Regina Mills
Assisto Elsa Farrah e suas inúmeras convidadas dispostas em sete mesas fechando os olhos e gemendo em alto e bom som após provar a última refeição do dia.
— Regina Mills, você tem mãos mágicas! Acho que nunca comi tão bem em toda a minha vida! Elsa diz. Se a dona da festa me elogiou, então ganhei o dia. Balanço a cabeça em um aceno positivo e assisto as outras garotas devorarem os petiscos que preparei.
— O almoço foi sublime, o café da tarde estava formidável, mas esse jantar e petiscos... nunca comi algo assim. Elsa limpa os lábios e me encara com seus olhos gigantes e pidões.
— Seria demais pedir que você nunca vá embora? As amigas da noiva riem e eu as acompanho, mas com um sorriso mais tímido.
— Obrigado, senhorita Farrah. É muito bom ouvir isso, as minhas meninas e eu trabalhamos duro para te entregar tudo em perfeito estado. Uma pequena amostra, é claro, para os dias que se seguirão, se você permitir.
— Permitir? Está contratada. Oficialmente. Feche sua loja e venha cozinhar para mim! Elsa diz animada. Agradeço o gracejo, mas isso está realmente fora de cogitação. Trabalhar em tempo integral para os Farrah e me ver obrigada a estar perto do meu ex todos os dias? Jamais.
— Estou ansiosa para ver o que você irá nos trazer na semana do casamento! Acho que toda elite de Miami vai contratar o Sweet Show para seus eventos. Está tudo impecável. Elsa agradece e se levanta.
Algumas de suas companheiras demoram a segui-la, ainda devoram os petiscos, mas no fim, todas elas saem do salão, entre risadas e conversa alta e se dirigem à mansão toda iluminada em contraste com a noite que deitou sobre nós.
— E aí, o que disseram? — Emma pergunta. Não a vi sair dos bastidores, levo um grande susto quando a vejo atrás de mim.
— Ela aprovou. Acho que agora preciso dobrar a equipe para dar conta de tudo isso. Abro as duas mãos para indicar tudo ao redor.
— Que exagero, né? Ela me espeta com o dedo indicador.
— Dobrar a equipe?
— Quatro salões enormes de festas, um bosque gigantesco, várias piscinas... e ainda tem academia, salas de jogos, muitos quartos e...Emma para instantaneamente quando percebe o meu olhar de surpresa.
—...foi o que eu ouvi, é claro.
— Sim. Balanço a cabeça.
— Acho um exagero. Mas eles são ricos e podem, nós não, nós só ficamos aqui chupando o dedo.
— E o que você faria com um lugar desses? Emma começou a juntar os pratos na mesa e depois pegou a pilha com uma mão e se dirigiu aoutra.
— O que foi? Vai virar garçonete agora, senhora Swan?
— Tenho prazer em ser útil e em te ajudar. Ela responde prontamente.
— Sei lá o que eu faria num lugar desses... Digo e vou recolhendo alguns pratos também, bem menos que ela, não sou tão forte.
— Imagina só a hipoteca... As covinhas do rosto de Emma ficam salientes enquanto ela ri. Vamos à cozinha e deixamos os pratos lá, depois retornamos e pegamos o que sobrou. Toda a minha equipe já foi embora, está bem tarde e eu estou exausta. Preciso muito voltar para casa e relaxar.
— Obrigada por hoje, Emma.
— Por quê? Ela termina de deixar os pratos na pia e se volta a mim.
— Você foi contratada para estar aqui ao meu lado, sorrir e acenar. Só isso. Não precisava ajudar nos procedimentos, nem na recolha dos pratos...
— Já disse, eu tenho prazer em ser útil e em te ajudar. Regina Mills. Volto a me arrepiar ao ouvir o meu nome sair daqueles lábios. Parece até algum tipo de encantamento secreto que faz minhas orelhas
queimarem, minha nuca fumegar e minha cabeça rodar. E isso só atenua quando Emma sai do lugar e vem em minha direção, bem devagar, sem tirar os olhos de mim. Até mesmo no simples andar essa mulher espalha um charme que me impressiona e devo admitir que estou ficando sem ar... e excitada.
— Tudo bem contigo? Ela pergunta, nossos narizes perto um do outro.
— Você sempre conversa assim? Quase colada na pessoa? Pergunto ofegante.
— Se a pessoa for você, sim. Ela diz, bem séria.
— Se acostume. O arrepio percorre minha espinha e sinto chegar aos meus cabelos. Chacoalho a cabeça e encaro o chão.
— Vem comigo.
— Para onde? Eu preciso... espera...
— Confie em mim, Regina Mills. Ela diz, sedutora. Emma me leva para a parte de trás desse salão, onde há uma piscina gigantesca, toda iluminada. Os seguranças estão bem longe daqui, rodeiam a mansão. E a equipe de limpeza está chegando para pôr ordem no salão.
— Essa gente rica é muito exagerada. Coço a ponta do nariz com o dedo indicador.
— Mas eles têm bom gosto, preciso admitir.
— É. É um acerto para cada cem erros. Emma balança os ombros.
— Quando eu vim morar em Miami, queria estar perto da praia. Eu gosto, sabe? Da água, do mar, das ondas, do calor, de pessoas felizes, jogando, correndo, nadando, pegando um bronze... Disparo a falar. E ela não me cala. Está ao meu lado, o rosto voltado para mim. Tenho até a ilusão de que minhas bobagens são interessantes, porque essa mulher me dá uma atenção que me assusta.
— Moro aqui há dois anos. Eu nunca vi o mar.
— Não?! Ela diz, completamente surpresa.
— Não, Emma. Eu tenho contas a pagar, funcionários e famílias que dependem de mim, e morar naquela casa custa caro. Não lembro a última vez que tirei folga e pude me divertir... normalmente eu só durmo... ou fico em casa testando receitas novas para impressionar os clientes.
— Você impressionou a Farrah. E não tenho dúvida de que impressiona tudo e todos que entram pelo seu caminho.
— Só não o babaca do meu ex, né? Resmungo.
— Ele nunca... me enxerga, sabe? Parece que... sei lá... falta algo... Emma continua a me fitar atentamente. Quando paro de falar ela vira os olhos e faz um sinal de tédio, que me deixa levemente constrangida, mas acabo rindo da expressão dela.
— Você é uma idiota! Dou um tapa no ombro dela.
— Quero te levar para ver o mar. Ela diz. Que merda! Me sinto como uma adolescente agora. Sorriso fácil, as bochechas ardendo, as mãos teimando a ficarem guardadas no bolso e o olhar bobo e distraído. Eu senti falta de me sentir assim. E também é assustador me sentir assim. Mas Emma me tenta a me permitir ser uma menina sonhadora de novo.
— O Henry gosta de ir à praia? Pergunto.
— Ele detesta. Emma responde prontamente.
— Sério?
— Bem sério. Mas ele aceita ir se ficar dentro de uma bolha de plástico grande e não ter contato com a areia. A não ser que ele veja formigas. Enfim, é melhor não tentar entender...
— Ah... ele parece ser um garotinho bem exigente.
— É claro que ele é. Ele é um Fa... um garotinho muito aficionado naquilo que quer e que faça sentido para ele.
— Entendo. Emma balança a cabeça sutilmente em sinal positivo e dá um passo para perto de mim. Devo ficar nervosa agora ou deixo para depois?
— Escuta, Emma, acho que devemos conversar alguns outros assuntos para nos inteirarmos mais uma sobre a outra... Tento puxar conversa, porque o silêncio e aquele olhar de caçadora, me indicam que eu sou a presa. E sou presa fácil. Dando sopa de colher na boca de quem quiser. De difícil já basta a vida, para essa mulher eu sou fácil fácil. Mas é errado. Não deveríamos. Mas seria incrivelmente bom. Não é apropriado. Mas não tem ninguém olhando...
— Estou sem ar. Solto, quase desesperada, encarando-a no fundo dos olhos. Se ela chegar mais perto que isso eu vou ter uma síncope.
— Respira. Ela diz suavemente. Passa as mãos fortes pelos meus ombros e desce pelos meus braços até segurar em minhas mãos.
— Está tudo bem... Por fora, digamos que sim. Por dentro? Não está nada bem. Não estou nada bem. Agora é uma boa hora para ligar para o hospital. Respiro devagar como ela orienta e me sinto melhor.
— Acho que consegui.
— Boa menina — ela diz e sorri. Seu sorriso, assim de perto, brilha mais que as estrelas.
— Agora prende a respiração. Ela diz. Pra quê?
— Emma! Digo desesperada. Mas é tarde demais. Ela me empurra para dentro da piscina e eu
caio, balançando os braços, no mínimo parecendo uma rã tentando escapar de um balde d’água.
— Emma Swan! Grito irritada o nome dela. Ela pula dentro da piscina, que preciso admitir, está deliciosa, a água está refrescante e no ponto certo para me fazer passar mais umas horas aqui dentro.
— Fala de novo. Ela vem em minha direção e eu levo os braços para trás para tentar encontrar a parede.
— O quê? Pergunto desnorteada.
— Meu nome. Fala de novo; Ela se diverte e continua a vir, feito um tubarão, para a presa fácil.
— Não vou gritar. Você quer o quê? Que os seguranças venham aqui nos retirar à força? Bato a mão na água, espirrando-a para tudo que é lado, inclusive no rosto dela. Emma não se importa. Avança e me prende na parede. O seu corpo grande e musculoso pressiona o meu e me deixa sem ar, cega, surda e muda, vendo estrelas girando ao meu redor.
— Quem disse que você precisa gritar? Ela murmura e sorri feito a cafajeste que é. Essa mulher vai me deixar desgraçada da cabeça. Vou daqui direto para o sanatório! Eu pensei que era doida, mas essa mulher? Será que alguém pode ir na farmácia buscar o rivotril dela? Emma abaixa o rosto e deixa o nariz passar pelo meu pescoço. Ela sobe tão devagar e suas mãos são tão convidativas que quando menos percebo, estou com as pernas ao redor da sua cintura. Mas que diabos? Sinto sua respiração forte em minha nuca e seus dedos passeando por dentro do meu avental, acariciando a minha cintura, tocando tão delicadamente de início e depois me pegando de jeito, sem medo de me
deixar ainda mais sem ar. Ela age assim, decidida. Não pensa duas vezes em retornar os lábios para o meu busto e com os dentes começa a afastar e mordiscar por cima do meu sutiã a região dos meus mamilos que está eriçada.
— Não vai dizer meu nome? Ela pergunta, olhando para mim, mas não para de mordiscar e isso me deixa ofegante.
— Emma Swan! Digo, num tom de advertência e de súplica.
— Boa menina. Sua língua sobe pelo meu busto até encontrar meus lábios. O beijo me esquenta e me faz passar as mãos por seu corpo forte, sentindo-a me apertar e tomar para si. Ela não se importa de simplesmente rasgar a camisa social branca e me deixar sem palavras com aquele corpo desenhado, o abdômen definido e o bronzeado de dar inveja a qualquer um. Seu perfume diz muito sobre sua personalidade. Ela é selvagem, não obedece regras, ela é refrescante e vai me queimar por inteira se eu continuar em seus braços. E eu não tenho como resistir. Eu estou pegando fogo, dentro da água, e ela é o motivo de todo esse incêndio. Os lábios carnudos dessa mulher me levam à loucura. Seu beijo é intenso e me puxa para si, me faz sentir conectada a ela e importante demais para correr o risco de sermos pegas. A língua passeia pela minha boca, é lenta, parece querer me degustar até que não sobre mais nada. E eu estou derretendo em seus braços, e preciso dar um jeito nisso antes que cometamos uma loucura e eu seja demitida. Mas antes mesmo de tomar uma ação, ela sela nossos lábios e se
afasta devagar, como se soubesse minhas ações. Emma é muito atenta em tudo, ao que percebo. E realmente tenho a impressão de que tivemos uma conexão. Uma conexão que vai além do beijo, dos corpos em fricção e dos olhares que estamos trocando agora.
— Casa. tento explicar. Tipo o ET do filme ET, que é monossilábico e assertivo ao indicar para onde quer ir.
— Para minha ou para a sua? Ela provoca. Que diabo de mulher! Eu não estava preparada para essas novas sensações... eu só tinha em mente uma vingança e destruir a reputação do meu ex, só isso. E talvez, sei lá, reconquistá-lo.Mas Emma quer adicionar seu corpo, sua boca, sua tentação para
cima de mim! E ela sabe muito bem como me fazer esquecer tudo por um segundo e viver o momento com ela. Será que é disso o que preciso?
— Como vamos voltar para casa agora, ensopados?
— Tenho certeza de que você vai dar um jeito. Emma diz e sai da piscina, rindo feito um cretina.
— Preciso de tempo... — começo a tatear as paredes para me levantar. Ela estende a mão e me puxa num movimento só para fora da piscina.
— Então é bom que seu tempo seja agora. Os seguranças estão vindo!
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Show de vizinha
HumorRegina Mills sempre corre atrás do que quer. Ela batalhou muito para ter a sua pequena agência de eventos em Miami e um relacionamento de dez anos com Robin Hood, coisas das quais ela se orgulha muito. Até que após um incrível final de semana com se...