Regina Mills
Dou um salto da cama quando vejo Zelena parada, de braços cruzados, em frente à porta do meu quarto.
— Acordou, não foi, Bela Adormecida? Ela desdenha.
— Aonde estou? O que houve? O que você está fazendo aqui? Olho ao redor. Será que a noite anterior não passou de um sonho?
— Ah, eu que gostaria de saber. Zel pega uma lixa de unha e começa o serviço.
— Não vi a hora que a princesa voltou para casa ontem. Tudo bem? Onde esteve?
— Eu... estive... Pelo visto não foi um sonho. Não mesmo. Cadê a droga dos meus atestados? Tento me levantar, mas minhas coxas doem. E eu estou menos tensa do que de costume, Zelena não esconde o riso e me acompanha com o olhar.
— Zel do céu! Me jogo em cima dela, com cara de horrorizada.
— Fala, amiga, me conte tudo e não me esconda nada. Nem os detalhes mais sórdidos. Ela lambe os beiços.
— Amiga... que vergonha...
— O que foi?
— Zel... Respiro fundo e tapo o rosto.
— Eu acho que fiz xixi na cama do Emma.
— Como assim, Regina Maria? Ela prende o riso.
— Eu não sei... ela estava dentro de mim e parecia que ela tinha meu manual, ela me tocava em todos os cantos e eu ficava louca... me segurei até onde deu, mas quando menos percebi... acho que... eu fiz...
— Mas tinha cheiro?
— Não! Afirmo. Meu Deus, seria um mico maior se tivesse.
— E tipo, saiu tudo de uma vez em um longo fluxo ou foi pausadamente, como vários jatos?
— Vários jatos. Aperto as mãos contra o rosto com mais força.
— Regina Maria, meu amor, você esguichou. Você teve um orgasmo. Ela me abraça e comemora, feito uma doida.
— Quê? Como assim? — tento acompanhar o raciocínio, mas fico até zonza.
— Você soltou jatos de prazer, meu amor. Não era xixi! Céus... isso explica muita coisa... principalmente a cara de safada de Emma depois de ver aquilo, eu sei que ela viu. E ela ficou todo manhosa e me tratou de um jeito tão fofo...
— Vai, garota! Me diz tudo logo de uma vez! Que horas você voltou ontem?
— Tarde da noite, acho que umas três da manhã.
— Três?
— Três. Da manhã.
— Agora me dê uma notícia boa, Regina Maria. Me faça ter orgulho de você.
— Eu estava na vizinha. Jogo no ar e vejo-a girar onde está, ela abre os braços e abre bem a boca.
— Não?!
— Sim.
— E aí? Não me decepcione, Regina Maria. Vinte e cinco anos nessa fuça, me dá orgulho, garota!
— Nós transamos. Revelo. A louca solta um grito e começa a bater com os pés no chão.
— Espera... Ela põe a mão no peito e respira fundo. Um segundo de silêncio para expandir a tensão.
— Foi bom? Ela pergunta. A pergunta que vale um milhão de dólares.
— As quatro vezes.
— As...? Ela precisa fazer uma pausa. De verdade. Ela arregala os olhos e encara meu corpo, sobe o meu pijama e fica vendo umas marcas de chupões e tapas e apertos que não saíram até agora.
— Amiga... vou até te levar na delegacia para fazer exame de agressão, o que que foi isso?
— Isso foi o paraíso. Preciso dizer.
— Ela pelo menos durou? Ou é borracha fraca também? Goza rápido? Ai amiga, não me diga que foram 3 minutinhos... Ela está buscando algum defeito, porque deve estar com inveja, a coitada.
— E eu lá tenho cara de que cronometrei o sexo, menina? Eu tenho cara de quê? De protagonista de livro erótico que tem a régua na língua e quando vê o negócio das pessoas já diz: dezoito centímetros? Eu não cronometrei nada não. Mas a propósito, 24.
— Regina Maria... Ela diz horrorizada, essa palhaça.
— Só sei que quando entrei no quarto dela, era fim de tarde. Quando saímos do banho, depois dela me... você sabe, na banheira, já era meia noite.
— Regina Maria do céu... Ela tapa a boca.
— Não me arrependo de nada. Só do fato de não conseguir andar direito. Será que esse tempo que fiquei sem... você sabe... eu fiquei virgem de novo?
— Só se for virgem psicologicamente, né? Ela me dá um tapa.
—Amiga, estou feliz por você! A vizinha é um partidão.
— Eu sei. Afasto a cortina para ver se a encontra por ali, dando sopa, naquele quarto maravilhoso, mas nenhum sinal.
— Falando em partidão... acho melhor você descer... Ela sorri de um jeito malévolo.
— O que foi? Robin está aqui?
— Só por cima do meu cadáver! Ela torce o nariz.
— Amiga, veste uma roupa e desce. É sério.
— O que houve? Começo a ficar aflita.
— Só faz o que estou te mandando. Ela arregala os olhos de um jeito imperativo. Asseio os cabelos e vou até o banheiro para fazer minha higiene matinal. Visto uma roupa bem básica, de ficar dentro de casa mesmo, não estou com cabeça para vestir a roupa do trabalho. Ao descer... Ué? Será que eu desci no lugar errado? Essa é mesmo a minha casa? Tem um monte de gente aqui. Não, espera, não é só um monte de gente. Tem manequins, araras abarrotadas de roupas, caixas gigantes e pequenas, um biombo no canto da sala e Belle, perplexa, tentando dizer para as pessoas onde elas devem ficar. Não há tanto espaço assim para tudo e todos ali embaixo.
— Ela acordou. Zelena anuncia. O que está havendo, meu Deus do céu?
— O que é tudo isso? Pergunto.
— Ainda estou me fazendo a mesma pergunta, mas na dúvida, boba, aceita. Ela diz.
— Aceitar o quê, maluca? Olho ao redor.
— O que é tudo isso? Repito, aflita.
— Bom, acho que você arranjou um anjo da guarda. Belle diz e segura minha mão. Ao chegar na sala vejo caixas luxuosas de marcas caríssimas. Agora é sério, o que é tudo isso e se for uma pegadinha eu ficarei muito irritada!
— Quem são vocês? Pergunto para toda aquela gente.
— Estilistas, é claro. O careca com óculos redondo, cruza os braços.
— Agora, vamos! Não temos o dia todo, vamos tirar suas medidas!
— Mas de onde vocês vieram? Da Prada?! A moça com ar de modelo de passarela pergunta, ofendidíssima.
— Gucci? Ouço outro.
— Armani? Givenchy? Chanel? Cada um vai dizendo, como se fossem seus nomes.
— Que piada é essa?
— Vamos, docinho, não temos o dia todo. Você tem uma semana de casamento para ir e nós precisamos deixar sua indumentária impecável. O homem de terno xadrez e óculos redondo vem em minha direção.
— Mas não sou eu quem vou casar... Olho tudo aquilo, desesperada. Definitivamente eu não tenho como pagar nada disso, nem mesmo se eu trabalhar a vida inteira e reencarnar e quem sabe reencarnar mais sete vezes só pra dirimir o karma e os juros dessas roupas de alto padrão.
— Mas é você quem vai destruir o casamento. Ele mexe nos óculos. Jimmy, a propósito.
— Regina Maria. Fico tão desnorteada que dou meu nome.
— Mas ninguém me chama assim... Só... Regina.
— Certo, Regina. Jimmy sorri.
— Precisamos tirar suas medidas para ajustar as roupas, depois confira se as bolsas são de seu agrado, são as melhores da última e nova coleção. Tem até coisa que ainda não foi apresentada, uns sapatos de salto alto exclusivos que talvez não cheguem esse ano às lojas... Ele começa a dizer sem parar, o que me deixa ainda mais zonza. Será que eu fiquei bêbada ontem e banquei a rica para comprar tudo isso? Não faz parte do meu feitio.
— Moço, eu não tenho como pagar. Digo desesperada.
— Ainda bem que já estão pagas. Ele diz, tão suave que parece que flutua.
— Mas por quem? Teria sido Robin ? Não faz sentido algum isso!
— Estamos no endereço certo? A azeda com cara de top model pergunta.
— Regina Mills, é o número... bom... é, estamos no endereço certo
— Jimmy confere.
— Tá, mas quem pagou por tudo isso?
— Emma Swan... Jimmy pisca os olhos com demora.
— É claro. Tive até a impressão de ver a desgraçada pela janela da cozinha. Saí de casa deixando um rastro de fogo e fui até a mansão da vizinha gostosa. Sim, aquela que fez um show particular para mim ontem e me deixou assim, nesse estado, em que não consigo nem chegar na voadora. Eu queria. Dar uma chave de perna nessa desgraçada! Isso é algum tipo de piada? Bato bem forte na porta da casa dela. Ou ela abre isso ou eu coloco abaixo! Na segunda vez que pego impulso para bater mais forte, a porta se abre. E eu, é claro, pendo para frente, dou um soco na direção do abdômen dela e quase caio. Emma me segura, mas leva a pancada na barriga.
— Nossa, desculpa, não foi a intenção Tento massagear no lugar. Na verdade, era a intenção até metade do caminho. Depois eu pensei: será mesmo que a melhor forma de agradecer alguém que te dá tantos presentes é com um soco no estômago? E cá estamos nós. E essa cretina está incrivelmente linda. Usa uma camisa social branca de mangas compridas, ressaltando os atributos do seu corpo tão
grande e suculento. Espera. Eu disse suculento? O que está havendo comigo? E calça azul marinho, sapatos italianos finíssimos e um cinto que deve ter custado metade do meu guarda-roupa. O relógio no pulso deve custar apenas uns dez anos do meu trabalho, acho. Coisa pouca.
— Uau.
— O que foi? Ela pousa uma das mãos no abdômen e me afasta com a outra.
— Emma Swan, você pode me dizer o que é isso? Pego a bolsa na outra mão e quase bato na cara dela.
— É uma Prada. Ela se desvia, o que me faz querer rir.
— Desculpa, os golpes não estão sendo intencionais. Só estou um pouco alterada.
— Um pouco?!
— Emma, o que significa tudo isso? Fecho a porta e o empurro para dentro da própria casa.
— Ah... eles chegaram... ela levanta a sobrancelha.
— Te acordaram? Pedi que não a incomodassem, mas...
— Me responde! O que é tudo aquilo? Emma respira fundo e me olha no fundo dos olhos. Pousa as duas mãos em meus ombros. Esse é o momento em que ela me chacoalha e pede para eu parar de ser louca, tipo a Zelena?
— Você quer chamar a atenção do seu ex. E eu vou te ensinar, passo a passo, como destruir o coração de um homem. Então, aproveite, bebê.
— Você... Digo no automático, irritada. Mas depois processo o que ela disse.
— Espera. Você fez isso por mim? Para a minha ideia louca de atazanar o meu ex?
— É o que parece. Ela anui com calma.
— Mas... como você vai pagar? Emma, você sabe quanto custa uma bolsa dessa? Puxo o objeto com tanta intensidade que quase acerto o rosto dela de novo.
— Na verdade, eu sei. Ela desvia, toma a bolsa das minhas mãos e não me devolve até que eu recobre o mínimo de juízo.
— Isso... Essa bolsa, só essa maldita bolsa deve custar, sei lá, mais do que eu ganho por ano?
— Nossa. Ela suspira.
— Você ganha tão mal assim? Ela lamenta.
— Sua idiota! — dou um tapa no ombro dela.
— Como você vai pagar por isso? Emma parece estar se divertindo com a minha cara, essa cretina. Essa deliciosa e cremosa cretina, suculenta e crocante. Vontade de morder o ombro dela, igual ontem à noite. Eu sei, eu sou muito carnívora. Minhas ancestrais não aprimoraram a lança e arco e flecha para ir caçar qualquer carne. Só a de primeira linha. Emma segura a minha mão e me leva mais adentro da sua casa, me senta no sofá e se senta na poltrona à frente.
— Regina...
— Meu Deus. Esse é o momento. Me arrepio toda.
— Que momento? Ela pergunta, confusa.
— Aquele. Você sabe. Emma arqueia a sobrancelha e eu aponto o indicador para ela.
— Eu sei. Eu sei o que você é. Tapo a boca.
— Pois é... eu...
— Não. Você precisa dizer: “diga. Diga em voz alta”.
— Espera. Isso parece muito confuso para mim, não sei do que estamos falando. Ela coça a ponta do nariz.
— Você é uma... vampira. Arregalo os olhos. Emma olha ao redor, em completo silêncio. Depois seu olhar retorna para mim, completamente intrigada. Ela permanece em silêncio por mais algum tempo e eu espero que ela me diga a verdade.
— Desculpa, eu sempre quis ser a Bella Sw...
— Eu sou bilionária. Ela diz. Caralho. Era mais fácil ela ser vampira! Como assim?
— Quê?
— É. Muitos zeros na conta em frente a um número. É isso. Esse é o meu segredo. Tcharam! Ela abre as mãos na última palavra e abre um sorriso de “surpresa!”. E eu estou mesmo surpresa. De verdade. Então acho que esse é outro filme.
— Meu Deus... você tem gostos peculiares... Tapo a boca.
— Ok, vamos retornar para o papo real, porque você está me deixando confusa, eu não entendo o que você está falando.
— Você se chama Christian, na verdade?
— Emma. ela responde.
— Swan.
— Tá. Tento acompanhar. Mas está difícil.
— Espera, você ganhou um bilhão de dólares sendo stripper? Então está valendo mesmo a pena vender o corpo! Agora ela realmente ficou curiosa. Emma cruzou as pernas e uniu as duas mãos em cima do colo e me analisou dos pés à cabeça.
— Você não faz mesmo ideia de quem eu sou. Ela levanta a sobrancelha.
— Emma Swan. Digo. Ou não? Será que o nome dela é Christian mesmo?
— Espera, você disse que eu era o quê?
— Stripper. Acompanhante de luxo... você sabe, garota de... não? NÃO!? Eu estou passada, engomada, colocada no cabide, retirada, usada e jogada no balde de roupa suja. O mundo deu tantas voltas aqui que eu acho que o meu ponto passou e eu não desci do ônibus. O que está acontecendo?
Não, é sério, essa pergunta resume a minha existência: o que está acontecendo?
— O que te faz pensar que eu seja stripper?
— O seu corpo. Delicioso, por sinal. Preciso pontuar, com um sorriso que chega a queimar minhas bochechas.
— Quê isso, você que é, bebê. Ela pisca.
— Mas... você não é... ou é?! Por que se for... acho que estou no ramo errado. Começo a coçar o queixo.
— Mas se não estavam me comendo nem de graça... Murmuro para mim mesma, pensativa.
— Eu não sou stripper. Nem acompanhante de luxo. Nem garota de programa. Ela diz com tanta firmeza que ou ela realmente é e quer esconder a identidade secreta ou ela... não é. Como assim ela não é?
— O que você é então? Pergunto, temerosa. Será que ela sequestra pessoas e vende os órgãos delas? Meu Deus do céu, isso explica a banheira tão grande! Ou será que ela é tipo o cara por detrás do tráfico em Miami? Meu Deus, será que ainda dá para chamar a polícia?
— Eu sou uma investidora. Nossa. Que sem graça.
— Já fui CEO de uma grande empresa, mas o dono dela e eu tivemos choques de interesse. Então passei a usar o meu dinheiro para investir em empresas, projetos, pessoas... e os zeros continuam aumentando na conta. É isso. Ok, ela é mesmo o Christian Grey.

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Show de vizinha
HumorRegina Mills sempre corre atrás do que quer. Ela batalhou muito para ter a sua pequena agência de eventos em Miami e um relacionamento de dez anos com Robin Hood, coisas das quais ela se orgulha muito. Até que após um incrível final de semana com se...