As Regras do Amor Vol. 1

04_ Voa rabanete.

Minha maior vontade foi jogar as duas escada abaixo, mas elas cairiam na piscina, então não seria um grande castigo pelo que tinham feito.

ㅡ Acho melhor vocês me devolverem esse celular e saírem daqui antes que eu afunde a cara de vocês na faca. ㅡ Priscila devolveu o meu celular e as duas saíram correndo de perto de mim.

Priscila realmente havia postado as fotos no meu Instagram. A primeira era a que ele me abraçava tão forte que tirou os meus pés do chão. Eu estava sorrindo ( rindo, na verdade ) com os olhos fechados e ele estava beijando a minha bochecha.

As outras foram dele empinando a bunda e fazendo pose e a última foi uma do próprio Maicão fazendo sinal positivo e sorrindo.

Eu estava pronta para apagar, mas abri o meu feed e, por incrível que pareça, aquela foto combinou super com o meu feed. Então, resolvi apenas trocar a legenda que era totalmente desnecessária.

Contudo, os comentários começaram a surgir me impedindo de realizar tal ação.

@pedro.antuness - Esse é meu cunhado? Dá pro gasto, dá pro gasto.

@paulo_a12 - Que história é essa de cunhado? Quem é esse, Pérola?

@pri29.rocha - Se não é o casal mais lindo, eu desconheço qual é!

@dafinepiress - Quando vai ser o casamento? Quero ser madrinha!

@bieldutra00 - Ta, mas por que ninguém ta falando do Maicão que invadiu o feed da Pérola para conseguir seguidores?

@maicao.5 - Voa mlk.

Além desses também tinham comentários de outras seguidores sobre o Saulo, sobre estarmos namorando, sobre quererem estar no meu lugar e eu já tinha visto uns seis escrito: jealousy, jealousy.

ㅡ Pérola? ㅡ Olhei na direção do bar onde um dos garotos me chamava. Todo mundo já estava reunido lá e pareciam estar comendo. ㅡ Vem comer!

Olhei para a foto mais uma vez vendo o número de curtidas e comentários apenas crescerem e segurei a foto para marcar o Saulo. Marquei-o na foto, balancei a cabeça com um sorriso e guardei o celular no bolsos.

ㅡ Calma aí, vocês estão comendo tudo! ㅡ Corri até o pessoal. O cheiro de churrasco já era bem forte, assim como o calor. Não via a hora de entrar naquela piscina.

[...]

ㅡ E nessa loucura de dizer que não te quero
Vou negando as aparências
Disfarçando as evidências... ㅡ A cantoria continuava enquanto alguns já haviam acabado de comer e outros já estavam no segundo prato.

Maicão já estava no terceiro.

ㅡ Então você não conseguiu passar? Mas você era a mais nerd da turma! ㅡ Priscila perguntou surpresa enquanto balançava um copo com coca cola na mão como se segurasse um café quente.

ㅡ Por que você faz isso? ㅡ Interrompi a conversa das duas intrigada com o modo que ela balançava o copo. Só faltava assoprar.

ㅡ O que? ㅡ Apontei para o copo. ㅡ Ah! ㅡ Ela riu. ㅡ É costume. Meus irmãos não podem tomar refrigerante por causa da minha madrasta, então sempre que eu tomo eu preciso fingir ser café lá em casa. Eu acabei acostumando. ㅡ Ela deu com os ombros.

Priscila morava com o pai, a madrasta e seus dois irmãos mais novos que tinham uns sete anos e eram gêmeos. Os dois eram filhos da madrasta dela, na qual ela não se dava tão bem. A mãe dela faleceu quando ela tinha dez anos. Essa madrasta restringe quase tudo dos filhos quando se trata de alimentos. Refrigerante? Não. Miojo? Não. Salgadinhos ou biscoitos recheados? Menos. Não sei como essas crianças viviam, mas ela só os permitia comer coisas saudáveis.