As mãos de Paulo que me seguravam aos poucos foram afrouxando enquanto seus olhos ficavam completamente vermelhos e molhados. Ele se aproximou do meu pai a passos lentos e lhe tomou o celular.
Os olhos desacreditados de Paulo encararam o celular e eu pude ver o coração dele se partir em milhões de pedaços quando sua boca se abriu um pouco para falar, mas ele mordeu o lábio inferior com força. Uma lágrima escorreu.
ㅡ Thalia? ㅡ Sua voz quase falhou, mas ele ainda conseguiu chamar pela garota.
A chamada se seguiu em silêncio, um silêncio que parecia furar o peito de Paulo a cada segundo.
ㅡ Eu sinto muito, Paulo. ㅡ Foi tudo o que ela disse antes de desligar a chamada. Paulo apertou o celular e encostou no peito do meu pai que estava com a cara mais lavada possível.
ㅡ Você não é meu pai. ㅡ Ele disse com ódio exalando de seu olhar. Meu pai pegou o celular e Paulo saiu de perto dele passando por mim e parando ao meu lado. ㅡ Arrumem algumas coisas de vocês, vamos para onde a mãe está e vamos ficar com ela. ㅡ E assim ele saiu do quarto.
Encarei meu pai me perguntando o que havia acontecido com ele para ele ter virado a cabeça daquela forma e ter, de uma hora para a outra, destruído as nossas vidas.
ㅡ Eu sempre te vi como um homem digno, um exemplo para mim e meus irmãos, honrado que sempre fazia de tudo por nós. Mas hoje vejo que é só um babaca. ㅡ Cuspi as palavras.
ㅡ Olha o respeito, garota!
ㅡ Respeito??? Você quer o meu respeito??? Você traiu a minha mãe com uma garota que tem quase a minha idade! Você é nojento!! ㅡ Fechei os punhos. ㅡ Eu espero nunca mais olhar na sua cara, nunca. ㅡ Saí do quarto com toda raiva que estava sentindo e passei pelo Pedro. Passei pelo corredor e desci as escadas para pegar o meu celular.
ㅡ Perola?? O que aconteceu?? ㅡ Jurema, que era minha última preocupação naquele momento, desceu as escadas atrás de mim.
ㅡ Jurema, não é um bom momento. ㅡ Olhei pela cozinha, mas não o vi.
ㅡ Eu sei, por isso estou perguntando. O que aconteceu? Por que vocês estão assim? Por que gritaram? Fala comigo! Eu to preocupada. ㅡ Eu não estava conseguindo raciocinar, minha mente só tinha ódio naquele momento. Me virei para ela.
ㅡ Você não precisa mais fingir, ok? E nem eu! Eu não preciso mais fingir que te aturo e que quero ser sua amiguinha. Só me deixa em paz! Já estragou demais a minha vida também!
Eu esperava um de seus sorrisos sarcástico ou uma resposta irônica, mas ela engoliu em seco com os olhos arregalados, como quem também iria chorar em breve.
Segui na direção da sala e vi meu celular jogado no sofá. O peguei.
ㅡ Perola? Perola!! ㅡ Ela entrou na sala gritando.
ㅡ O que??? ㅡ A encarei.
ㅡ Eu não estava fingindo!!! ㅡ Ela exclamou apertando as mãos. ㅡ Eu... Eu realmente queria uma trégua. Queria... Queria ser sua amiga de verdade. ㅡ Sua voz foi abaixando o tom a cada palavras que disse.
ㅡ Isso é algum tipo de piada? Você quer brincar comigo nesse momento, é sério? ㅡ A observei sem paciência.
ㅡ Não, Perola, você não enxerga?? ㅡ A campainha me fez bufar e ir até a porta.
Foi, de repente, como se parte de mim e de minha mente tivesse clareado. Toda raiva que me consumia por dentro a cada segundo diminuiu e meu coração se acalmou.
ㅡ Saulo? ㅡ Apertei a maçaneta da porta enquanto olhava para ele, ali parado na minha frente com os braços abertos.
Entrei em seu braço como uma criança que sobe no colo da mãe. Me aconcheguei ali e fechei meus olhos.
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As Regras do Amor Vol. 1
RomanceCom 19 anos eu não sabia muito sobre amor. Já havia assistido centenas de filmes, visto centenas de séries, lido centenas de livros e ouvido centenas de músicas, e todos sempre acabavam falando sobre amor. Eu não me lembrava de já ter realmente sen...