Capítulo 38

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(Flashback)

Fui caminhando até a fazenda de arroz, mesmo ainda sendo bem cedo, mas por sorte, Seungmin estava no meio do campo com uma xícara que soltava fumaça enquanto olhava para o alto. Ele não me percebeu por perto até que eu o chamasse, e ao me notar, ele deu um grande sorriso e veio andando em minha direção.

– Minho, bom dia! O que faz aqui? – ele disse simpático, o oposto do que eu esperava quando o encontrasse.

– A gente pode dar uma volta? Queria conversar com você. – pedi educadamente imaginando que poderia haver algum mal entendido em toda essa história.

– Claro! – ele virou a caneca que segurava e acabou de beber o que fosse que estivesse ali – Só um minuto! – ele seguiu em direção a sua casa para deixar a caneca no parapeito da janela e se voltou para onde eu estava.

Seungmin sempre foi um menino tranquilo até onde me lembrava. Nunca brigava, era sempre simpático comigo e com as outras crianças na época em que todos nos uníamos para brincar. Tudo bem que, o que ocorre entre Jeon e eu é algo que muitas pessoas podem ver com outros olhos, independente de serem consideradas boas ou ruins. Mas se ele viu algo, significa que ele também me viu. E se ele me viu, por que está me tratando como se não houvesse nada de errado?

– Sobre o que quer falar? – ele perguntou com um leve sorriso no rosto enquanto mexia no cabelo curto.

– Oh, você cortou o cabelo? – questionei.

– Sim! Tem um tempinho já, mas acho que você não deve ter percebido. – ele sorriu sem graça.

– Quase não nos vemos mais, certo? Quando éramos crianças nos encontrávamos quase todos os dias com o grupo. – disse começando a caminhar e indicando para ele me acompanhar.

– É verdade! Sinto saudades daqueles tempos. 

– Era bom, não é mesmo? Mas já estamos todos adultos e tendo de seguir com nossas vidas, o que as vezes pode ser bem complicado. Bem, imagino que não tanto para você, certo? É o herdeiro da fazenda de arroz, com certeza não deve passar sufocos! – dei tapinhas leves em suas costas, o que o fez rir como se estivesse sem graça, mas ao mesmo tempo mudando sua postura – Então, eu queria falar mesmo sobre outro assunto!

– O que? – ele me olhava curioso ainda com um leve sorriso nos lábios.

– É sobre Jeon. – seu sorriso desapareceu no mesmo instante e seu rosto ficou sério – Me disseram que você andou espalhando uns rumores... É verdade? 

Ele encarava o chão sério, não me deixando certo sobre ele estar nervoso ou infeliz sobre a pergunta. Fiquei em silêncio esperando que ele dissesse algo, mas ele apenas respirava fundo, como quem contasse até dez.

– Seungmin? Sobre Jeon...

– Eu não quero saber! – ele disse rapidamente – É sério que você veio até aqui para falar sobre Jeon? A essa hora da manhã, você aparece na fazenda de meu pai, me chama pra passear e conversar sobre Jeon?

– Seungmin...

– Tudo é sobre Jeon. Você sabia, Minho? É impossível conversar com você se não for sobre Jeon. Desde sempre! Se Jeon não estava ao seu lado, quem quer que estivesse tinha que ouvir sobre o que ele e você faziam juntos. 

Eu fiquei calado pensando no que ele falou realmente surpreso, porque de fato era algo que eu nunca havia percebido. Ele respirava fundo novamente até que decidiu andar de volta para a fazenda. O interrompi me colocando a sua frente e dizendo:

– Ei, ei, espera! Você ainda não me respondeu? Estou aqui para falar sobre Jeon sim, mas porque ele está sendo ameaçado de morte por conta desse rumor que você inventou.

– Eu inventei, Minho? Jura? – ele perguntou sarcástico – Eu vi tudo, Minho! Eu vi o dia que vocês foram embora e entraram no celeiro abandonado do lado do rio. Eu vi vocês dois se beijando!

– Pera, você viu...

– Vi! – ele disse irritado – Eu vi tudo, eu não inventei nada. Então não venha ter a cara de pau de me chamar de mentiroso!

– Pera, se você me viu lá também... Por que não espalhou sobre mim como fez sobre Jeon?

– Por que você é tão burro? Eu não sei o que foi mais difícil de descobrir, que você também gosta de homens ou que você estava se agarrando com Jeon. – ele disse enquanto passava por mim para voltar a caminhar para casa.

– Também? – questionei me virando vagarosamente.

– Que? – ele se voltou para me olhar confuso, mas ainda puto.

– Também? Eu também gosto de homens, você disse. – pontuei o fazendo estremecer – Você também gosta de homens, Seungmin? Você sabe o quanto isso piora a situação? Eu achava que você tinha espalhado tudo, porque não aceitava. Mas você entende o que a gente sente e ainda nos entregou?

– Eu não gosto...

– Seungmin, agora você vai de fato mentir? – disse em um tom ríspido enquanto me aproximava dele novamente – Qual é seu problema? Inveja, porque Jeon e eu nos encontramos e nos descobrimos e estamos felizes? Você tinha inveja de não ter o mesmo que nós...

– Imbecil, fala comigo direito! Mesmo quando está brigando comigo tem que ficar falando de Jeon o tempo inteiro! EU ESTOU AQUI, MINHO! VOCÊ SABE QUE EU EXISTO? – ele gritou fazendo com que eu me encolhesse com medo de que alguém escutasse nossa discussão.

– Seungmin, claro que eu sei, mas o que isso tem a ver? – perguntei confuso e o vi balançar a cabeça antes de segurar meu rosto e me beijar a força.

O empurrei rapidamente quando pude, mas sem força, pois também não queria machucá-lo.

– Você está doido? E se alguém nos ver? – questionei falando baixo enquanto olhava os arredores. 

Seungmin começava a derramar lágrimas por cima da sua expressão de raiva. Ele abaixou seu rosto novamente, deixando que algumas lágrimas tocassem o chão de terra escura. Então, ele quebrou o silêncio com sutileza ao falar baixo:

– Se ele não tivesse aqui...Se ele não existisse, você olharia pra mim, Minho? 

– Seungmin...

– Você ía gostar de mim? Eu posso dar tanta coisa pra você. Eu tenho família, herança, bens...Ele não tem nada! – ele me olhou novamente com seu olhar suplicando para que eu aceitasse o seu raciocínio.

– Seungmin, ele me tem! Não é algo que eu possa controlar, nunca pude. Eu amo ele demais! – confessei na esperança de amolecer seu coração – E tenho certeza que você vai encontrar alguém que também goste de você assim. – toquei em seu ombro, mas tive minha mão jogada para longe por ele.

– Nunca vou achar nada. E a culpa é toda dele!

Finalmente ele se virou para ir embora e eu o deixei seguir. Não tinha mais nada que eu pudesse falar, mas pelo menos agora pude entender o que estava acontecendo. Era frustrante não conseguir sentir raiva como achei que sentiria, pois afinal tenho empatia pelo coração dele. Agora o que me resta é cuidar para que Jeon não se machuque nessa história toda.


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Nota da autora: Me desculpem o sumiço! Eu estava em período de provas e só foi acabar hoje. Fiquem com esse capítulo por hoje, mas a partir de amanhã as postagens diárias voltarão! Obrigada pela compreensão e pelo apoio que vocês me dão diariamente!  <3

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora