ESPECIAL SAULO

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Dois anos antes...

ㅡ Bom dia. ㅡ Disse aos meus pais que tomavam café sentados à mesa da cozinha. Mesa quadrada que ficava perto da janela. Uma toalha bem colorida cobria sua superfície enquanto os pães, café, manteiga, queijo, bolo e leite eram colocados por minha mãe.

ㅡ Bom dia, filho. ㅡ Meu pai me respondeu primeiro. ㅡ Hoje não tem aula, tem?

ㅡ Não. ㅡ Me sentei numa das quatro cadeiras. Minha mãe voltou à mesa segurando uma garrafa de leite.

ㅡ Bom dia. ㅡ Sorriu para mim. ㅡ É claro que não tem aula, querido. Ontem foi feriado. ㅡ Minha mãe riu, como sendo algo óbvio.

Cocei os olhos ainda sentindo o sono. Eram sete e meia da manhã, mas eu havia chegado em casa ontem quase meia noite por culpa do Maicão. Bem, como minha mãe mesmo disse, ontem foi feriado. Eu pretendia descansar um pouco, já que trabalhar e estudar estavam me cansando bastante. Mesmo que meu pai não me passe tanta coisa na oficina, ainda assim cansava. Mas, Maicão resolveu que queria ir numa festa de um amigo, mas não queria ir sozinho e levou a mim e ao Gabriel. Não chamamos as meninas porque, como não conhecíamos esse tal amigo do Maicão, não sabíamos como seria, se seria " seguro" para elas.

É claro que se desse merda, a gente estava lascado. Mas, prefiro que dê merda só para gente do que para as meninas. Ainda mais que a Perola, com certeza, iria se as amigas fossem. E eu não ficaria muito de boa, acredito que ficaria preocupado com ela.

Enfim, não as convidamos, mas Dafine acabou descobrindo, graças a boca grande de Maicão. No fim, elas foram.

Graças a Deus que não aconteceu nada de mais, para falar a verdade, foi tranquilo até demais. A festa começou bem cedo e acabou antes da meia noite, como eu disse. Não teve muitas bebidas nem nada, foram só músicas e comidas.

Foi praticamente perfeito, tirando o fato de que Perola estava linda e isso atraía muitos caras. A cada garoto que flertava com ela, o meu ciúmes apenas crescia. Mas, eu não podia dizer ou fazer nada. Ela não é nada minha. Somos amigos. Grandes amigos...

As vezes me repreendo por não dizer logo a ela o que eu sinto. Já tem dois anos que sou apaixonado por ela, mas nunca tive coragem de dizer uma palavra. Eu simplesmente não consigo nem abrir a boca perto dela quando meu objetivo é falar sobre meus sentimentos.

Na verdade, quando penso em dizer, imagino perfeitamente ela dizendo que sente muito, ficando estranha e não conseguindo mais ser ela mesma comigo. E eu odiaria perder a pouca intimidade que tenho com ela agora.

Então, eu realmente não sei se algo um dia vai rolar entre mim e Perola, mas por enquanto, me contento em ama-la em segredo.

ㅡ Olha só quem está com os pensamentos longe. ㅡ Minha mãe, que já havia se sentado, comentou me indicando com o queixo.

ㅡ Já está pensando na Perola, Saulo? Não são nem oito da manhã ainda. ㅡ Pois é, eu estava sendo zoado por meus próprios pais.

ㅡ Quem disse que eu estava pensando na Perola? ㅡ Me fingi de sonso e peguei um pão de sal. ㅡ Eu posso estar pensando na escola, no trabalho, na festa de ontem, no fato de que eu vou me formar esse ano... A Perola não é meu único pensamento.

ㅡ Mas, é o mais frequente. ㅡ Os dois riram novamente e eu balancei a cabeça mordendo o pão. Eles me conheciam bem demais. Talvez eu tivesse uma expressão única para quando estivesse pensando na Perola, porque eles sempre sabiam.

ㅡ O que vai fazer hoje? Vai sair com seus amigos de novo? ㅡ Meu pai perguntou antes de levar a cabeça azul escura com pintinhas brancas até a boca. O vapor do café quente era visível.

As Regras do Amor Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora