05_ Cabelin na régua.

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Ok, ok nós não éramos de fazer bullying com as pessoas, pelo contrário, eu tinha tantos amigos na escola justamente por ser gentil com todo mundo, praticar bullying era algo que eu não tinha interesse.

Mas, Jurema...

Jurema tinha a minha idade e morou perto da minha casa por uns cinco anos. Ela era chata, irritante, tinha mania de querer me vencer em tudo, mesmo eu não dando a mínima, zoava tudo que eu fazia, vestia, usava, etc. Resumindo: o prazer dela era infernizar a minha vida.

No primeiro ano do ensino médio ela descobriu que eu gostava de um rapaz da minha sala e fez questão de ficar com ele na minha frente. Depois disse: ah, fiquei com ele porque achei bonitinho, mas beija muito mal. Pode ficar com ele.

No ano passado ela ouviu as meninas dizendo que me shippavam com o Saulo e daí decidiu que gostava dele e começou a dar em cima do coitado sempre que o via.

Isso de chama-la de rabanete foi um modo que as garotas encontraram de zoar ela. Mas, no geral, quando a chamavam de feia, se referiam à sua personalidade. Porque, cá entre nós, uma pessoa pode ser linda fisicamente, mas quando ela não tem caráter, ela fica feia instantemente.

ㅡ Esse povo não presta. ㅡ Ri observando os comentários e virei a tela do celular para Saulo, para que ele visse.

ㅡ Voa rabanete. ㅡ Ele leu em voz alta e começou a rir.

Ri junto dele e notei quando ele parou de rir e apenas olhou para mim com um sorriso enquanto eu ria.

ㅡ Que foi? ㅡ Perguntei curiosa, mas ele apenas negou com a cabeça. Segundos depois ele abriu a boca para dizer algo, mas um barulho atrás de nós o impediu e nos fez olhar para trás.

ㅡ Vocês estão cagando juntos? ㅡ Maicão perguntou com uma careta. Ambos gargalhamos.

ㅡ É, pow, é romântico. ㅡ Saulo se levantou e estendeu a mão para mim. Segurei-a e me levantei também. ㅡ Chega na novinha e pergunta: quer cagar no mato comigo? ㅡ Comecei a rir de novo enquanto Saulo falava com Maicon. ㅡ Ela vai ficar doida!

ㅡ Vai pensar que eu sou um retardado, isso sim. ㅡ Maicon riu e olhou para mim. ㅡ Cabelin na régua tá aí.

ㅡ Cabeli... ㅡ Ia perguntar de quem ele estava falando, mas minha memória logo se refrescou e eu saí dali o mais rápido possível para chegar até o pessoal. ㅡ Não... ㅡ Falei para mim mesma quando vi que ele realmente estava ali.

ㅡ Fala ai, Cabelin na régua! ㅡ Gabriel e os demais começaram a cumprimenta-lo enquanto o mesmo sorria e os cumprimentava com um toca aqui.

Andei a passos rápidos em sua direção e agarrei o seu braço o fazendo olhar para mim.

ㅡ Com licença? ㅡ Sorri para os garotos. ㅡ Cabelin na régua, vem comigo aqui rapidinho. ㅡ Puxei seu braço para perto da entrada do parque e parei atrás de uma pedra enorme em que uma placa de ferro estava entalhada com o nome do parque.

ㅡ Ta me trazendo pra cá por que? Vai me matar? ㅡ Ele perguntou depois que eu soltei seu braço.

ㅡ É o quê que você está fazendo aqui?? ㅡ Questionei-o.

ㅡ Vim me divertir, ué, assim como você. ㅡ Ele sorriu ajeitando sua camisa preta. ㅡ Qual o problema?

ㅡ Não está evidente? ㅡ Apontei para ele com as mãos abertas.

ㅡ Não. ㅡ Balançou a cabeça com a maior cara de sonso. Cruzei meus braços e o encarei com as sobrancelhas arqueadas até ele dizer o verdadeiro motivo de estar lá. ㅡTa, mamãe me expulsou de casa.

ㅡ E dai??

ㅡ Dai que eu estava deitadão no sofá e ela disse para eu sair um pouco, que até você já tinha saído de casa. ㅡ Respondeu chateado.

ㅡ E de TODOS os lugares do mundo, você decidiu vir pra cá? Por que não foi ver seus amigos? Sua namorada? Eu já te aturei em casa, eu mereço um dia de paz. ㅡ Sim, meu irmão Pedro era chamado por todos os meus amigos de Cabelin na régua. Por que? Não tenho ideia. É piada interna deles.

ㅡ Meus amigos não estão na cidade e eu terminei com a Laura tem mais de um mês, Pérola. ㅡ Ele respondeu enquanto eu negava com a cabeça. ㅡ Me deixa ficar aqui, por favor? Nem vai notar minha presença. ㅡ O encarei ainda com os braços cruzados. ㅡ Por favorzinho? ㅡ Ele uniu as mãos como se estivesse rezando.

ㅡ Eu te conheço, Pedro, você vai fazer alguma merda. Você sempre faz. ㅡ Batuquei meu pé direito no chão.

ㅡ Prometo! Não vou fazer nada. ㅡ Pedro me puxou para seus braços e começou a dar pulinhos. ㅡ Por favor, por favor, por favor!

ㅡ Ai, ta! ㅡ Ele me soltou, passou por mim como se nada tivesse acontecido e começou a caminhar em direção ao pessoal. ㅡ Espera! ㅡ Se virou para mim. ㅡ Não tem nenhum outro motivo por você ter saído de casa?

ㅡ Er... ㅡ Ele fez uma careta. ㅡ Ta, a Jurema tá lá.

ㅡ Sabia!! ㅡ Ele começou a rir e voltou a caminhar em direção ao pessoal. Eu sabia que minha mãe não o expulsaria de casa assim. Minha mãe mima tanto o Pedro que acho que é por isso que fora da vista das pessoas ele se comporta como se fosse o mais novo. Para ele sair de casa tinha que ter outro motivo, e que motivo mais irritante do que Jurema? ㅡ Espera... Ela chegou lá que horas? ㅡ Segui-o.

ㅡ Uns cinco minutos depois que mamãe falou com você no telefone. Levou mala e tudo.

ㅡ E você disse o que?

ㅡ Perguntei se ela estava achando que a nossa casa era pensão.

Paramos perto de uma das mesas onde as meninas estavam antes, mas elas não estavam mais, agora só tinham uns garotos. Ouvi sons e risadas vindo da piscina natural e olhei na direção da escada. Saulo estava sentado no primeiro degrau.

ㅡ Então... Cadê meu cunhado? ㅡ Pedro perguntou olhando de um lado para o outro.

ㅡ Ali. ㅡ Gabriel apontou para Saulo que nem estava olhando para nós e eu o encarei.

ㅡ Dois tapas nessa sua cara, Gabriel... ㅡ Resmunguei me afastando deles e senti Pedro me seguindo. ㅡ Sai daqui! Vai falar com ninguém não. ㅡ Ergui minha mão e segui na direção de Saulo.

ㅡ Nossa, mas que rabugenta... ㅡ Escutei-o murmurar. ㅡ Cunhado!! ㅡ Ele gritou atraindo o olhar de Saulo. Arregalei os meus olhos quando Pedro acenou para ele e Saulo acenou de volta com um sorriso.

ㅡ Você tinha razão. ㅡ Virei-me para Pedro. ㅡ Eu, realmente, não vou notar sua presença. ㅡ Abri um sorriso amarelo. ㅡ Mortos não tem presença. ㅡ Ameacei correr atrás dele, o que o fez correr de mim em direção aos garotos, mas não sai do lugar. Revirei meus olhos sentindo a vergonha queimar o meu rosto e caminhei até Saulo tentando fingir demência.

ㅡ Cabelin na régua é seu irmão? ㅡ Ele ergueu o rosto para me olhar, já que estava sentado.

ㅡ Seria um prazer dizer que não, mas é. ㅡ Assenti e olhei na direção da piscina. Priscila, Dafine, Maria Clara, Maicão e outras pessoas já estavam na piscina. ㅡ Por que não está lá com eles?

ㅡ Estava te esperando. ㅡ Ele ficou de pé.

ㅡ Me esperando? Pra que?

ㅡ Você está com o celular aí?

ㅡ Sim, por que? ㅡ Tirei-o do bolso e o mostrei. Saulo o pegou de minhas mãos e o colocou em uma pedra ao lado da escada. ㅡ O que você esta faze... ㅡ Fui impedida de continuar minha pergunta quando Saulo agarrou minhas pernas e me jogou sobre seus ombros como uma boneca de pano. Logo depois começou a descer as escadas correndo. ㅡ SAULO!!! ㅡ Gritei no desespero quando tudo que eu conseguia ver eram suas costas. Passei meus braços por sua volta e me agarrei a sua barriga. Se ele me derrubasse, eu levaria ele junto. Aí seriam duas mortes.

Mas, para minha sorte, ele não caiu. Mas tinha muitas chances, já que a escada estava molhada.

É muito retardado né?

Segundos depois ele pulou na piscina comigo jorrando água para todos os lados.

•••
Continua...

As Regras do Amor Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora