21_ O beijo.

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ㅡ Tipo... Beija, beija mesmo? ㅡ Saulo me olhou como se eu estivesse chamando ele para matar uma pessoa e jogar o corpo na vala.

ㅡ Por que ta fazendo essa cara? Eu sou um monstro tão asqueroso que seria horrível assim me beijar? ㅡ Fiz uma careta. ㅡ Eu sei que minha vida amorosa é mais morta que o Michael Jackson, mas acho que eu não beijo tão mal assim.

ㅡ Não, não é isso. ㅡ Ele coçou a cabeça daquele jeito nervoso dele.

ㅡ Então, o que foi? Não quer me beijar? Vai ser só por... Atuação. ㅡ Tentei explicar e ele olhou para mim parecendo tenso.

ㅡ Perola... ㅡ Saulo olhou para mim atentamente. ㅡ Você vai se sentir bem com isso mesmo?

ㅡ Saulo... ㅡ Abaixei meus ombros em desânimo. ㅡ Sei que essa coisa de mentir e fingir não é com você, você realmente não precisa fazer isso. Mas eu não vou aguentar minhas tias me enchendo o saco todos os dias. Isso porque elas nem começaram a me mostrar as fotos dos primos dos sobrinhos dos netos dos amigos das vizinhas delas. ㅡ Resmunguei imaginando a cena. ㅡ Se eu não arrumar um namorado essa semana, elas vão arrumar para mim! E vai ser um moleque árabe que trabalha em pescaria.

ㅡ Eu sei que isso vai ser ruim, mas é que... ㅡ Ele olhou para mim, tipo, no fundo dos meus olhos, como se quisesse, sei lá, ler os meus pensamentos. ㅡ Ta bom, eu faço isso por você. 

Abri um sorriso empolgado no mesmo instante. 

ㅡ Ai, obrigada! ㅡ Pulei nele num abraço apertado. ㅡ Juro que faço algo para te recompensar, e é só por uma semana, depois dizemos a verdade. ㅡ Sorri para ele ainda abraçada ao mesmo, o que significa que nossos rostos estavam frente a frente. ㅡ Quer treinar agora?

ㅡ Que? ㅡ Saulo arregalou os olhos como um peixe de novo, eu quis rir, mas achava aquele jeito dele fofo.

ㅡ O beijo, Saulo. Ou acha que vai sair mais natural se fizermos na hora? ㅡ Continuei com meus braços rodeando seu pescoço. ㅡ Hoje não precisaremos, creio eu, o Paulo não vai desgrudar da gente, mas quando vermos os nossos amigos... é certo. 

Continuei encarando Saulo enquanto ele olhava para um ponto fixo na parede com aquele pensativo. Um de seus pés batucava no chão e eu me perguntava se o que estava fazendo era certo. E se ele gostasse de mim mesmo? Eu estaria sendo muito insensível nesse momento. Se ele realmente gostasse de mim, talvez se sentisse desconfortável, mas também não quisesse desistir porque não iria querer ver outro em seu lugar. 

Nossa, Perola? Jura? E você deduziu tudo isso sozinha? Que garota inteligente, meu Deus! Menina prodígio! 

Revirei meus olhos para meu próprio pensamento, já que minha própria mente gostava de me insultar e suspirei. Iria desistir daquela ideia.

ㅡ Saulo, acho melhor a gente nã... ㅡ Fui interrompida por algo que eu nunca imaginaria. Saulo virou-se para mim de forma rápida, puxou a minha nuca e uniu nossos lábios num beijo que eu não esperava. 

Seus lábios tão macios tocaram os meus de maneira repentina, o que me fez arregalar os olhos e me assustar, mas foi só eu sentir o gosto daquele beijo que meu corpo se derreteu e eu me rendi completamente àquele beijo. 

A mão firme de Saulo puxava a minha nuca para ele enquanto as minhas foram direto para os ombros dele. Rodeei meus braços por ele e aproximei mais o meu corpo do seu. Saulo tocou sua mão em minha cintura e, por um momento, me esqueci completamente o que estava fazendo. Aquilo não era por atuação, eu podia garantir. 

Os nossos lábios se encaixaram de um jeito que eu não sei explicar. Borboletas começaram a dançar no meu estômago e meu coração acelerou. Senti Saulo puxar minha cintura e um pequeno arrepio percorreu minha espinha. 

Estava completamente derretida quando ouvi duas batidas na porta. Ambos nos separamos e olhamos a tempo de ver Paulo abrindo.

Arregalei meus olhos e percebi que ele não estava olhando para nós. Sua mão estava na maçanete e um de seus pés já estava dentro do meu quarto, mas ele estava olhando para trás.

ㅡ Mas, Paulo... ㅡ Ouvi a voz da Thalia e me levantei da cama. Puxei Saulo enquanto ele tinha uma cara de espanto que me fez querer rir. Tampei minha boca com minhas mãos tentando segurar a risada e apontei para o meu banheiro. 

ㅡ Eu só quero ver se ela ta bem. ㅡ Ouvi Paulo dizer e Saulo correu na direção do banheiro. 

Eu estava quase me mijando de rir por causa das caras e bocas que Saulo havia feito, mas segurei rapidamente e me virei para Paulo. 

ㅡ Oi, maninho. ㅡ Abri um sorriso para ele. Logo atrás do mesmo estava Thalia com uma careta de quem havia tentado segurar ele, mas não conseguiu. ㅡ O que foi?

ㅡ Você sumiu de lá debaixo. Vim ver se você estava bem. ㅡ Paulo me analisou.

ㅡ Eu disse que ela só estava se escondendo das suas tias. ㅡ Thalia disse.

ㅡ Isso. ㅡ Concordei. ㅡ Se eu quiser sofrer bullying por estar encalhada ou por ser magra, eu volto pra escola. ㅡ Me sentei em minha cama. ㅡ Não precisa se preocupar comigo não, eu to bem. ㅡ Dei com os ombros e forcei um sorriso. ㅡ Fica lá embaixo fazendo companhia pra sua namorada.

ㅡ Você não vai descer? O pai já está servindo as carnes. 

ㅡ Eu vou, só vou no banheiro antes. ㅡ Assenti. ㅡ Desce lá e cuida pra Jurema não comer tudo. ㅡ Paulo riu.

ㅡTa. ㅡ Ele voltou na direção da porta. ㅡ Mas não demora. 

Paulo saiu do quarto e Thalia me olhou com um sorriso. Eu fiz que sim com a cabeça e um sinal positivo com a mão, Thalia comemorou e correu atrás de Paulo. Ri da mesma e me joguei para trás na cama. 

Deixei minha risada presa escapar e vi Saulo aparecer na porta do banheiro com um olhar aliviado. 

ㅡ Respira, Saulo. ㅡ Ri o observando e ele sorriu balançando a cabeça negativamente. ㅡ Eu vou lá embaixo para não suspeitarem e já venho te chamar. ㅡ Ele assentiu e veio na direção da minha cama. Eu fui para a porta e a encostei atrás de mim, porém, antes de seguir o corredor, voltei até a porta e abri um pouco. 

Olhei para Saulo que estava sentado na minha cama com um olhar sério e pensativo, contudo, segundos depois ele abriu um sorriso, esfregou as mãos no rosto envergonhado e se jogou para trás na minha cama.

Seu sorriso tão fofo me fez sorrir também. Fechei a porta novamente e me encostei nela com um sorriso besta nos lábios. Eu não faço ideia do que aconteceu comigo... mas eu ouso dizer que aquele foi o melhor beijo da minha vida. 

ㅡ Saulo, Saulo... ㅡ Sussurrei com um sorriso e segui o corredor.

•••
Continua...

As Regras do Amor Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora