Vai pro Inferno

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"                                                     Londres, 1975

Mary Anne Greeney,

Espero que esteja se esforçando tanto nos estudo como eu mandei. Ainda não me respondeu sobre quais matérias extracurriculares você irá cursar este ano, melhor não ter escolhido nada idiota. Você tem a tarefa de orgulhar a família Greeney e trazer a ela seus merecidos prestígios, não estrague isso andando por ai com mestiços, sangues ruims e traidores de sangue.
                     
                                                       Rolf Greeney."

—"Olá, filha, como você está?"- falei irônica engrossando a voz.- Ah eu estou muito bem, pai, obrigada por se preocupar.

Aquela era uma carta do meu pai, recebia uma todo mês quando estava em Hogwarts e não em casa ouvindo tudo aquilo pessoalmente.

Eu nunca recebia um "olá filha, como vai?", ou até mesmo um "se cuida", e nunca receberia. Óbvio que o chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia não teria tempo para sua filha.

A família Greeney era uma tradicional família bruxa, e como a maioria se formava sobre pilares como supremacia de sangue, glória e poder.

Eu havia sido criada apenas pelo meu pai, éramos os únicos Greeney ainda vivos, obviamente fui criada para ser a filha perfeita, mas depois que fui selecionada para Sonserina a pressão sobre mim ficou ainda maior.

Meu pai era corvino, de fato não tinha problema nenhum com os valores sonserinos, mas é claro que se decepcionou apenas por eu não ter seguido a tradição familiar de ir para Corvinal.

Quando eu recebia uma carta do meu pai, eu geralmente demorava dias pra abri-la. Eu queria ser perfeita para ele, mas porque tinha que ser tão difícil?

Eu escondia minha amizade com Lily e Severo, escondia que gostava de Estudos Trouxas, e agora tinha que enconder que não havia feito o teste para o time de quadribol e sim me inscrito para Música Trouxa. Meu pai me mataria se soubesse, ou pior.

—Deixe de lado a carta do papai Greeney agora, Mary, a gente precisa encontrar o Severo na biblioteca.- Emma pegou a carta da minha mão e me puxou para a saída.

Eu gostava muito da biblioteca de Hogwarts, mas estudar na Comunal da Sonserina com toda aquela vista para o fundo do Lago Negro era incrível. Infelizmente a opção de estudar na Comunal foi descartada pelo agito e preparativos para a festa de volta às aulas até a outra semana.

Normalmente eu estaria pulando de ansiedade junto com o resto da escola, mas era óbvio que eu estava com alguns pés atrás pelo fato da Grifinória ter sido convidada.

Estava tentando me conformar que não importava o que eu fizesse, Sirius ainda estaria la. Talvez Lily até tivesse razão e eu devesse parar com o meu problema com Black e seu grupinho, mas era impossível, até o jeito que Sirius andava e o fato de como todos eles se achavam a última bolacha do pacote me irritava.

A rivalidade entre as casas sempre havia existido em jogos e competições, mas isso não as impedia de serem amigas, não como impedia a Sonserina e a Grifinória. Por isso não era ruim a ideia de uma oferta de paz, mas eu poderia garantir que não haveria nenhuma oferta de paz da minha parte com Sirius Black.

Caminhei até a biblioteca com Emma Vanity tentando esquecer os pensamentos sobre festas, grifanos e se eu realmente os odiava.

A biblioteca estava cheia naquela tarde, tive que olhar demoradamente para todos os alunos antes de encontrar Severo sozinho em uma mesa de quatro lugares.

Emma foi andando na frente em direção à ele até que eu a puxasse volta, e o motivo era simples, Lily estava finalmente indo falar com ele.

Eu havia esperado por aquilo, meus melhores amigos se resolveriam e nós seríamos inseparáveis novamente.

Puxei Emma para trás da prateleira mas próxima da mesa em que Snape e Lily estavam. Ele olhava desconfortavelmente para ela, e eu pude sentir a tensão mesmo que estivesse a uns dois metros dali.

—Sev, podemos conversar?- Lily perguntou e Snape assentiu sem jeito, talvez não estivesse esperando por aquilo.- Bom, é que eu...

—Lily, temos que ir.- Marlene Mckinnon apareceu puxando a garota ruiva.

—O que? Marlene, ir para onde?- Evans perguntou confusa.

—Me ajudar.- ela continuou puxando Lily como se Snape não estivesse ali olhando.- Você prometeu, Evans.

—Eu estou meio ocupada agora...-ela respondeu como se tivesse acabado de se lembrar da promessa.- Podemos fazer isso mais tarde, não?

—Não.- Mckinnon cruzou os braços.- Snape, não tenho nada contra você, pode me emprestar a Lily?

Snape assentiu voltando seu olhar para o livro de poções, aquele livro tinha tantas anotações que as vezes era impossível de entender.

—Viu? O Ranhoso disse sim, agora vamos.- Marlene puxou Evans que cerrou os olhos para ela com a cara fechada.- Desculpe, eu estava com os meninos até agora, é costume.

—Nos falamos mais tarde, Sev.- foi a última coisa que Lily disse antes de sair dali repreendendo Marlene por tê-lo chamado de Ranhoso.

Eu e Emma corremos para a mesa de Severo, ela não gostava de Marlene, e foi a primeira e única a reclamar sobre como ela havia os interrompido sem o mínimo de educação, mesmo que eu achasse que não havia sido culpa dela. Chamar Severo de Ranhoso, isso sim me deixou brava, não a interrupção.

—Ranhoso, ranhosinho, como vão os estudos?- James chegou afagando as costas de Severo e o mesmo revirou os olhos.

—Você deveria estudar um pouco também, Potter.- respondi antes que ele fechasse o livro de Snape apenas por provocação.

—Opa, Ranhoso.- Sirius apareceu acompanhado de Peter.- Eai, Greeney.

—Cara, você deveria pentear o cabelo as vezes.- Pettigrew falou olhando bem perto do rosto de Snape.

—Já ouviu falar em shampoo?- Black perguntou rindo com James.

—Cala a boca, Black.- Falei o olhando nos olhos verdes acizentados.

Eu e Emma estávamos de uma lado da mesa, ela permaneceu quieta apenas observando, é claro. Snape estava na frente dela, Jame atrás do mesmo massageando brutalmente suas costas, Peter na minha frente e Sirius logo atrás dele. Pelo menos estava atrás de Pettigrew até que eu me dirigisse à ele.

Black caminhou lentamente até mim sem desviar o olhos dos meus nem por um segundo, se aproximou tanto que eu pude ver os minúsculos pontos azuis em sua íris.

—Você é ainda mais idiota de perto.- ele falou baixo enquanto o resto da mesa nos observava atentamente.

Eu respirei fundo antes de bater em Black, o tapa fez um estralo maravilhoso, até ele se virar para mim com um sorriso de canto.

—Greeney, infelizmente vou ter que...- Remus  apareceu mas eu o interrompi.

—Contar ao Professor Slughorn, claro, senhor monitor.- completei sem quebrar o contato visual com Black em nenhum momento, ele me deixava com tanto ódio que era impossível me preocupar com qualquer outra coisa.- Vai pro inferno, babaca.- me dirigi à Sirius.

— Já estou no inferno quando fico perto de você, otária.- ele cerrou os olhos ainda sorrindo de canto, convencido.

Only One - Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora