Capítulo 5

693 137 68
                                    

[Han Jisung p.o.v.]

Seguimos para o elevador juntos e ficamos em silêncio dentro dele enquanto ele descia vagarosamente. Minho tinha uma de suas mão dentro do bolso da jaqueta jeans que ele vestia. Será que também estava desconfortável?

– Fala sério – ele quebrou o silêncio – Quando eu vi o anúncio desse prédio eu não tinha entendido que ele era velho desse jeito.

– Sim, ele não vê uma reforma há muito tempo. – respondi.

– Não posso reclamar muito, o aluguel não é caro e aparentemente a localização é boa, né? – ele virou para me olhar.

– Sim. Tem um metrô no quarteirão ao lado e tem loja de quase tudo aqui por perto. Se quiser te mostro.

– Seria ótimo, mas também não quero abusar da sua boa vontade. – ele respondeu.

– Não, tá tudo bem! Afinal, talvez eu ainda precise que você me empreste seu chuveiro hoje novamente – sorri sem graça o fazendo rir.

– Sem problemas. A gente se ajuda então – ele disse e ergueu o punho para que eu batesse com o meu no dele.

O elevador se abriu e saímos para fora do prédio indo em direção a um restaurante especializado em lamen que fica depois de outras três lojas. O local tinha uma decoração tradicional e razoavelmente antiga, mas a comida definitivamente era uma das melhores. Nos sentamos e ao pedir para a garçonete o de sempre, Minho apenas indicou que para ele poderia ser o mesmo.

– Vou confiar no seu gosto já que mais cedo você julgou o meu café da manhã – ele disse como se me encarasse com raiva.

– Cara, aquilo não era um café da manhã – eu disse abafando um riso.

– Se eu comi de manhã, é café! – ele respondeu me fazendo rir – Admito que não é a melhor escolha pra se começar o dia, mas já estou acostumado com fazer escolhas ruins, então tá tudo certo.

– Você faz escolhas ruins? Você faz parte de uma quadrilha?

– Ainda não, mas estou cogitando – ele brincou – Na verdade eu sou assistente de estúdio. Vou começar segunda na Space Studio.

– Que? – disse incrédulo – Eu trabalho lá!

– Você tá brincando? – ele respondeu surpreso.

– Não! – ri.

– Que coincidência – ele riu – Talvez eu abuse de você pra te seguir até o trabalho, já que eu nem imagino o melhor caminho. Eu ía pegar um táxi e pronto.

– Não faz isso. É muito caro, não vale a pena! Eu costumo ir de metrô. Podemos ir juntos na segunda. – respondi isso estranhamente sem me sentir desconfortável.

– A quem devo agradecer por ter me dado o melhor vizinho que eu poderia ter na minha vida – ele colocou a mão no coração e olhou para o alto dramático – Sério, quando cheguei naquele prédio antigo imaginei que meus vizinhos seriam todos idosos, daqueles que vivem com dez gatos.

– Poderia até ser, mas nosso prédio não aceita animais. – respondi.

Nossos pratos chegaram e começamos a comer fazendo um breve silêncio. Olhei para ele que terminava de engolir a primeira colherada de lamen esperando sua reação.

– Tudo bem! – ele respondeu – Almoçar isso é melhor do que almoçar outro pedaço de bolo com sorvete. 

Enquanto comíamos, Minho puxava assunto comigo o tempo inteiro perguntando da minha vida e falando da dele, o que me deixava satisfeito já que uma das coisas que eu mais odeio é aquele silêncio constrangedor entre duas pessoas que mal se conhecem. Falamos bastante sobre coisas básicas como o que gostamos de trabalhar mais na música, com o que já trabalhamos, hobbies, passeios legais na cidade, e assuntos que eu não teria nem ideia de puxar com alguém quando estivesse afim de puxar papo. A maior sorte de um introvertido definitivamente é encontrar um extrovertido.

Saímos do restaurante e como prometido fui mostrar as coisas que haviam por perto para ele. Passando perto de uma loja de eletrônicos eu parei e vi na vitrine um console de video game novo que havia lançado a pouco tempo, só para atestar que o preço era desnecessariamente caro.

– Wow, já lançou? – Minho disse encarando o console parado ao meu lado.

– Sim! Mas sabe como é, né? Tá muito caro. Até porque já lançaram muitos jogos para ele agora, então estão aproveitando o hype para ganhar dinheiro.

– Entendi... Eu quero um! – ele disse e se dirigiu até a loja.

– O que? – eu questionei e depois de um momento o segui para dentro – Você é rico ou o que?

– Ou o que! Não sou rico, mas meu pai é e deixou o cartão dele comigo enquanto estou me adaptando ao lugar. O velho nem se importa de ler a fatura. – ele disse chamando a atenção de um vendedor para que pegasse uma caixa pra ele.

– Quer ser meu melhor amigo? – perguntei sem pensar o fazendo rir.

– Eu topo, tô precisando mesmo. – ele respondeu sorrindo enquanto dava de ombros.

[Lee Minho p.o.v.]

Obviamente eu tenho um pai rico, ele se chama Eros. Dinheiro não é problema para seres como nós já que não vivemos aqui na terra e quando vivemos é por pouco tempo. Ver os olhos de Jisung brilhando ao ver o video game na vitrine só me mostrou outra maneira perfeita de trazer ele para mais perto. Eu já podia ver em sua linguagem corporal que ele estava um pouco mais relaxado perto de mim do que de manhã, isso apenas com o almoço. O video game então seria a desculpa perfeita para passarmos alguns fins de semana juntos jogando enquanto eu ganho sua confiança.

Assim que paguei pelo video game, que eu fingi ter interesse tanto quanto ele, fomos direto para nosso prédio e para minha casa. Ele me ajudou a conectar o vídeo game na televisão e a baixar jogos nele. Obviamente ele jogava bem melhor do que eu e por mais que eu seja um ser extremamente competitivo, eu não ligava de ser derrotado por ele. Ele ficava tão feliz e ía se soltando mais e mais e mais a cada partida de jogo.

Chegou a escurecer e a fome começou a aparecer, pensei em sugerir de sair novamente para comer, pois aí poderíamos trabalhar com a sociabilidade dele, mas não queria forçar tanto assim de início. Então, pedimos uma pizza.

– Nossa, o dia passou tão rápido. – ele comentou enquanto se sentava a mesa comigo para comer.

– É o que acontece quando se fica o dia inteiro jogando – sorri para ele que sorriu de volta – Vai ser triste ter que voltar para a realidade segunda.

– Eu gosto dos dias de semana. Eu não gosto de ficar desocupado sozinho em casa. – ele disse enquanto pegava uma fatia da pizza de calabresa gordurosa na caixa.

– Mas você não sai de vez em quando? – questionei como se não soubesse a resposta.

– Na verdade não – ele disse sem graça – Eu sou mais caseiro.

– Entendi. – peguei uma fatia de pizza também – Bom, isso tem que mudar.

– Como assim? – ele disse com suas bochechas cheias de comida.

– Eu gosto de sair de vez em quando e você é meu único amigo nessa cidade, então...

– Ah... – ele paralisou por um momento.

– Relaxa – eu ri de sua expressão – Não vou fazer você ir pra nenhum lugar desconfortável, prometo! Mas eu também não gosto de fazer as coisas sozinho, tipo ir no cinema, eu preciso ter alguém pra cutucar – fiz ele rir.

– Tudo bem ir ao cinema. Eu estava com medo de você querer me levar em alguma boate ou coisa do tipo. – ele disse ainda com certo temor em seu olhar.

– Tsc, um lugar com música ruim tocando no último volume com pessoas gritando e esbarrando em você enquanto estão suadas? Não tenho interesse. – ele sorriu ao ouvir minha resposta.

O meu trabalho nessa fase inicial era dizer tudo que Jisung quer ouvir e fazer tudo que ele estivesse disposto a fazer antes de tirá-lo de sua zona de conforto. Óbvio que não conseguiríamos arrumar um encontro pra ele estando dentro de um cinema, mas haviam outros meios que talvez ele estaria disposto a tentar, isso claro sem saber das minhas verdadeiras intenções. 

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora