Only One - Sirius Black

Amigos

–Ansiosos para hoje à noite?- Marlene perguntou entusiasmada.

Eu havia esquecido completamente, o dia do acampamento de Hogwarts havia chegado e eu não estava nem um pouco animada.

Estávamos no ensaio da banda o qual eu havia dito à Severo, Emma e Regulos que seria uma tarde de estudos com Lily em seu dormitório. Mentir para eles me deixava tensa, mas não tão tensa do que estar a um metro de Sirius depois do que havia acontecido mais cedo.

Eu era o desejo mais profundo de Sirius Black, por que ele também tinha que ser o meu?

–Mary!- finalmente percebi que James estava a uns minutos me chamando.- Você não parece bem.

– Suas bochechas estão vermelhas.- Alice veio até mim com um copo de água, eu deveria estar pegando fogo.

– Te levamos para tomar um ar, vamos.- Lily e Marlene vieram até mim me levando para fora da Sala Precisa.

Senti o olhar de Sirius me fuzilar o tempo todo enquanto eu saia, e assim que sai, eu me sentei no chão gelado e joguei a cabeça para trás.

–Que merda.- falei.

– O que aconteceu? Sabe que pode nos contar.- Lily falou doce.

– E não adianta dizer que não é nada, eu nunca te vi assim antes.-Marlene cruzou os braços.

–Tudo bem ai?- Remus apareceu com James.

Lily e Marlene não insistiram mais, apenas me deixaram sozinha com os garotos que esticaram as mãos para me levantar.

– O que tem de errado?- James falou.- Somos seus amigos agora, pode nos contar.

James e Remus pareceram sinceros, e realmente estavam sendo sinceros. Eu não fazia ideia de como eu tinha ido de "odeio grifanos" à "amiga dos grifanos" em questão de semanas, talvez fosse porque haviam parado de implicar com os sonserinos, principalmente com Snape, mesmo que eu soubesse que eles ainda não se gostavam nem um pouco.

Eu tinha acabado de conseguir aqueles amigos, e eu não queria que eles pensassem que eu não confiava neles, então eu tive que mentir.

–Estou nervosa com as NOMs.- falei, minha sorte era que eu mentia bem.

–Ás vezes fazemos grupos de estudo, você pode participar.- Remus ofereceu sendo gentil.

– E você é uma das melhores da turma, com certeza vai passar.- James estava sendo gentil também.

Eu agradeci à eles, estavam sendo tão legais comigo, eu não estava nem um pouco acostumada com aquilo vindo deles.

Em questão de semanas eu entrei em uma banda, me afastei dos sonserinos, me tornei amiga dos grifanos e descobri que sou o desejo mais profundo de Sirius Black. Eu suspirei antes de entrar na Sala Precisa novamente.

Durante aquele ensaio tocamos três músicas e fomos aplaudidos por nossos amigos, mas em momento nenhum eu ousei olhar para Sirius, mesmo que sentisse ele me olhando às vezes.

Meu estômago gelava frequentemente, o nervosismo misturado com a adrenalina de estar ali fazendo algo que eu sempre quis se misturou com a confusão e o nó na garganta que Black me causava só de pensar nele.

E no final, quando todos haviam ido e só sobrou eu e Black organizando os instrumentos, eu quase não tive coragem de dizer nada. Mas eu tinha que dizer, então eu peguei todo ar que consegui, eu não podia ser uma covarde.

– Hoje mais cedo, antes de...- fiz uma pausa fazendo com que ele ficasse vermelho.- Enfim, você disse que precisávamos conversar, algo sobre a banda.

Ele apenas foi em direção à uma bolsa no sofá da sala e tirou de lá uma roda com várias listrinhas em relevo, eu reconheci na hora, era um disco de vinil.

– Provavelmente você não sabe o que é isso, mas...- ele começou.

–Um disco de vinil!- falei sorrindo e o interrompendo.- Lily tem vários desse, eu não posso ter, se meu pai me pega com um eu seria deserdada.

Ele pareceu surpreso com a quantidade de palavras que eu disse em pouco tempo, sempre acontecia quando eu ficava empolgada.

–Se não tem nenhum como conhece tantas músicas trouxas?- Sirius o guardou na capa antes de me entregar.

– Eu dou o meu jeito.- falei e ele levantou as sobrancelhas.

Foi um momento de descontração, por um segundo eu esqueci das borboletas no estômago e da queimação e não me senti nem um pouco mal em conversar aqueles minutinhos com Sirius.

Ele pegou a bolsa e me olhou nos olhos antes de sair, eu fiquei parada no lugar, nunca tinha me sentido daquela forma, nunca tinha ficado sem jeito perto de ninguém.

– Escute o disco, vamos tocar algumas músicas dessa banda.- ele saiu fechando a porta grande de madeira.

Eu finalmente parei para olhar a capa do vinil. "Queen - A Night at The Opera", parecia interessante.