The gift of deception

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Rafaella POV

No sábado dormimos até mais tarde, já que tínhamos perdido a hora do café, ficamos na cama apenas conversando e trocando carícias. Bianca me contava sobre o sonho que teve com Iris e nossa viagem, eu amava o timbre da sua voz de amanhã, era mais rouca do que o normal.

No almoço foi uma zona, todos ainda estavam animados relembrando da festa no dia anterior. Passei o resto da tarde com minha família, já que eles iam embora naquele mesmo dia. Chorei na hora de despedir, tentei fazê-los ficar, implorei por isso, mas mesmo assim eles se foram, dizendo que tinham coisas para tratar em Cuba.

A chegada do meus pais no final da tarde foi silenciosa, só percebi que eles já estavam no castelo quando vi o Rei e a Rainha ocupando seus lugares no salão de refeições, no jantar. Eu e Sofia ocupamos nossos devidos lugares, e esperamos a janta ser servida.

- Mãe, pai. - fiz uma leve reverência. - Como foi de viagem ?

- Bem. - minha mãe respondeu rápido. - E como foi aqui ?

- Foi ótimo, mamãe. Tenho certeza que o Harry tem lindas fotos.

- Espero que sim, Lee falou muito bem sobre a festa. - ela sorriu. - Bianca fez um bom trabalho ?

Lembrei da noite passada quando fizemos amor e eu mal sentia minhas pernas, lembro que escutei Bianca murmurar que tinha feito um bom trabalho. Corei e desviei o olhar, como se minha mãe pudesse escutar meus pensamentos, balancei a cabeça respondendo sua pergunta.

- Sim, mamãe, ela fez um bom trabalho. - minha mãe sorriu.

- Fico feliz.

- Abuela mandou lembranças. - sorri olhando para meu pai, porém ele não notou.

- E como ela está ?

- Uh... bem. Todos estão bem. - franzi o cenho.

Olhei para meu pai e estranhei seu comportamento, ele estava reto, tenso e com o olhar distante, sua sopa e seus talheres mal haviam sido tocados, ele parecia um robô ligado no modo avião.

- O que ele tem ? - sussurrei para minha mãe.

Ela seguiu meu olhar e tocou no braço do meu pai atraindo atenção do mesmo, ela cochichou algo e ele me olhou nos olhos por alguns segundos, esses segundos foram o suficiente para absorver todo o seu cansaço, sua preocupação, e como se ele soubesse eu lia toda sua expressão, Sebastião desviou o olhar para seu prato, se levantou e saiu em silêncio.

Ninguém parecia ter notado aquilo, mas eu sim. Meu pai e eu tínhamos uma ligação forte, eu o conhecia só com o olhar e sabia que algo não estava nada bem, alguma coisa preocupava o mesmo, como uma pedra no sapato.

- Está tudo bem. - minha mãe mentiu.

- Certo. - menti também.

Duas semanas depois

Os dias tinham passado rápido, meu pai estava cada dia mais distante de mim e aparentemente de todos, ele não havia mais me dado aula e muito menos conversado comigo, e sempre que eu indagava ele sobre sua preocupação, sua resposta era repetida.

- Não se preocupe, querida, não é nada demais. - seu sorriso era fraco e forçado.

Ele pedia licença e se trancava em sua sala, muitas das vezes pedia para não ser incomodado e deixava seus guardas cientes disso, ou seja, qualquer pessoa que fosse a sua sala era barrada, até mesmo eu.

- Tem alguma coisa acontecendo, Ivy, eu sei. - falei enquanto andava de um lado para o outro.

- Rafa, fica tranquila, seu pai nunca foi de esconder as coisas para você. - ela tentou me acalmar.

AS TRILHAS DO DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora