22_ Filho preferido.

8.8K 1.4K 812
                                    

ㅡ Oxi, até que enfim apareceu. Seu irmão já estava comendo a carne toda. ㅡ Minha mãe disse apontando para Pedro que tinha o prato com mais carne do que tudo. Ele sorriu acenando para mim com aquele olhar de deboche implicante e eu ri. ㅡ Você está bem? Você é sempre a primeira a aparecer quando as carnes começam a sair.

ㅡ Mãe, é o Paulo que trouxe a namorada, a senhora tem que esnobar ele, não eu. ㅡ Cruzei meus braços arrancando uma risada dos meus pais. 

ㅡ Me esnobar nada! Ela já conheceu o Pedro, tem coisa pior? ㅡ Eu caí na gargalhada no mesmo instante e Pedro soltou a coxa de frango que estava em sua mão.

ㅡ Vai ficar me humilhando mesmo? ㅡ Pedro deixou o prato de lado. ㅡ Vou pegar pesado. ㅡ Pedro entrou dentro de casa e segundos depois voltou com nosso álbum de fotos de quando éramos crianças. ㅡ Já que a mamãe não esnoba o filhinho preferido pra namorada, eu faço esse papel.

ㅡ Ei! Eu sou a filha preferida. ㅡ Debati com Pedro. 

ㅡ Você é a do papai, da mamãe é o Paulo. Eu sou o rejeitado. ㅡ Arqueei uma sobrancelha. Eu era a do papai? E o modo dele de demonstrar seu favoritismo por mim era me obrigando a ser bestie da Jurema? 

ㅡ Não fale isso, Pedro! ㅡ Minha mãe o repreendeu. ㅡ Eu não tenho filho favorito. 

ㅡ É? ㅡ Pedro encarou minha mãe com uma das mãos na cintura enquanto a outra segurava o álbum. ㅡ  No natal dos meus 16 o Paulo ganhou um Iphone e eu uma capinha de Iphone. 

ㅡ Deixa de ser bobo, garoto. ㅡ Minha mãe resmungou. ㅡ Você tinha ganhado o Iphone um mês antes do natal. ㅡ Ri junto de Pedro. Pedro faz aniversário em Novembro. Naquele ano ele tinha ganhado o celular em seu aniversário e no Natal o Paulo ganhou. 

ㅡ Ah. ㅡ Pedro deu com os ombros e se aproximou de Thalia. ㅡ Oi, Thalia, você já me conheceu, mas agora vou esnobar meu irmão, pois é tradição. Sabia que ele fez xixi na cama até os nove anos? ㅡ Pedro começou a mostrar as fotos de Paulo e Thalia riu.

Meu pai me chamou novamente para comer e eu lembrei de Saulo que estava em meu quarto. Peguei o meu celular em meu bolso de imediato e fingi que alguém estava me ligando. 

ㅡ Oi? ㅡ O coloquei ao lado da orelha. ㅡ Ah, você já chegou? ㅡ Me afastei de todo mundo e entrei em casa. Eu nem notei se alguém havia me olhado, mas corri na direção do meu quarto e abri a porta. Saulo estava observando meus livros que estavam sobre a escrivaninha. ㅡSaulo?

ㅡ Oi. ㅡ Ele se virou para mim. ㅡ Você não brincou quando disse que passou o ano inteiro estudando. ㅡ Ele riu. 

ㅡ Ah, nem me fale. ㅡ Encostei a porta trás de mim e me aproximei dele. ㅡ Você está pronto? Vou te levar lá pra baixo e apresentar pra minha família. ㅡ Ao contrário da reação de antes, Saulo não ficou nervoso ou inquieto, ele apenas sorriu, passou as mãos em seu cabelo e sorriu. 

ㅡ Vamo que vamo. ㅡ Ele me abraçou de lado e me puxou para sairmos do quarto. Estranhei aquilo, mas aquele era o Saulo que eu conhecia. 

Nós dois descemos e fomos na direção da cozinha. Passamos por ela e logo saímos no jardim. Meus irmãos, meus pais, minhas tias, minha cunhada e meu rabanete olharam para nós dois quase que de imediato. Saulo parou no lugar.

ㅡ Que isso! ㅡ Pedro sorriu. ㅡ Hoje era o dia de trazer namorado aqui? Por que ninguém me disse? Eu trazia a minha. 

ㅡ Você não tem namorada. ㅡ Resmunguei fazendo uma careta para ele e ele me devolveu a careta me dando língua. ㅡ Mas, sim. Eu trouxe o Saulo porque... ㅡ Olhei para ele e lhe dei um sorriso. ㅡ Estamos namorando. 

ㅡ Que? ㅡ Paulo, meu pai, minha mãe e Jurema perguntaram juntos como um coral bem ensaiado. Apenas Pedro, Thalia e minhas tias que não fizeram aquela cara de espanto.

ㅡ Como assim vocês estão namorando? ㅡ Paulo se levantou da cadeira que estava sentado ao lado de Thalia. ㅡ Assim? Do nada?

ㅡ Ué, você também trouxe sua namorada do nada! ㅡ Dei com os ombros.

ㅡ Mas eu e ela nos conhecemos a bastante tempo. ㅡ Ele tentou explicar.

ㅡ Ah, e eu não conheço o Saulo não, né? Ele estudou comigo o Ensino Médio inteiro, Paulo, eu conheço ele, relaxa. ㅡ Segurei no braço de Saulo. 

ㅡ É, Paulo, relaxa. ㅡ Pedro se levantou. ㅡ Eu também conheço o Saulão, ele é gente boa. ㅡ Encarei Pedro sem entender aquele apoio repentino dele. Pedro, geralmente, colocaria mais lenha na fogueira, não me apoiaria. 

ㅡ Bom... eu não conheço bem. ㅡ Meu pai disse atraindo nossos olhares para ele. ㅡ E da última vez que ouvi falar de você, não foi muito agradável. 

ㅡ Pai, já ficou esclarecido que aquela palhaçada era mentira da Jurema. ㅡ Revirei os olhos cruzando meus braços.

ㅡ Eu??? Não me coloca nas suas ceninhas não, Perola! ㅡ Jurema debateu e eu a encarei me perguntando até onde iria o cinismo dela. 

ㅡ Minhas ceninhas? Não foi você que inventou pro meu pai que o Saulo tinha me dado camisinhas de aniversário??? ㅡ Coloquei as mãos na cintura. ㅡ Ou é mentira minha? 

ㅡ É claro que é mentira sua. ㅡ Jurema revirou os olhos.

ㅡ Como você consegue ser sonsa assim? ㅡ Pedro perguntou olhando para ela.

ㅡ Não se mete, Cabelin na régua. ㅡ Ela fez uma careta quando disse o apelido dele. 

ㅡ Você é a errada aqui, garota, pelo amor de Deus! ㅡ Acabei me estressando, porém, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, meu pai pegou em meu braço e me puxou na direção da cozinha. ㅡ É o que, pai?? ㅡ Eu, no geral, não falava assim com meus pais, mas aquela situação me alterou um pouco. 

ㅡ Parece que você não está nem aí para a faculdade, não é? Já que eu disse que pararia de pagar seus materiais se não se desse bem com a sua prima. ㅡ Ouvir aquilo me fez arregalar os olhos. Ele estava realmente preocupado com aquilo?? Era tão inacreditável! Eu não sabia quem era o filho favorito dele, mas, com certeza, não era eu. 

ㅡ Pai? Essa é minha última preocupação. Se precisar eu arrumo um emprego, não importa. Mas eu não vou ser amiga da Jurema! Será que não entende que ela faz de tudo para destruir minha vida?? 

ㅡ Eu não perguntei, Perola! Já falei que não quero que sua prima reclame de nada sobre você com o pai dela, e se eu perder o contrato com ele, diga adeus a faculdade! 

ㅡ Já falei que vou arrumar um emprego. Não precisa ficar me bancando se for para ser amiguinha daquele rabanete. ㅡ Cruzei os meus braços. 

ㅡ Não, Perola, acho que não entendeu. Se não se der bem com a sua prima, não irá para a faculdade! Não sairá com seus amigos! Nada! ㅡ Arregalei meus olhos novamente. ㅡ Não sairá de casa para nada.

Encarei meu pai me perguntando se eu havia ouvido coisas. Será que eu estava delirando? Meu próprio pai estava disposto a me prender em casa porque eu não queria ser amiga da garota que, se pudesse, me deixava careca?

•••
Continua...

As Regras do Amor Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora