Capítulo 36

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(Flashback)

Com o passar do tempo, os olhares em cima de Jeon aumentavam e, por mais que ele dissesse que estava tudo bem, dava pra notar como ele se encolhia sempre que reparava que o encaravam. Os olhares se tornaram cochichos, os cochichos se tornaram esbarrões e eu me segurava com toda a paciência do mundo para não ir para cima de todas as pessoas que estavam fazendo isso. Eu apenas me segurava por ele, que colocava a mão em meu braço e me olhava com medo de que eu pudesse acabar piorando toda a situação. Mas me doía tanto vê-lo daquele jeito. Eles estavam aos poucos fazendo com que o meu Jeon tagarela e sorridente criasse um casulo ao seu redor e passasse a parecer triste e receoso.

Um dia, estávamos andando no meio do mato da fazenda de sua família arrancando ervas daninhas que ameaçavam crescer perto da horta de sua mãe. Estava começando a escurecer, mas ainda arrancávamos a praga e apenas pararíamos até que o Sol de fato sumisse. De repente, um garoto da vila apareceu e eu ignorei sua presença, até que ouvi um gemido de dor vindo de Jeon. Me virei para trás e notei que o garoto havia o chutado e que ele agora se encontrava em posição fetal no chão, segurando o abdômen. Corri até o menino e o derrubei, surpreendendo-o.

– QUAL O SEU PROBLEMA? HEIN? – eu empurrava o menino contra o chão pelos ombros e coloquei meu braço em sua garganta enquanto ele se debatia.

– Me larga! – ele pedia sufocado.

– NÃO ANTES DE VOCÊ SE DESCULPAR PELO QUE FEZ, ANIMAL!

– Minho, deixa... – Jeon tentou falar, mas a dor em sua voz apenas me deixou mais irritado.

– NÃO! EU CANSEI! PEDE DESCULPAS AGORA! – berrei na cara do garoto.

– Eu não vou pedir desculpas pra essa bicha! – o garoto esbravejou.

– Você chamou ele de que? – perguntei com meu tom de voz mais calmo.

– Ele é uma bicha, toda cidade já sabe! E você deveria saber também já que anda sempre com ele. Ou você também é uma...

Não me segurei e dei um soco em sua cara. O menino gritou assustado enquanto tentava me empurrar de cima dele.

– Minho, deixa ele ir! – Jeon pediu assustado com minha atitude.

– Vou deixar, mas antes ele vai me ouvir! A próxima vez que você cogitar fazer qualquer coisa com ele de novo, eu vou quebrar a sua cara!

– MINHO! – Jeon gritou comigo.

Soltei o menino que se levantou e com uma expressão de ira se virou e foi para longe de nós. Finalmente me virei e notei que Jeon segurava suas lágrimas em seus olhos avermelhados enquanto seu rosto tremia.

– Ele te machucou? – perguntei me aproximando rapidamente dele.

– Para, Minho! Para! – ele me empurrou pra longe – Você só vai piorar tudo!

Fiquei o encarando confuso com sua atitude, quase como se eu tivesse o machucado. Ele se encolheu, sentado no chão, e finalmente deixou suas lágrimas caírem. O puxei para saírmos dali e fomos caminhando até a floresta de vagalumes para logo nos escondermos no celeiro abandonado. Ele se sentou no canto do celeiro, soluçando assustado. Me sentei ao seu lado e o puxei para meu abraço, desesperado por vê-lo daquele jeito. Ele se agarrou em mim como uma criança e afundou seu rosto em minha camisa.

Eu sentia raiva, mas seu choro me fazia triste e nervoso. Eu odeio ver ele assim! Eu sempre cuidei para não ver ele assim, então nem sei como lidar com essa situação. Beijei o topo de sua cabeça e comecei a afagar suas costas.

– Calma, amor! Tá tudo bem! – disse tentando parecer tranquilo.

– Não tá nada bem, Minho! Você viu o que ele disse? – sua voz saía falha.

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora