My Dear Villain

Capítulo 36

Não estava nervosa, e sim um pouco ansiosa desde que começou a conversa. Percebia nos olhos azuis-turquesa a seriedade e nas firmezas das suas palavras que ele quer se tornar um pai para Sakura, mas o fato dele ter cometido crimes terríveis a deixava receosa. Sua razão estava dividida em duas e odiava ficar nessa encruzilhada, qual delas iria escolher? Escolheria acreditar em Touya por conta das suas palavras firmes que transmitem a sua certeza e convicção no que quer ou esperar que suas ações falassem por si só? 

As palavras do portador de olhos azuis-turquesas mostravam que ele realmente quer ser uma boa pessoa, mas não poderia esquecer facilmente as suas ações criminosas como se fosse uma ação que poderia ser cometida por qualquer um, quem acreditaria em uma mudança tão rápida? Ou quem esqueceria todos os problemas que causou no Japão, principalmente as famílias que perderam seus ente queridos pelas suas mãos manchadas de sangue tão facilmente ? A escolha era óbvia, esperaria que as ações do Touya falassem por si só. 

Não importa o qual convincente o albino poderia ser, não podia se deixar enganar por palavras bonitas, pois palavras bonitas não valem nada se não forem acompanhadas por ações. 

Podia analisar os pequenos gestos que o albino como as suas mãos tremiam um pouco, quando o olhar abrandava e o tom de voz que variava entre confiante a incerta, não fazia isso por querer achar um deslize, quer dizer, em parte sim, porém fazia mais por naturalidade em analisar tudo e todos por conta da carência que sua individualidade lhe proporcionava em combates físico, que acabava levando sempre para sua vida pessoal de forma inconsciente. 

Tinha motivos para não querer uma aproximação entre Sakura e Touya. O fato que o Todoroki a sua frente foi um dos vilões mais perigosos do Japão é o motivo para ter uma preocupação enorme, pois não sabia o que se poderia passar na cabeça dele e o que a sociedade poderia fazer com a Sakura se descobrissem que tinha relação sanguínea com o Dabi, o ex-vilão. Sabia muito bem que a sociedade quando queria não era nada agradável, pois se tiver um quirk que possa ser considerado "errado", era chamado de vilão ou vilã por um bom tempo da sua vida e ter um vínculo seja familiar ou não se tornava pior ainda. Sua filha já tinha sofrimento demais para ter que carregar mais outro.

Porém tinha que ceder pelo bem da saúde e felicidade da sua filha, faria de tudo e mais um pouco pela sua filha, sua pequena flor de cerejeira. É perde em algumas coisas para ganhar em outras. Lembrar que o portador de olhos azuis-turquesas poderia de alguma forma ajudar a melhorar a saúde da sua filha é o mais importante no momento.

- Você sabe que a Sakura tem um problema de saúde relacionado com a sua individualidade ? - Perguntou de forma retórica, pois já imaginava que Hawks tinha dito alguma coisa relacionada a isso, pois o herói alado não conseguia ficar com a boca fechada e sempre se intrometia na vida alheia. 

- Pelo que eu soube, ela não pode usar a individualidade por conta que pode prejudicar de alguma maneira a sua saúde. - Respondeu com uma sobrancelha levantada e com um olhar que claramente mostrava que o albino estava tentando se lembrar de mais alguma coisa.  - Falando nisso, já sabe qual é a sua individualidade ? - Perguntou em um tom curioso.

Nesse momento, fechou os punhos com força o suficiente para suas pequenas unhas marcarem a sua pele, quando se lembrou da forma que sua filha despertou a sua individualidade. Se culpava por ter sido uma péssima mãe naquele dia e se odiaria para sempre por isso, mesmo sabendo que não teria como adivinhar que teria uma reunião importante justamente no dia que tinha marcado que passaria o dia todo com Sakura. Odiava e sempre odiaria saber que era por sua culpa ter levado a sua filha a ficar chateada ou doente.

- Até agora, só chamas azuis - respondeu com um tom de voz chateado por ter se lembrando de mais algumas coisas do passado - e não se sabe se ela tem outro quirk, mas a médica disse que a possibilidade era nula. - Acrescentou dando um suspiro um pouco cansado.