cap 15

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Regina Mills
 
Levanto-me de supetão e começo a vasculhar a casa, dessa vez com fúria e mais concentração. Emma de início fica parada, ainda com seu semblante blasé, mas não demora em seguir o meu rastro.
O que foi? Ela pergunta, atrás de mim.
Onde está? Eu devolvo e saio abrindo as portas.
Onde está o quê, Regina? Ela retorque.
O seu quarto vermelho! Onde está? Continuo caçando, avidamente. Emma me puxa pelo braço e não precisa de muito esforço para trazer-me para seu corpo. Me encara com demora e levanta bem as
sobrancelhas. É agora. Ele vai dizer a verdade. Eu estou preparada. Esse é o meu momento.
O que diabos é um quarto vermelho? Ela franze a testa.
Tá... Respiro, ainda suspeitando de algo, porque alguma peça definitivamente não se encaixa. Mas talvez não seja o fato dela ser o Grey. O que é uma pena.
Desculpa... eu não acordei bem hoje, foi só isso.
Só?
Mas que raio de história é essa? Como assim você não é stripper, Emma? Como ela pode me enganar assim? Se bem que, ela não disse nada, fui eu que teorizei tudo. Ainda assim, ela deveria ter lido meus pensamentos e os corrigido! Eu hein... Agora eu vou ficar parecendo a maluca só porque
tirei suposições do que as coisas aparentavam? Ela também é culpada! Quem manda ficar trazendo tanta mulher para dentro de casa e apresentando seu show maravilhoso para elas? Cruzo os braços e solto fogo pelas ventas, retorno para a sala e me jogo no sofá.
Tá. Vamos do começo, acho que me perdi.
— Tudo bem. O que você quer saber?
Como assim você é rica? Então você não mora nessa casa de aluguel? Fico boquiaberta, olhando tudo aquilo.
— Não. Ela diz com simplicidade, sequer pisca.
Nossa... então você tem algum dinheiro mesmo. Avalio.
— Sou dona de todas as casas desse bairro. Bom, não todas, na verdade, uma ou outra não me pertence. Minha avó me deixou esse pequeno presente. Pequeno? Presente? Sua avó? Quer dizer que ela nem gastou dinheiro do próprio bolso para ter aquilo tudo?
— Espera. Você é dona da casa que eu moro? Pergunto. Ela acena positivamente com a cabeça e prende o riso quando eu arregalo os olhos e me jogo nela.
Ok, podemos falar do aluguel? Me aproveito logo. Porque de boba eu não tenho nada, só a cara.
— Vou pensar no seu caso.  Emma faz um bico e cruza as pernas.
— O que mais quer saber?
Por quê?
— Por que o quê?
— Exatamente. Pisco meus olhos com demora.
Por quê?
— Você tomou seu café da manhã hoje?  Emma se aproxima e examina o meu rosto.
— Não, desculpe-me senhora bilionária, eu não tive tempo, minha casa foi invadida por umas pessoas esnobes e fashionistas com bolsas, roupas e sapatos. Emma ri. O que é tão engraçado, sua cavala?
— Você não disse que gostava de “Uma Linda Mulher”, Regina? Espera. Ela realmente ouviu tudo o que eu disse? E se lembra de nossas conversas? Agora realmente estou surpresa. Emma tem muitos
atributos, mas de longe, ser atenciosa dispara na frente.
— Mas eu não deveria ir nas lojas? É a minha vez de fazer um bico.
— Eu sou rica o suficiente para trazer as lojas até você. Mas se faz tanta questão de ir nos lugares mais caros comprar o que quiser... Aponto para ela.
— É isso. Aponto o indicador.
Por quê? Por que você está me dando tudo isso? Por que quer me levar nos lugares mais caros para eu comprar o que quiser, Emma? Não sei se me agradarei com a resposta. Talvez ela seja ríspida
demais ou Emma zombe de mim. Até fecho os olhos para absorver o impacto.
Porque você é a minha linda mulher. Eu senti o impacto daqui. E ao sentir sua mão quente e macia por cima da minha, abro bem os olhos e fico em estado de alerta. Eu vim parar em outra dimensão? Gostaria de avisar a todos os envolvidos que não aceito retornar, hein?
E porque, obviamente, eu tenho prazer em te ajudar. Acho que já disse isso.
— Acho. Olho-a, desconfiada.
— Pois muito bem. Agora volte para casa porque eles precisam tirar as suas medidas para ajustar todas as roupas.
— Você me quer bonita no casamento do Robin , é isso. Penso alto.
Eu não te quero bonita, bebê. Você é bonita. Você é deslumbrante. Eu te quero pronta para arrancar o coração dele. Deixar aquele homem na sua mão. Fazê-lo se arrepender de ter se metido com você. E para isso, precisamos admitir que Robin  é um homem que vive de aparências. É. É verdade, resumiu o cara em um tweet na última frase, gostei.
— E vamos construir ao seu redor a aparência da mulher perfeita que ele perdeu. Não que precise de muito, mas faltavam as roupas caras, as bolsas de grife, os sapatos, e é claro, as joias e o celular do ano.
— Eu não recebi nenhum celular.
— Eu queria te entregar pessoalmente. Ela anda até o lado do aquário e traz uma caixa.
Surpresa.
— Estou com medo de você.
— Eu sou o tipo de mulher que move mundos e fundos para conseguir o que quero. E dessa vez eu farei isso por você. Mas por que meu Deus? Por que eu? Não que eu esteja negando. Obrigada pelos diamantes, Emma. Obrigada pelas bolsas, eu vou me sentir um nojo com elas. Agora as pessoas vão discutir com a minha Prada e não comigo. Mas... por que... eu?
— Ok. Preciso de tempo para digerir isso.
— Novamente, o tempo não está em seu favor. Acho que você começa a trabalhar na semana do casamento... Depois de amanhã?
Depois de amanhã — repito alto e divago em meus pensamentos. Céus, o tempo correu!
— Então é bom que digira todas essas coisas o mais rápido possível. E se prepare para ser levada para o mundo dos ricaços de Miami, porque eu vou te ensinar, passo a passo, a como destruir o coração do Robin . E para isso você vai precisar dar um salto na vida.
— O que quer dizer?
— É um mundo de aparências, Regina. Um mundo de contatos, de fotos, de marcar presença nos lugares mais luxuosos e bem frequentados.
— Eu não tenho dinheiro, nem perfil e nem roupa para uns eventos assim. Emma levanta a sobrancelha bem alto.
— Por isso eu te dei de presente um novo guarda-roupa. E relaxe, senhorita Mills. A partir de hoje eu sou o seu cartão de crédito. Dinheironão será problema. E sobre o perfil... eu cuido disso. Fico parada olhando para ela. Emma meneia a cabeça e me examina, percebe que eu não me movo nem um centímetro e volta a franzir a testa.
Está tudo bem por aí? Ela pergunta.
— Acho que sim. Pisco os olhos devagar.
—, mas você ainda me assusta.
— Que bom que estamos no mesmo time, então...
 
Emma Swan
Acompanho Regina até a sua casa para garantir que ela chegue sã e salva. Ela parece estar aérea, perdida em seus próprios pensamentos, e a julgar que ela não viu a cerca, tropeçou e caiu, na primeira vez que esteve aqui, é melhor que evitemos novos constrangimentos. Acabo me perguntando se fiz o certo em contar-lhe sobre eu ser rica, mas acho que isso pode evitar que ela pesquise mais a fundo sobre meus antecedentes e descubra que na verdade eu sou uma Farrah. Ainda estou surpresa que ela não descobriu. Elsa e eu não somos idênticas, mas temos semelhanças muito claras. A diferença entre a Emma do passado e a de agora é, certamente, o cabelo um tanto maior e o corpo mais bem cuidado. E é claro, os sinais de expressão no rosto de tanta preocupação com o Henry.
— Foi um prazer vê-la tão cedo, o dia começou bem hoje. Comento. Regina me encara como se quisesse me matar.
— Não quer entrar?
— Não irei atrapalhá-la, divirta-se!
— Não, você vai entrar sim, eu não vou deixar que você faça isso comigo e fique rindo sozinha da minha cara lá na sua mansão! Ela me segura pelo braço com as duas mãos e tenta me arremessar para dentro da casa. Mas quem acaba se desequilibrando e se jogando, é ela mesma. Eu fico no lugar em que estou, não me movo um centímetro.
— Você primeiro. Conserto a postura dela assim que ela se ajeita e entro em seguida. Os bons modos em primeiro lugar, é claro.
Você vai se sentir em casa, é claro. Ela rosna em um sussurro.
Porque a casa é sua.
— Não vejo porque não me sentiria bem em um lugar em que você está. Retruco e a encaro bem no fundo dos olhos. É, ela quer mesmo me matar. Dá para ver em seus olhos pegando fogo. Espero que um dia ela me entenda, a minha intenção foi das melhores. E, claro, eu poderia ter feito tudo isso sem que ela soubesse que tivesse sido eu. Eu poderia buscar um nome no passado dela e dizer que esse cara era um admirador secreto e estava disposto a presenteá-la... ou, na pior das hipóteses, deixá-la pensar que o próprio Robin  havia lhe comprado tudo aquilo. Seria divertido, quando eles se encontrassem, a confusão seria inevitável... Mas eu realmente quero ajudá-la. E mais do que isso, preciso preparar Regina para enfrentar esse mundo desconhecido em que ela pensa que pode se meter.
Não, ela não pode. Não sem se disfarçar, não sem vestir a máscara e a pele de quem está nele. Senão outros tubarões irão arrastá-la para longe de seu objetivo.
— Oi, vizinha. A ruiva vem para cima de mim. Aperto a mão dela e beijo seu rosto, ela parece ser bem simpática. E não para de chacoalhar os peitos. Legal.
— Emma, essas são Zelena.  Regina apresenta a ruiva, que vem bem para perto de mim.
— E essa é a Belle. Ela apresenta sua outra amiga, uma linda morena.
— É um prazer conhecê-las. Eu sou a Emma. Me apresento.
— Nós sabemos quem você é, vizinha. Assistimos todos os seus shows.
Shows? Arqueio a sobrancelha. Eu virei o que agora, estrela da Netflix? Fiz algum filme e não me
lembro? Estou na Tv? As três trocam risadinhas e eu as encaro, confusa. Primeiro Belle sai, depois Zelena, mas não tira os olhos de mim enquanto se afasta. E sobra Regina.
— Nossa, essa sala é realmente pequena. Avalio pelo pouco espaço que sobrou. Ou será que eu exagerei e comprei coisas demais? Não. A sala que é pequena.
— E fica ainda menor com todas essas araras e caixas e manequins.  Regina rosna.
— Preciso conseguir uma casa maior para vocês. Digo e tiro o celular do bolso para acionar Ruby.
Não! As três gritam em uníssono. E pela primeira vez na vida eu dou um passo para trás, arregalo os olhos e tento me recuperar daquele susto.
Nós gostamos daqui...  Belle diz.
E a vista é tão bonita... Zelena começa a dedilhar o cabelo.
E é o que podemos pagar.
— Cinco anos de aluguel de graça em um lugar mais apropriado, não seria melhor? Olho ao redor. Como essas três conseguem viver aqui? Nem me lembrava que a antiga casa dos meus avós era tão pequena! Por isso eles construíram a do lado, para ser mais espaçosa, abrigar os filhos e netos... e bisnetos, quem sabe...
— Do que a gostosa da nossa vizinha está falando, Regina? Zelena volta para perto dela.
— Ela é a dona dessa casa. Ela murmura.
Não?!
— Da vizinhança toda. Ela é rica. Podre de rica. Investidora, pelo que disse. A mulher foi CEO de uma das maiores empresas de Miami. E os avós dela deixaram quase o bairro inteiro para ela... Ela diz em um tom quase amargo, o que me preocupa.
— Ok! Zelena respira profundamente.
— Regina Maria, você vem aqui. Ela a agarra pelo braço, pelo visto isso é um hábito delas.
—Reunião de garotas, agora! Ela berra. Belle sai correndo ao seu encontro.
Com licença, senhora vizinha gostosa bilionária.  Zelena se despede e some com as duas após subirem as escadas. Quando menos percebo, vejo um dos caras que contratei especificamente para ajustar as roupas em Regina. O melhor alfaiate de Miami.
— Pensei que tivesse mandado você trazer tudo, isso não é nem um quarto. Cruzo os braços.
— Ficou tudo dentro do caminhão, senhora. Elas não permitiram que colocássemos mais do que isso. Ele se justifica. Não gosto de justificativas. Gosto de atitude e ação.
— Leve o resto para a minha mansão. Jogo a chave na mão dele.
— Sim, senhora. Ele diz e continua no mesmo lugar. Acho que ele não entendeu que eu quero isso...
Agora! Rosno no ouvido dele.
 
Regina Mills
— Não me chame de Regina Maria na frente dela! Me solto do aperto de Zelena.
Como assim ele é dona do bairro inteiro? Essa mulher então é muito rica! Belle diz desesperada. — E você querendo oferecer 10 mil dólares para passar uma semana com ela...  Zelena desdenha.
— Eu não sabia que ela era tão rica. Digo de forma expressiva.
— Gente, é sério que essa mulher é nossa vizinha? Como que eu não percebi ela antes?  Belle asseia os cabelos.
— Porque vivemos para o trabalho e nunca ficamos em casa, só para dormir. Digo, tendo uma leve sensação de que já disse isso antes.
— Por que me puxou aqui?
— Amiga, faz as contas.  Zelena pede.
— Zel, eu não sou de exatas, nem de humanas. Eu sou de comidas, minha flor. Fazer as contas de quê?
— A mulher é uma deusa grega, te levou nas nuvens, é dona de mais da metade desse bairro e é bilionária? Amiga? Você não está entendendo?
— O que preciso entender?
— Eu não acredito que ela ainda está pensando no Robin  nessa altura do campeonato.  Belle diz.
— O que tem? É por isso que Emma está me ajudando, para pirar a cabeça do meu ex desgraçado! Qual é o problema?
— Eu não sei você.  Zel segura na mão de Belle.
— Mas eu já teria dado essa história por encerrada e ficava com a vizinha.
Ah, isso era opção? Eu pensei que esse era o único objetivo da vida.  Belle acrescenta.
— Meninas, eu já falei. A Emma só quer me ajudar. E o que ela e eu temos é apenas... mentirinha. Tudo isso faz parte da mentirinha.
— Caralho, então eu quero bolsas de cem mil dólares para um relacionamento de mentirinha também. Belle murmura.
— Se você não ficar com essa mulher, Regina Maria, eu vou ficar. Zelena garante com uma segurança que eu nunca vi.
— Tá, já tivemos essa conversa. Depois ela pode ser todo seu.
Essa garota só pode estar brincando. Belle balança a cabeça negativamente e desce as escadas.
— Você não é nem de exatas, nem de humanas e nem de comidas, Regina Maria. Você é de burrices mesmo. É o que Zelena diz.

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