cap 14

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Regina Mills
 
Dou um salto da cama quando vejo Zelena parada, de braços cruzados, em frente à porta do meu quarto.
Acordou, não foi, Bela Adormecida? Ela desdenha.
Aonde estou? O que houve? O que você está fazendo aqui? Olho ao redor. Será que a noite anterior não passou de um sonho?
— Ah, eu que gostaria de saber. Zel pega uma lixa de unha e começa o serviço.
— Não vi a hora que a princesa voltou para casa ontem. Tudo bem? Onde esteve?
— Eu... estive... Pelo visto não foi um sonho. Não mesmo. Cadê a droga dos meus atestados? Tento me levantar, mas minhas coxas doem. E eu estou menos tensa do que de costume, Zelena não esconde o riso e me acompanha com o olhar.
— Zel do céu! Me jogo em cima dela, com cara de horrorizada.
— Fala, amiga, me conte tudo e não me esconda nada. Nem os detalhes mais sórdidos. Ela lambe os beiços.
— Amiga... que vergonha...
O que foi?
— Zel... Respiro fundo e tapo o rosto.
— Eu acho que fiz xixi na cama do Emma.
Como assim, Regina Maria? Ela prende o riso.
— Eu não sei... ela estava dentro de mim e parecia que ela tinha meu manual, ela me tocava em todos os cantos e eu ficava louca... me segurei até onde deu, mas quando menos percebi... acho que... eu fiz...
— Mas tinha cheiro?
— Não!  Afirmo. Meu Deus, seria um mico maior se tivesse.
— E tipo, saiu tudo de uma vez em um longo fluxo ou foi pausadamente, como vários jatos?
Vários jatos. Aperto as mãos contra o rosto com mais força.
— Regina Maria, meu amor, você esguichou. Você teve um orgasmo. Ela me abraça e comemora, feito uma doida.  
Quê? Como assim? — tento acompanhar o raciocínio, mas fico até zonza.
— Você soltou jatos de prazer, meu amor. Não era xixi! Céus... isso explica muita coisa... principalmente a cara de safada de Emma depois de ver aquilo, eu sei que ela viu. E ela ficou todo manhosa e me tratou de um jeito tão fofo...
— Vai, garota! Me diz tudo logo de uma vez! Que horas você voltou ontem?
— Tarde da noite, acho que umas três da manhã.
Três?
— Três. Da manhã.
— Agora me dê uma notícia boa, Regina Maria. Me faça ter orgulho de você.
— Eu estava na vizinha. Jogo no ar e vejo-a girar onde está, ela abre os braços e abre bem a boca.
Não?!
Sim.
E aí? Não me decepcione, Regina Maria. Vinte e cinco anos nessa fuça, me dá orgulho, garota!
— Nós transamos. Revelo. A louca solta um grito e começa a bater com os pés no chão.
Espera... Ela põe a mão no peito e respira fundo. Um segundo de silêncio para expandir a tensão.
Foi bom? Ela pergunta. A pergunta que vale um milhão de dólares.
As quatro vezes.
As...? Ela precisa fazer uma pausa. De verdade. Ela arregala os olhos e encara meu corpo, sobe o meu pijama e fica vendo umas marcas de chupões e tapas e apertos que não saíram até agora.
Amiga... vou até te levar na delegacia para fazer exame de agressão, o que que foi isso?
— Isso foi o paraíso. Preciso dizer.
— Ela pelo menos durou? Ou é borracha fraca também? Goza rápido? Ai amiga, não me diga que foram 3 minutinhos... Ela está buscando algum defeito, porque deve estar com inveja, a coitada.
— E eu lá tenho cara de que cronometrei o sexo, menina? Eu tenho cara de quê? De protagonista de livro erótico que tem a régua na língua e quando vê o negócio das pessoas já diz: dezoito centímetros? Eu não cronometrei nada não. Mas a propósito, 24.
Regina Maria... Ela diz horrorizada, essa palhaça.
— Só sei que quando entrei no quarto dela, era fim de tarde. Quando saímos do banho, depois dela me... você sabe, na banheira, já era meia noite.
Regina Maria do céu... Ela tapa a boca.
— Não me arrependo de nada. Só do fato de não conseguir andar direito. Será que esse tempo que fiquei sem... você sabe... eu fiquei virgem de novo?
— Só se for virgem psicologicamente, né? Ela me dá um tapa.
—Amiga, estou feliz por você! A vizinha é um partidão.
— Eu sei. Afasto a cortina para ver se a encontra por ali, dando sopa, naquele quarto maravilhoso, mas nenhum sinal.
Falando em partidão... acho melhor você descer... Ela sorri de um jeito malévolo.
O que foi? Robin  está aqui?
— Só por cima do meu cadáver! Ela torce o nariz.
— Amiga, veste uma roupa e desce. É sério.
— O que houve? Começo a ficar aflita.
— Só faz o que estou te mandando. Ela arregala os olhos de um jeito imperativo. Asseio os cabelos e vou até o banheiro para fazer minha higiene matinal. Visto uma roupa bem básica, de ficar dentro de casa mesmo, não estou com cabeça para vestir a roupa do trabalho. Ao descer... Ué? Será que eu desci no lugar errado? Essa é mesmo a minha casa? Tem um monte de gente aqui. Não, espera, não é só um monte de gente. Tem manequins, araras abarrotadas de roupas, caixas gigantes e pequenas, um biombo no canto da sala e Belle, perplexa, tentando dizer para as pessoas onde elas devem ficar. Não há tanto espaço assim para tudo e todos ali embaixo.
— Ela acordou. Zelena anuncia. O que está havendo, meu Deus do céu?
— O que é tudo isso? Pergunto.
— Ainda estou me fazendo a mesma pergunta, mas na dúvida, boba, aceita. Ela diz.
— Aceitar o quê, maluca? Olho ao redor.
 — O que é tudo isso? Repito, aflita.
— Bom, acho que você arranjou um anjo da guarda. Belle diz e segura minha mão. Ao chegar na sala vejo caixas luxuosas de marcas caríssimas. Agora é sério, o que é tudo isso e se for uma pegadinha eu ficarei muito irritada!
— Quem são vocês? Pergunto para toda aquela gente.
— Estilistas, é claro. O careca com óculos redondo, cruza os braços.
— Agora, vamos! Não temos o dia todo, vamos tirar suas medidas!
Mas de onde vocês vieram? Da Prada?! A moça com ar de modelo de passarela pergunta,  ofendidíssima.
Gucci? Ouço outro.
Armani? Givenchy? Chanel? Cada um vai dizendo, como se fossem seus nomes.
Que piada é essa?
— Vamos, docinho, não temos o dia todo. Você tem uma semana de casamento para ir e nós precisamos deixar sua indumentária impecável. O homem de terno xadrez e óculos redondo vem em minha direção.
— Mas não sou eu quem vou casar... Olho tudo aquilo, desesperada. Definitivamente eu não tenho como pagar nada disso, nem mesmo se eu trabalhar a vida inteira e reencarnar e quem sabe reencarnar mais sete vezes só pra dirimir o karma e os juros dessas roupas de alto padrão.
— Mas é você quem vai destruir o casamento. Ele mexe nos óculos.  Jimmy, a propósito.
— Regina Maria. Fico tão desnorteada que dou meu nome.
Mas ninguém me chama assim... Só... Regina.
Certo, Regina.  Jimmy sorri.
— Precisamos tirar suas medidas para ajustar as roupas, depois confira se as bolsas são de seu agrado, são as melhores da última e nova coleção. Tem até coisa que ainda não foi apresentada, uns sapatos de salto alto exclusivos que talvez não cheguem esse ano às lojas... Ele começa a dizer sem parar, o que me deixa ainda mais zonza. Será que eu fiquei bêbada ontem e banquei a rica para comprar tudo isso? Não faz parte do meu feitio.
— Moço, eu não tenho como pagar. Digo desesperada.
— Ainda bem que já estão pagas. Ele diz, tão suave que parece que flutua.
Mas por quem? Teria sido Robin ? Não faz sentido algum isso!
— Estamos no endereço certo? A azeda com cara de top model pergunta.
Regina Mills, é o número... bom... é, estamos no endereço certo
— Jimmy confere.
— Tá, mas quem pagou por tudo isso?
— Emma Swan...  Jimmy pisca os olhos com demora.
É claro. Tive até a impressão de ver a desgraçada pela janela da cozinha. Saí de casa deixando um rastro de fogo e fui até a mansão da vizinha gostosa. Sim, aquela que fez um show particular para mim ontem e me deixou assim, nesse estado, em que não consigo nem chegar na voadora. Eu queria. Dar uma chave de perna nessa desgraçada! Isso é algum tipo de piada? Bato bem forte na porta da casa dela. Ou ela abre isso ou eu coloco abaixo! Na segunda vez que pego impulso para bater mais forte, a porta se abre. E eu, é claro, pendo para frente, dou um soco na direção do abdômen dela e quase caio. Emma me segura, mas leva a pancada na barriga.
Nossa, desculpa, não foi a intenção Tento massagear no lugar. Na verdade, era a intenção até metade do caminho. Depois eu pensei: será mesmo que a melhor forma de agradecer alguém que te dá tantos presentes é com um soco no estômago? E cá estamos nós. E essa cretina está incrivelmente linda. Usa uma camisa social branca de mangas compridas, ressaltando os atributos do seu corpo tão
grande e suculento. Espera. Eu disse suculento? O que está havendo comigo? E calça azul marinho, sapatos italianos finíssimos e um cinto que deve ter custado metade do meu guarda-roupa. O relógio no pulso deve custar apenas uns dez anos do meu trabalho, acho. Coisa pouca.
Uau.
O que foi? Ela pousa uma das mãos no abdômen e me afasta com a outra.
— Emma Swan, você pode me dizer o que é isso? Pego a bolsa na outra mão e quase bato na cara dela.
É uma Prada. Ela se desvia, o que me faz querer rir.
— Desculpa, os golpes não estão sendo intencionais. Só estou um pouco alterada.
Um pouco?!
— Emma, o que significa tudo isso? Fecho a porta e o empurro para dentro da própria casa.
Ah... eles chegaram... ela levanta a sobrancelha.
Te acordaram? Pedi que não a incomodassem, mas...
— Me responde! O que é tudo aquilo? Emma respira fundo e me olha no fundo dos olhos. Pousa as duas mãos em meus ombros. Esse é o momento em que ela me chacoalha e pede para eu parar de ser louca, tipo a Zelena?
— Você quer chamar a atenção do seu ex. E eu vou te ensinar, passo a passo, como destruir o coração de um homem. Então, aproveite, bebê.
Você... Digo no automático, irritada. Mas depois processo o que ela disse.
Espera. Você fez isso por mim? Para a minha ideia louca de atazanar o meu ex?
— É o que parece. Ela anui com calma.
Mas... como você vai pagar? Emma, você sabe quanto custa uma bolsa dessa? Puxo o objeto com tanta intensidade que quase acerto o rosto dela de novo.
— Na verdade, eu sei. Ela desvia, toma a bolsa das minhas mãos e não me devolve até que eu recobre o mínimo de juízo.
Isso... Essa bolsa, só essa maldita bolsa deve custar, sei lá, mais do que eu ganho por ano?
Nossa. Ela suspira.
Você ganha tão mal assim? Ela lamenta.
— Sua idiota! — dou um tapa no ombro dela.
— Como você vai pagar por isso? Emma parece estar se divertindo com a minha cara, essa cretina. Essa deliciosa e cremosa cretina, suculenta e crocante. Vontade de morder o ombro dela, igual ontem à noite. Eu sei, eu sou muito carnívora. Minhas ancestrais não aprimoraram a lança e arco e flecha para ir caçar qualquer carne. Só a de primeira linha. Emma segura a minha mão e me leva mais adentro da sua casa, me senta no sofá e se senta na poltrona à frente.
— Regina...
— Meu Deus. Esse é o momento. Me arrepio toda.
Que momento? Ela pergunta, confusa.
Aquele. Você sabe. Emma arqueia a sobrancelha e eu aponto o indicador para ela.
Eu sei. Eu sei o que você é. Tapo a boca.
Pois é... eu...
— Não. Você precisa dizer: “diga. Diga em voz alta”.
— Espera. Isso parece muito confuso para mim, não sei do que estamos falando. Ela coça a ponta do nariz.
Você é uma... vampira. Arregalo os olhos. Emma olha ao redor, em completo silêncio. Depois seu olhar retorna para mim, completamente intrigada. Ela permanece em silêncio por mais algum tempo e eu espero que ela me diga a verdade.
Desculpa, eu sempre quis ser a Bella Sw...
— Eu sou bilionária. Ela diz. Caralho. Era mais fácil ela ser vampira! Como assim?
Quê?
— É. Muitos zeros na conta em frente a um número. É isso. Esse é o meu segredo. Tcharam! Ela abre  as mãos na última palavra e abre um sorriso de “surpresa!”. E eu estou mesmo surpresa. De verdade. Então acho que esse é outro filme.
— Meu Deus... você tem gostos peculiares... Tapo a boca.
Ok, vamos retornar para o papo real, porque você está me deixando confusa, eu não entendo o que você está falando.
— Você se chama Christian, na verdade?
— Emma. ela responde.
— Swan.
— Tá. Tento acompanhar. Mas está difícil.
— Espera, você ganhou um bilhão de dólares sendo stripper? Então está valendo mesmo a pena vender o corpo! Agora ela realmente ficou curiosa. Emma cruzou as pernas e uniu as duas mãos em cima do colo e me analisou dos pés à cabeça.
— Você não faz mesmo ideia de quem eu sou. Ela levanta a sobrancelha.
— Emma Swan. Digo. Ou não? Será que o nome dela é Christian mesmo?
Espera, você disse que eu era o quê?
Stripper. Acompanhante de luxo... você sabe, garota de... não? NÃO!? Eu estou passada, engomada, colocada no cabide, retirada, usada e jogada no balde de roupa suja. O mundo deu tantas voltas aqui que eu acho que o meu ponto passou e eu não desci do ônibus. O que está acontecendo?
Não, é sério, essa pergunta resume a minha existência: o que está acontecendo?
— O que te faz pensar que eu seja stripper?
— O seu corpo. Delicioso, por sinal. Preciso pontuar, com um sorriso que chega a queimar minhas bochechas.
— Quê isso, você que é, bebê. Ela pisca.
— Mas... você não é... ou é?! Por que se for... acho que estou no ramo errado. Começo a coçar o queixo.
Mas se não estavam me comendo nem de graça... Murmuro para mim mesma, pensativa.
— Eu não sou stripper. Nem acompanhante de luxo. Nem garota de programa. Ela diz com tanta firmeza que ou ela realmente é e quer esconder a identidade secreta ou ela... não é. Como assim ela não é?
— O que você é então? Pergunto, temerosa. Será que ela sequestra pessoas e vende os órgãos delas? Meu Deus do céu, isso explica a banheira tão grande! Ou será que ela é tipo o cara por detrás do tráfico em Miami? Meu Deus, será que ainda dá para chamar a polícia?
— Eu sou uma investidora. Nossa. Que sem graça.
— Já fui CEO de uma grande empresa, mas o dono dela e eu tivemos choques de interesse. Então passei a usar o meu dinheiro para investir em empresas, projetos, pessoas... e os zeros continuam aumentando na conta. É isso. Ok, ela é mesmo o Christian Grey.

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