Capítulo 12

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[Han Jisung p.o.v.]

– Como assim? – questionei nervoso, porque não tinha certeza do que ele estava percebendo – De quais deuses você tá falando? – ele piscou muitas vezes até balançar sua cabeça e ignorar minha pergunta.

– Você tá distante, quase não me responde direito. O que foi? Eu tô te incomodando? É pra eu me afastar?

– NÃO! – gritei sem querer o assustando – Não é nada disso. Me desculpa, eu ando meio aéreo, acho.

– E posso saber por que? – ele me olhava fixamente com seus olhos arregalados – Você não faz ideia, Han Jisung, de como é difícil pra mim ter de acordar todo dia e ter de explicar para o Jorginho que o tio dele só saiu pra comprar cigarros e logo vai voltar, sendo que você nunca voltou.

Comecei a gargalhar e senti meu corpo relaxar um pouco. Eu me esqueci que estar com ele podia ser divertido e até uma boa distração dos meus pensamentos ansiosos. Assim que consegui respirar novamente devido a gargalhada, disse:

– Eu prometo fazer uma visita amanhã depois do trabalho.

– Acho bom! Já estava pensando em entrar na justiça contra você e pedir pensão. – ele disse com um leve sorriso em sua boca.

– Mas eu sou o tio.

– Você deu o primeiro banho dele, comprou roupinhas, ele te tem como uma mãe! – ele agarrou sua blusa na altura de seu coração fazendo uma cara dramática.

– Tudo bem, tudo bem! Eu vou assumir a criança. – brinquei de volta o fazendo rir.

– Vem, vamos comprar o cheeseburger logo. Suas atitudes confusas me dão fome. – ele me puxou pelo braço para o outro lado da rua que tinha um fast food.

– Ainda tá de pé? – questionei.

– O que? – ele me olhou confuso.

– Você pagando meu lanche, oras!

– E eu arranjei logo um interesseiro pra ser mãe do meu gato... – ele bufou me fazendo rir.

Compramos o lanche para comer enquanto caminhávamos e eu já me sentia mais confortável perto dele novamente. Claramente, Minho faz tudo parecer tão fácil com seu otimismo e senso de humor. Se você não toma cuidado, você acaba se prendendo a ele com muita facilidade e esquece das coisas ao redor. O formato de "o" que a boca dele forma quando ele está animado sobre o que está falando, os olhos brilhantes piscando múltiplas vezes, o cabelo liso e castanho voando com o vento frio e o seu sorriso... ah, o sorriso dele era provavelmente a coisa mais linda que eu já tinha visto, chegava a dar uma aquecida no coração. Talvez no final das contas eu acabe me viciando no prazer que é olhar Lee Minho e esqueça o quão errado pode ser eu começar a gostar dele. Mas quem não deve gostar dele? Minho provavelmente era-

– JISUNG – ele gritou me puxando e me jogando no chão enquanto um carro passava buzinando alto – VOCÊ QUER MORRER? – Minho disse me encarando caído no chão, seus olhos esbugalhados e a respiração ofegante.

– Eu... minha nossa, eu não tava prestando atenção.

– Ah, mas não me diga! – ele disse sarcástico se sentando no chão enquanto recuperava a respiração.

– Desculpa. Mas calma, ta tudo...

– A XUXA NUNCA TE ENSINOU A OLHAR PROS DOIS LADOS ANTES DE ATRAVESSAR? – ele berrou me fazendo segurar um riso, pois mesmo ele tendo dito o que disse, sua expressão ainda era séria.

– Descul-

– Amanhã eu vou amarrar você em plástico bolha! – ele apontou o dedo para mim e se levantou.

Comecei a gargalhar alto da reação de meu colega que agora me encarava puto. Ele me agarrou pelo braço e me tirou do chão.

– Achou engraçado, né? – ele questionou me encarando – Da próxima vez, eu mesmo te empurro!

Eu só parei de rir, porque logo em seguida ele segurou em minha mão para continuarmos andando.

– O que é isso? – questionei secando uma lágrima de meu olho causada pelo riso.

– Você anda muito distraído, até meio besta. A gente vai assim o resto do caminho, vai ser mais fácil de te controlar. – o ouvi dizer calado enquanto minhas bochechas esquentavam – Você anda dormindo o suficiente? Esse trabalho tá te deixando maluco já.

– Acho que tô. Talvez seja cansaço e não estresse. – respondi.

– Um pode ser consequência do outro, eu acho. – ele disse sério sem tirar seus olhos do nosso caminho.

– Mas você não precisa segurar a minha...

– Cala a boca! Eu não confio em você, pelo menos não por hoje.

Fiquei calado tentando novamente focar em outra coisa, afinal precisava que o rubor de minhas bochechas sumissem.

– E você precisa passar protetor solar. Acho que o vento frio tá queimando seu rosto. – ele disse me analisando sério.

Isso é real? De verdade? O vento frio? A minha maior sorte talvez seja o fato desse homem ser tão lerdo. Ele se atenta aos carros na rua, mas não se atenta ao quanto ele anda mexendo comigo.

[Lee Know p.o.v.]

Era só o que me faltava! Além de ser cupido, agora também tenho que trabalhar como guardião de Han. Eu preciso desse menino vivo para finalizar a missão para que eu possa ir embora logo. Me preocupa o quanto estou me acostumando com a vida humana, com Jorginho e com Han. Ontem mesmo parei para planejar o que faria com o gato assim que eu finalizasse a missão. Talvez eu pudesse levá-lo comigo, o que seria maravilhoso, porque eu poderia treiná-lo para morder o bunda mole do Seungmin.

Após chegarmos em nosso prédio, Jisung passou em meu apartamento para apertar Jorginho, que aparentemente mal se lembrava dele, devido ao tanto de tempo que ele não nos visitava. Mas logo ele foi embora para seu apartamento para descansar. O desejei boa noite e fui em direção ao banheiro para tomar um banho e tirar essa inhaca de humano de mim para que eu também pudesse descansar. Tomei um banho quente para espantar o frio de meu corpo enquanto pensava insistentemente em como apressar minha missão sem que espantasse Han e estragasse um mês de aproximação. Eu não pensava que isso poderia se tornar essa dor de cabeça depois que conheci Han pela primeira vez. Mas o garoto parece feito de vidro, então seu coração poderia ser ainda mais frágil.

Saí do banho com a toalha enrolada em minha cintura e segui para o quarto para encontrar Jorginho em cima de minha cama, usando sua roupinha de algodão xadrez. Suspirei enquanto abria o armário e peguei um pijama quente para vestir e me juntar ao felino na minha cama que já ronronava me esperando deitar.

– Aí, aí, Jorgin, eu não aguento mais. – disse me cobrindo – Eu achei que ser humano era pior, mas até que é ok... É errado me sentir assim, né?

O gato se aconchegou em mim e começou a ronronar ao ganhar meu carinho. Eu sentiria muita falta do meu pet. Mas o que me assusta é o fato de que eu sei, e essas últimas semanas me fizeram ter certeza, de que eu também sentiria muita falta dele.

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora