizer, aquilo seria uma merda, não pelo fato de que os grifanos estariam presentes e sim pelo fato de que Sirius estaria lá.

Only One - Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora