45_ Você vai matar ela?

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ㅡ Espera... Você disse sim? ㅡ Tive medo de, por um momento, ter entrado num universo paralelo.

ㅡ É, ta surda? ㅡ Não, era o meu universo mesmo.

Olhei para Pedro que estava nitidamente segurando uma risada e para meu pai que sorria satisfeito assoprando o café em sua caneca.

ㅡ Arg... ㅡ Bufei. ㅡ Ok, daqui a pouco a gente vai. ㅡ Peguei uma torrada e fui em direção a sala. O sol da manhã iluminava um pouco o sofá, então sentei no mesmo. Estava uma manhã um pouco fria e tudo que eu queria era aquele solzinho. Liguei a televisão deixando no Bom dia Brasil, jornal que eu costumava assistir quando estava tendo aulas da faculdade, na verdade eu assistia Bom dia Rio, mas era mais cedo e já tinha acabado, e peguei o celular.

Dafine- Quem topa dizer pra polícia que o pai da Perola contribui pro tráfico de drogas pra ele ir preso e parar de encher a merda do saco?

Dafine perguntava no grupo do whatsapp que tínhamos.

Priscila- A polícia ia devolver ele em uma semana.

Maicão- No mesmo dia.

Perola- Ai, gente, eu ia amar.

Dafine- E aí, Pérola, como é que ta a vida aí? O que seu pai reservou para estragar o seu dia hoje?

Perola- Vou fazer compras com a Jurema.

Dafine- Comprar armas, né?

Perola- Não, roupas mesmo. Fazer compras como se fôssemos melhores amigas.

Priscila- Ta repreendido no nome de Duny, Alex e Honey.

Maicão- Força, guerreira.

Gabriel- Força não, se não a Perola mata ela.

Dafine- Que assim seja! Perola, muita força, força, força!

Ri das mensagens e Paulo se sentou no sofá ao meu lado. Deixei o celular de lado e apoiei minha cabeça no ombro dele.

ㅡ Vocês vão seguir mesmo com isso? ㅡ Ele perguntou me fazendo suspirar.

ㅡ Sim, se der errado a gente coloca a culpa no Pedro. ㅡ Ouvi uma risada fraca dele.

ㅡ Você gosta mesmo desse Saulo, né? ㅡ Paulo perguntou encarando a televisão.

ㅡ Sim. Mesmo. ㅡ Afirmei. Um sorriso bobo apareceu nos meus lábios. ㅡ Sei que não vai muito com a cara dele, mas ele me ama de verdade. Sempre demonstrou isso, mas só agora eu percebi.

ㅡ Não é que eu não vá com a cara dele, é só que... ㅡ Paulo pareceu perder o jeito com as palavras, o que não era muito comum para ele. Voltei a minha postura normal e o olhei. ㅡ Eu sou homem e eu tenho muitos amigos homens. Eu sei o que falam e o que pensam da maioria das garotas. Logo cedo na escola eu percebia o modo como eles tratavam e falavam delas como objetos ou " coisas " insignificantes. Eu olhava pra você e ficava com raiva só de imaginar algum idiota como eles fazendo ou falando de você daquela forma. Por isso sou tão protetor e preocupado. Eu não conhecia e nem conheço o Saulo direito, não sabia de suas verdadeiras intenções. Mas... Confio em você. Se está disposta a fazer tudo isso apenas para continuar com ele, acredito que seja um cara que realmente vale a pena.

ㅡ Você é mais pai pra mim do que aquele treco sentado na mesa da cozinha. ㅡ Pedro sorriu para mim e direcionou sua mão para de trás da minha cabeça. Ele me puxou levemente e me deu um beijo na testa.

ㅡ Conte comigo para o que precisar.

ㅡ Já que falou isso... ㅡ Abri meu sorriso pidão. ㅡ O Patrick vem aqui hoje para conversarmos sobre o plano, mas o Pedro ia ficar com a gente o tempo todo, só para deixar o Saulo mais tranquilo de que o Patrick não vai fazer nada, apesar de que acho difícil ele fazer algo comigo. Ele faltou se ajoelhar pedindo desculpas pro Saulo na praia quando pensou que a gente namorava.

ㅡ É, eu fiquei observando ele no almoço de ontem e ele não me pareceu alguém ruim, pelo menos não demonstrou nada. Mas, por que precisa de mim?

ㅡ Saulo disse que preferia você com a gente.

ㅡ Sério? ㅡ Paulo fez uma careta.

ㅡ Uhum. ㅡ Assenti. ㅡ Pode ficar comigo enquanto Patrick estiver aqui?

ㅡ Claro. ㅡ Ele assentiu. Jurema apareceu na porta da sala atrás dele.

ㅡ Eu tenho um compromisso isso hoje a tarde, que horas vamos? ㅡ Ela perguntou atraindo o olhar de Paulo para ela.

ㅡ Pode ser agora. Pode ir se arrumando que eu já vou subir. ㅡ Respondi e logo ela saiu da sala. Paulo virou o rosto lentamente para mim com uma careta.

ㅡ Você e a Jurema vão sair juntas? Você e a Jurema? ㅡ Ele ergueu as sobrancelhas.

ㅡ Sim. ㅡ Assenti.

ㅡ Você e a Jurema? ㅡ Ele perguntou de novo quase arregalando os olhos.

ㅡ É, Paulo. ㅡ Assenti novamente.

ㅡ Tu vai matar ela, Perola? ㅡ Ele perguntou me fazendo rir.

ㅡ Não, Paulo. ㅡ Balancei a cabeça rindo.

ㅡ Tu vai matar ela né, Perola? ㅡ Perguntou novamente.

ㅡ Eu não vou matar ela, Paulo. Só vamos fazer compras. ㅡ Me levantei do sofá após terminar a torrada.

ㅡ Não mata ela, Perola, já temos problemas demais.

ㅡ O dia que eu matar ela você vai saber, porque eu vou fazer uma festa! ㅡ Saí da sala com um sorriso e rapidamente o fechei ao ver meu pai sentado a mesa.

Fui para o andar de cima e me arrumei para ir ao shopping com a Jurema. Frase esquisita, nunca pensei que diria isso, e espero nunca mais dizer.

Depois de me vestir parei na frente do espelho. Eu nunca havia saído com a Jurema e, realmente, não fazia ideia do que esperar. Se não estando comigo ela já dava um jeito de acabar com a minha vida, imaginando saindo comigo.

[...]

ㅡ Ai, olha esse short! É lindo! ㅡ E ali estava eu, no shopping, numa loja de roupas, fazendo uma careta bem esquisita para Jurema que, estranhamente, estava agindo como uma garota normal e dócil comigo. ㅡ Esse vestidinho vai ficar lindo em você, por que não prova? ㅡ Ela olhou para mim e notou a careta que eu estava. ㅡ O que foi?

ㅡ Nada. ㅡ Respondi de imediato. Aquilo era tão estranho! Jurema nunca falou um A comigo sem ignorância ou coisa do tipo, e agora ela estava ali, agindo como se fossemos grandes amigas do peito. ㅡ Você disse o que?

ㅡ Que esse vestido ficaria bem em você. Podia provar. ㅡ Ela me mostrou um vestido preto de alcinha que tinha um caimento lindo pendurado sob um cabide vermelho aveludado. Jurem estava sorrindo.

Ok, eu estava começando a ficar com medo.

ㅡ É o que? Tem pó de mico aqui? ㅡ Perguntei pegando o vestido de suas mãos e o analisando por dentro.

ㅡ Não. ㅡ Ela parou de sorrir. ㅡ Só achei que combina com você.

A observei com um olhar desconfiado mas acabei topando em provar o vestido. Fui até o vestiário da loja e o vesti. Achei incrível como ele havia caído tão bem no meu corpo, como se tivesse sido feito sob medida pra mim.

Sorri observando-o no espelho e saí de trás das cortinas. Jurema estava sentada num dos bancos. Ela olhou para mim e sorriu de novo. Gente, que coisa esquisita!

Ficou perfeito em você! Vai levar, né? ㅡ Ela ficou de pé.

ㅡ Eu acho que sim. ㅡ Assenti.

ㅡ Espera um minuto, sei o que vai combinar perfeitamente com ele! ㅡ Ela sorriu quase que correndo da área do vestiário.

Virei-me para o espelho de novo w continuei admirando o vestido. Ele era perfeito.

Ouvi passos se aproximando e deduzi ser ela voltando.

ㅡ Escuta, por que você... ㅡ Virei-me para o lado e parei de falar quando vi que não era ela. ㅡ Vinícius?

•••
Continua...

As Regras do Amor Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora