I don't wanna be your girl

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Bianca POV

Me tranquei no meu quarto por quarenta e oito horas, afogada em lágrimas e em luto total, não quis receber visitas de Gizelly ou Marcela, não dei tanta atenção para minha namorada, nem comia direito, tudo que eu fazia era tomar banhos demorados e dormir a tarde toda. Eu apenas estava sofrendo em silêncio, eu estava respeitando a morte da minha irmã.

— Está na hora. – Tomás falou assim que eu saí do quarto.

Dois dias depois da fatalidade que aconteceu com Iris, meu pai veio me buscar, perguntei sobre minha mãe e ele disse que que ela estava inconsolável para sair do lado do corpo da minha irmã. Marcos não estava diferente, as olheiras escuras debaixo dos seus olhos mostrava o quanto ele havia chorado, assim como a rouquidão incomum na sua voz. Mas mesmo assim ele se preservava forte, abrindo sorrisos curtos e me dando beijos amorosos.

Já em Los Angeles, enquanto tentávamos sair do aeroporto, os paparazzi’s caíram em cima de nós, fazendo perguntas invasivas e intimidadoras, meus nervos estavam à flor da pele o que fez meu choro sair na frente de todos, os braços do meu pai tentavam me proteger de tantos flashes e os seguranças faziam uma barreira humana entre nós e os fotógrafos. Quando finalmente entramos no carro, conheci o novo motorista e segurança dos meus pais, Big Rob. Ele era grande e fofo, não tinha um semblante muito amigável, mas se mostrou bastante amoroso ao me conhecer.

Meu pai havia me dito que minha mãe já estava no cemitério, apenas nos esperando. Assim me pisei de volta em casa, Rose apareceu e me abraçou como sempre fazia, chorei novamente no seu colo, mas rapidamente ela impediu toda aquela choradeira, dizendo que eu precisava me apressar para o enterro de minha irmã, ela usou as palavras: “ Você precisa de despedir dela, para que ela possa descansar em paz, Bia”.

Subi as escadas correndo, evitando de olhar em volta e sentir a falta de Iris, missão fracassada com sucesso. Entrei no meu quarto aos prantos, tomei um banho rápido e vesti roupas que me lembrava a alma de Iris, branca e florida. O vestido que jurei nunca usar se encaixava perfeitamente com o que se pedia. Meu cabelo estava natural, não passei maquiagem porque sabia que iria borrar.

Assim que saí no corredor encontrei meu irmão de cabeça baixa tocando na maçaneta da porta de Iris, ele limpou suas lágrimas e me olhou. Suas roupas estavam um pouco amassadas e desalinhadas no seu corpo.

— É bom te ver. – ele abriu um breve sorriso. – Acho melhor irmos.

Balancei a cabeça e segui o garoto, descemos para a sala-de-estar e esperamos nosso pai. Vinícius e eu não trocamos nenhuma palavra desde aquele momento. Meia hora depois, Rose e meu pai se juntaram a nós, para assim seguirmos a caminho do cemitério.

O dia estava quente e o sol radiante, o lugar era perfeito. Desci do carro e caminhei ao lado de Rose, a grama verde e bem cortada deixava as flores mais vivas, e no meio daquele imenso gramado verde com algumas lápides maiores do que as outras, estava um grupo de pessoas. Senti meu coração parar assim que vi minha mãe ao lado de um caixão, ela usava óculos escuros e roupas pretas, uma de suas mãos estavam sobre o caixão de madeira e a outra segurava o lenço branco perto do nariz.

Minhas pernas travaram e acidentalmente fiz Vinícius trombar em mim, Rose segurou meu rosto e me fez olhá-la nos olhos, minha visão já estava embaçada por causa das lágrimas.

— Você precisa ser forte, meu amor. Eu sei que você é. – balancei a cabeça e a lágrima escorreu. – Iris precisa descansar em paz, Bia.

— Eu não quero que ela vá. – falei com a voz embargada. – Eu não quero que ela me deixe.

AS TRILHAS DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora