Capítulo 4

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[Lee Know p.o.v.]

– Bom dia – respondi tentando meu melhor para que a comida que estava em minha boca não fosse visível. Um silêncio se fez por alguns segundos enquanto Jisung encarava meu prato curioso – Bolo? – ofereci ainda de boca cheia.

– Não, obrigado. – ele abafou um riso – Eu espero que não seja muita folga da minha parte, afinal a gente só se falou ontem e eu tava...bem....

– Bêbado? É, eu notei! – disse depois de finalmente engolir a comida.

– Pois é – ele disse sem graça – Mas é que desde ontem meu chuveiro estragou e não tá tendo água quente, ai eu queria saber se..

– Entra – disse abrindo espaço para que ele passasse pela porta – Pode usar meu chuveiro.

– Ah, obrigado! Espero que seja só hoje, vou tentar arrumar esse problema logo. – ele disse enquanto entrava em minha casa com seus ombros encolhidos.

– Relaxa, vizinho, fica a vontade! – apontei para o banheiro.

– Obrigado, de novo! – ele disse e se encaminhou com suas coisas até o banheiro.

Me sentei no sofá e liguei a televisão enquanto terminava meu café da manhã. Não pude controlar e deixar de dar um sorriso satisfeito, pois meu plano estava dando certo mais cedo do que eu esperava. Sim, eu que estraguei o chuveiro dele. Cupido ou demônio? Nenhum! Eu sou um gênio. O som de Han Jisung cantarolando dentro do banheiro era agora o som da vitória.

Voltei a cozinha depois de terminar de comer e comecei a dar uma olhada em toda a comida que tinha e a verdade foi que eu comprei apenas doces e salgadinhos e uma caixa de ovos. Não podem me culpar pelo êxtase que estou passando com todas essas descobertas.

– Nossa! – ouvi atrás de mim e dei um pulo – Desculpa! – Jisung pediu tentando não rir do susto que eu havia levado.

Ele estava vestido e agora passava sua toalha em seus cabelos molhados e escuros, deixando atrás de si o vapor quente do banho que ele havia acabado de tomar. Notei um aroma refrescante vindo de sua pele, provavelmente ele trouxe um perfume no meio de suas coisas. Recém saído do banho, com a pele ainda quente e úmida e as bochechas levemente avermelhadas, ele parecia mais inofensivo do que nunca. Por que eu achei que você me daria tanto trabalho, Han Jisung? 

– Eu sei, né? – disse voltando a encarar a comida – Quem deixou esse adolescente sair de casa? Não tem uma comida decente dentro desse apartamento!

– É por isso que você tava comendo bolo com sorvete? – ele questionou.

– Não ouse falar com tom pejorativo daquela maravilha. Foi a melhor coisa que eu já comi! – disse tentando não deixar transparecer que aquela havia sido minha primeira refeição.

– Eu não duvido que estava bom – ele riu – Isso na verdade é ótimo! Eu estava me sentindo meio folgado por pedir pra usar seu banheiro quando a gente mal se conhece, então o que acha de eu te pagar um almoço? Eu sempre desço pra comprar comida e trago pra casa, aí posso trazer pra você também.

– Ou podemos ir lá juntos – sugeri rapidamente – Seria bom conhecer um pouco do que tem de bom ao redor da vizinhança.

– Ah. – Han trocava o peso entre uma perna e outra meio nervoso – Tudo bem.

– Até meio dia, então? – sorri para ele.

– Sim! – ele sorriu tímido de volta.

Ele não demorou para ir embora de meu apartamento e assim que ele o fez aproveitei para segurar o cartão de Eros em minhas mãos novamente para tentar sentir o que ele sentia no momento. Ele definitivamente se sentia ansioso fazendo com que eu me questionasse se não estava fazendo isso rápido demais. Na verdade, ele que sugeriu comprar meu almoço, mas acho que ele não estava esperando pela parte onde iríamos sair e comer juntos. Será que é melhor voltar atrás? Ou isso poderia ser pior? Agora eu estava ficando nervoso. Não pretendo dar passos para trás nessa missão. Eu preciso conseguir abrir aquele coração logo!

[Han Jisung p.o.v.]

O vizinho novo é muito simpático e parece ser um cara legal. Não tem pra que eu ficar nervoso, certo? Na verdade, considerando o fato de que eu apenas o conheci ontem e não sei nada além de seu nome, sim, eu posso ficar um pouco nervoso. Sem pensar muito, mandei uma mensagem para meus amigos.

"Gente, o vizinho novo quer que a gente almoce juntos. Alguém me ajuda a inventar uma desculpa?" – digitei.

"Como assim? É um velho tarado? Quer que eu vá aí bater nele?" – Changbin respondeu.

"Não. Na verdade é um cara mais ou menos da nossa idade que acabou de se mudar pra cá." – expliquei.

"Parece inofensivo. Por que você não aproveita pra fazer amizade com ele? Seria bom você falar com mais de duas pessoas." – Chan sugeriu.

"Se eu pudesse nem com vocês eu falava!" – respondi.

"Para de ficar ansioso, Han. Vai lá, almoça com o cara!" – Changbin disse.

"Nossa, curou minha ansiedade!" – respondi e desliguei o telefone.

A cada minuto que passava eu sentia mais e mais a ansiedade crescendo dentro de mim. Tentei me distrair com música, com a televisão, com jogos no meu celular, mas nada fazia essa sensação ir embora. Eu sei que não tem por quê de eu estar dessa forma, mas tem muito tempo desde a última vez que conheci pessoas, nem com minha família eu falo mais, e o fato de eu ter me acomodado nesse contexto faz uma coisa tão pequena parecer gigantesca. Mas vou procurar me convencer de que vai ficar tudo bem, afinal, ele só foi legal e gentil comigo até agora. Eu devo retribuir o favor, pois caso eu não o faça, também me sentiria mal depois. É apenas um almoço com o vizinho novo.

Sai de minha casa e passei a encarar sua porta com receio. "Não é nada demais" eu repetia em minha cabeça. Senti minhas mãos suadas e sequei elas em minha calça jeans antes de finalmente bater na porta. "Não é nada demais. É só um almoço com um vizinho" pensei novamente tentando me tranquilizar. O maior problema desse nervosismo todo é o de ter medo de dizer algo errado ou passar vergonha, é agonizante ficar medindo palavras o tempo inteiro e não poder simplesmente se soltar e falar o que quiser. É sempre assim em toda interação que faço com gente nova. Mas devo reconhecer que evitar tanto isso só piora minha situação.

Minho abriu a porta e deu um sorriso gentil para mim.

– Vamos? – perguntei retribuindo o sorriso.

– Vamos! – ele respondeu.

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora