Tempestade

1.2K 129 10
                                    

A tempestade do lado de fora da casa dos Potter aumentava a cada segundo, e enquanto eu e James jogávamos xadrez bruxo, Euphemia lia o Profeta Diário ao lado de Fleamont.

Já faziam duas semanas que eu estava com os Potter, Euphemia havia me recebido como uma verdadeira mãe, Fleamont fazia de tudo para que eu me sentisse em casa, e James, que já era meu amigo, havia se tornado meu irmão.

– Xeque-mate, Pontas.- sorri convencida vendo James revirar os olhos, era a quinta vez que ele perdia.

– Já pensaram em sair dessa mesa e fazer algo além de jogar xadrez?- Euphemia perguntou.

Eu e James apenas olhamos para janela e para a chuva e os raios que a mesma nos permitia ver, Fleamont e a esposa se entreolharam.

– Eles estão entediados, Euphemia.- o homem grisalho falou.

– Estamos.- James concordou.

– Querem saber as notícias?- Euphemia levantou o jornal, ela já sabia qual seria a resposta.

–Não!- respondemos em coro, estávamos tentando evitar notícias ruins, o dia ficaria ainda menos favorável.

James começou organizar nossa próxima partida de xadrez bruxo quando ouvimos a campainha tocar. Nós quatro nos entreolhamos, ninguém em sã consciência sairia naquela tempestade.

Fleamont tirou a varinha da manga enquanto Euphemia e James ficaram em alerta. Eu peguei a minha varinha indo olhar pelo olho mágico.

Eu não acreditei quando vi a figura borrada pela chuva, não pensei duas vezes antes de abrir a porta para ter certeza de quem eu estava vendo.

– Sirius...- eu falei assim que ele me viu.

Black me olhou como se estivesse vendo algo inacreditável, eu não soube distinguir se ele estava feliz ou triste em me ver.

Ele soltou a pouca bagagem que tinha e me deu o abraço mais sincero que eu havia recebido na vida encharcando toda minha roupa, fiquei estática por alguns segundos antes de retribuir e perceber que os olhos dele não estavam apenas molhados de chuva.

Meu coração bateu tão forte que eu pensei que fosse explodir, fazia muito tempo que nós não ficávamos próximos daquela forma.

A última vez que eu vi Sirius foi no ônibus para Londres, ele ao menos me olhou nos olhos antes de ir embora, aliás, ao menos tinha me olhado durante o mês todo em Hogwarts. Ele havia partido meu coração, e eu odiava isso, mesmo que eu não conseguisse odiá-lo.

– Almofadinhas?- James veio e o abraçou também.- O que faz aqui?

– Eu posso ficar?- ele perguntou com a voz fraca.

– Claro, sempre temos espaço para mais um.- Euphemia respondeu abraçando o marido de lado.

••••

– Pode ficar com esse quarto, é ao lado do meu e do quarto da Mary.- James sorriu ao abrir a porta, eu e Sirius nos entreolhamos.

Potter acendeu as luzes mostrando um cômodo quase idêntico aos outros da casa, era uma casa muito grande e com muitos quartos, assim como a Nobre Casa dos Black, e assim como a minha, Stardust Hall.

– Tem roupas secas?- James perguntou e o amigo assentiu.- Certo, eu vou buscar cobertores.

– Também preciso de roupas secas.- falei prestes a sair dali, afinal Black havia encharcado as minhas.

– Espera.- ele pediu.

Eu pensar em dizer não, ou apenas ignorar aquele pedido, mas eu não consegui.

Caminhei lentamente até a cama em que ele estava sentado e me sentei também. De cabeça baixa, eu respirei fundo para que ele não notasse minhas emoções.

Eu só olhei em seus olhos quando eu senti seu olhar queimar em minha pele, os mesmos olhos verdes acizentados pelos quais eu havia me apaixonado.

– Quer falar alguma coisa?- perguntei firme sem deixar qualquer sentimento escapar.- Talvez queira me contar o porquê de você ter vindo para ca essa hora e nessa chuva.

Eu lembrei de tudo que eu havia dito para Sirius quando ele perguntou o que eu sentia, e infelizmente, lembrei de como ele não conseguiu dizer o mesmo.

– Não quero falar sobre isso.- vi seus olhos encherem de lágrimas e eu engoli seco.- Ninguém nunca tinha falado sobre mim como você fez naquele dia.

– Eu nunca tinha falado de ninguém daquela forma, você foi o primeiro.- permaneci firme, e após alguns segundos de silêncio eu continuei.- E você não foi capaz de dizer o que sentia, pelo menos não o que sentia de verdade. Mas já passou.

– Me desculpa.- ele pediu, eu senti meu coração doer novamente como naquele dia.

– Já passou.- falei, dessa vez com um pouco mais de empatia.- Talvez um dia você consiga dizer.

Only One - Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora