Meu amante ☘+🔥

1.1K 49 81
                                    

Millie Point Of View 

30 de agosto de 1543

Coloquei os pratos na mesa com uma panela no meio, onde estava a sopa de legumes. Limpei as minhas mãos num pano em cima da cadeira, e no mesmo momento em que me virei, as crianças correram até mim, me avisando que ele já estava aqui. 

— Mamãe, meu vestido — Amélia aponta para um grande rasgo no tecido e sinto a minha garganta se fechar. 

— Eu disse para você ter cuidado, querida — digo olhando para a garota, que abaixa a cabeça arrependida.

— Me desculpe. 

— Tudo bem, mas tente apenas esconder — digo com um sorriso nos lábios, querendo acalmá-la. Passos estavam presentes e Romeo apareceu com o semblante sério, fazendo com que Mael agarrasse a minha saia. Respirei fundo, mantendo a minha postura, e caminhei até ele, ajudando-o tirar o casaco cinza do seu corpo.

— Como foi no trabalho? — pergunto liberando um alívio disfarçado ao perceber que ele não tinha cheiro de pinga, o que era muito bom. 

— Como sempre — diz rígido, e lava a mão no balde de ferro — Você fez o que eu disse? 

— Sim... Sopa, foi o que eu fiz — respondo baixinho, e vejo o homem me olhar indignado. 

— Você está louca!? Eu disse para você fazer algo decente! Se ele reclamar, vamos parar na rua! 

— V-você não me deu dinheiro, não pude comprar nada — me afasto, e vejo Amélia esconder o irmão atrás dela, molhando o rosto de lágrimas — Está tudo bem... Estamos apenas conversando, meu anjo. 

— Minta mais pra ela, sua vadia — diz o homem perto do meu rosto, fazendo-me sentir os meus olhos arderem. Ouvi um barulho na porta, e o Romeo foi até ela para abri-la. Parando no meio do caminho e arrumando a postura  — Mude um pouco essa cara e pegue o vinho. 

— Sim, senhor.

Eu me virei para o armário e peguei o galão de vinho. Ouvi a porta se abrir e uma voz masculina falar com o Romeo, mas eu estava tão cansada que nem prestei atenção. Ainda com a cabeça longe, virei o meu corpo para olhar para o convidado, assustando-me ao ver o homem cacheado sorrir para mim. 

— Bonjur, Madame. Você deve ser a Sra. Brown, certo? — Eu nem sabia o que dizer, a minha boca abriu e fechou, mas nada saiu. 

— Sinto muito, Sr. Wolfhard. Minha mulher deve estar com a cabeça alvorada, não é? — o loiro perguntou cerrando os dentes para mim.

— S-sim, me desculpe — digo, caminhando até a mesa e enchendo um prato com sopa. Consegui notar o olhar de Finn em mim, mas tentei ignorá-lo — Posso colocar para você? 

— Não vai ser preciso, senhorita — diz levantando-se para pegar o prato — Isso está com uma cara ótima. 

— Lamento oferecer tão pouco, Wolfhard. Pedi a ela que fizesse algo decente para você, mas como Brown sai todos os dias para comprar coisas bobas, não temos dinheiro para comprar comida em casa.

 Colocar a culpa em mim, foi a melhor maneira dele se sentir o mocinho da história, o que é uma grande mentira da sua parte já que Romeo nem me dá dinheiro. Trabalho em casa e passo roupa para os ricos aqui no vilarejo. Então o único dinheiro que ganho vai para as coisas importantes para as crianças, como roupas, xaropes e higiene.

 Pensei nos meus dois filhos e no mesmo momento olhei para Wolfhard, que encarava a escada, onde os dois pequeninos nos espiavam. Especificamente o homem cacheado, no qual tentava ver melhor Amélia e Mael. O Romeo percebeu e pediu às crianças para que subissem. 

𝐎𝐍𝐄 𝐒𝐇𝐎𝐓𝐒 | 𝐅𝐢𝐥𝐥𝐢𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora