Capítulo 9

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[Lee Minho p.o.v.]

– Pronto! Agora é só enxaguar. Segura ele!

– Hm – respondi não dando muita atenção para a mensagem que eu já havia recebido antes.

Han finalmente abriu a torneira novamente enquanto eu estava refletindo sobre hoje e sem querer, Jorginho foi capaz de fazer uma manobra evasiva escorregando da minha mão e fugindo do banheiro. O pulo do pequeno assustou Han que jogou água na minha cara. Saímos correndo atrás do felino ensaboado pela casa, mas sua pequenisse o dava a vantagem de conseguir se esconder com mais facilidade. Han e eu o cercamos no meio da sala e quando eu segui em frente para pegar o gato, o mesmo começou a correr, o que fez Han reagir, mas sem sucesso, pois acabamos por esbarrar um no outro, causando minha queda no chão. Han continuou indo atrás do gato e finalmente o pegou em um pequeno momento de distração dele.

Nossas respirações estavam ofegantes e ficamos nos encarando por um momento até começarmos a gargalhar da situação. Me levantei do chão e voltei ao banheiro com Jisung para terminar o trabalho.

– Você se machucou? – ele questionou me devolvendo o filhote.

– Bem, acho que não. Eu só não estou conseguindo esquecer do fato de que eu tenho uma bunda. – respondi fazendo careta pro gato.

– Desculpa – Han disse rindo.

Ao terminar de enxaguar o pequeno Jorge, Han o enrolou em uma toalha e o pegou em seu colo.

– Eu fiquei todo molhado por causa da situação que o senhor causou! – apontei o dedo na cara do gato em tom de ameaça.

Tirei minha camisa e a usei para secar meu rosto e um pouco do meu cabelo que também estava molhado. Quando me virei para olhar Jisung, notei que ele estava encolhido no canto do banheiro enxugando o filhote enquanto não desviava o olhar dele. Suas bochechas estavam levemente vermelhas, o que me chamou atenção.

– Você tá bem? – questionei.

– Uhum – ele respondeu rapidamente ainda sem me olhar.

– Você tá vermelho, tá com febre ou...

– Não! Nada a ver! – ele respondeu rapidamente – Foi a adrenalina de correr atrás do gato. Vou terminar de secar ele la na sala, licença! – ele pediu saindo de perto de mim.

Provavelmente ele ainda se sente mal pelo que aconteceu. Toda vez que ele evitava me olhar fazia com que meu coração sentisse um peso gigante, com a culpa ainda me esmagando. Só espero que ele possa me perdoar.

[Han Jisung p.o.v.]

Qual a necessidade de ele tirar a blusa na minha frente daquele jeito? Qual a necessidade? Eu não precisava ver aquele abdômen definido na minha frente. Nem os músculos do braço dele, que mesmo não sendo muito grandes são tão delineados. Acordei de minha distração quando o gato em meu colo mordeu a ponta do meu dedo.

– Pra quê essa violência? – questionei bagunçando o pelinho molhado dele em resposta. Mas logo meus pensamentos voltaram para o momento em que Minho tirou a camisa em minha frente – Tão lindo...– falei baixo.

– Ele é, né? – Minho, agora vestido com outra blusa, disse atrás de mim me assustando – A gente pode passar um gel nele pra fazer um topete e ele ficar mais descolado? – ele apontou pro gato.

– Mas é claro que não! Meu Deus, que ideia! – respondi o encarando.

Ele fez uma careta pra mim e saiu em direção ao seu quarto. Só agora consegui notar que meu coração tava disparado. Por que sempre que eu estava perto dele eu sentia que tinha que ter mais cuidado com as palavras? Eu já me sinto confortável perto dele como um amigo, mas é diferente de Chan e Changbin, pois com eles eu sinto que posso falar qualquer besteira e se eles tirarem com a minha cara por causa disso, eu não ligo. Agora, Minho era outra história. Tudo bem que a gente se conhece há apenas duas semanas, mas ao mesmo tempo, são duas semanas se vendo todos os dias, indo e voltando juntos do trabalho, lanchando juntos, passando o fim de semana jogando. Eu já não deveria ter me acostumado com isso?

– Eu te odeio, Han Jisung. – ouvi Minho gritar de seu quarto fazendo com que eu me virasse rapidamente para a direção do mesmo – Você quer transformar meu filho em um playboy? – ele estendia uma das roupas que havia escolhido para Jorginho, um mini suéter.

– Você não disse que ele tava com frio? – questionei.

– Mas um suéter?

– Para de achar que você faz parte do esquadrão da moda, é um gato, não uma mãe solteira de 40 anos. – respondi fazendo ele rir.

– Ta bom, essa foi boa! – ele disse ainda rindo me fazendo sorrir de volta – Vamos deixar ele secar direitinho agora pra colocar esse negócio brega nele. – ele balançou o suéter listrado azul e branco no ar enquanto se sentava ao meu lado no sofá – Ainda podemos jogar hoje?

– Eu não sei... Talvez seja melhor eu ir pra casa. – disse enquanto me lembrava do dia estranho de hoje.

– Mesmo se eu pagar um x-tudo pra você? – ele questionou piscando os olhos várias vezes, ao que eu respondi só um sorriso de canto que logo sumiu – Você me odeia?

– O que? – questionei surpreso.

– Por causa de hoje mais cedo... – ele abaixou sua cabeça e ficou esfregando os dedos no suéter de Jorginho.

– Não – respondi.

– Você tá...diferente.

– Eu acho que é porque eu fiquei com vergonha do que aconteceu. Não queria que você tivesse me visto surtando, quero dizer, a gente mal se conhece e você já presenciou um ataque de ansiedade que eu tive e por causa de um motivo tão idiota. Você deve me achar meio doido.

– Não fala isso, cara! – ele disse finalmente me olhando nos olhos – Eu não acho nada disso. O motivo pode ser idiota pra muita gente, mas pra você não é e eu tenho que respeitar isso. Eu tenho que respeitar que você tem um problema pessoal com esse assunto por mil e um motivos que eu desconheço e imagino que nem você tenha certeza de metade desses motivos também. – assenti com a cabeça assim que ele disse aquilo.

– Você é bem compreensivo, Minho.

– Que bom que você acha isso, mas... – ele pausou mordendo seu lábio inferior como se hesitasse em falar o que queria – Você também entende que quando você tem um problema relacionado a qualquer tipo de assunto, o melhor que você pode fazer por você mesmo é tentar resolver isso, não é?

Ao invés de responder eu simplesmente baixei minha cabeça de novo. Eu sabia que ele tinha razão, mas ao mesmo tempo não quero dar o braço a torcer. Eu vivi boa parte da minha vida assim e de certa forma é cômodo pra mim viver assim, mesmo que muitas vezes seja triste.

– Você não pode simplesmente aceitar que você é anti-social e usar esse rótulo como se fosse seu. – ele continuou – Você é feliz assim?

– Eu sou...

– Feliz, Han. Eu tô falando de felicidade, não de praticidade. – ele fez com que eu ficasse em silêncio – Eu não tô falando de resolver isso te levando para uma festa, forçando você a fazer amigos. Eu tô falando de terapia. – ele concluiu.

– Terapia? – questionei.

– Sim. Comece conversando com uma pessoa diferente, um profissional. Resolva os problemas dentro de você, sinta-se confortável consigo mesmo antes de tentar se sentir assim com outras pessoas. E aí, quando você estiver pronto pra dar o primeiro passo, eu vou estar ali do seu lado.

Eu me virei para olhar pra ele que tinha um sorriso gentil em seu rosto. Sorri de volta e não posso negar que suas palavras me trouxeram conforto. Ele quer me ajudar, como meus amigos sempre quiseram, porém faziam de uma forma que me deixava totalmente na defensiva sobre o assunto. Minho está me dando espaço ao mesmo tempo que quer me dar auxílio. Ele não me julgou por ter tido aquele ataque mais cedo, ele me abraçou e me acalmou. Talvez, diferente do que eu pensava, eu posso sim me sentir a vontade perto dele pra ser quem eu sou.

– E então? Você aceita? – ele perguntou.

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora