Capítulo 17

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[Lee Minho p.o.v.]

– O que está acontecendo com você – ele perguntou preocupado me deitando no chão e correndo para pegar uma cadeira para levantar os meus pés – A gente precisa ir pra um hospital.

– Não – pedi.

Vi seu rosto me encarar preocupado. Sua mão passou na minha testa para sentir se eu estava febril, mas eu senti o toque como se fosse um carinho, o que me fez sorrir.

– Eu tô bem, eu acho. – disse.

– Tô nem aí pra o que você acha – ele disse bravo – Eu quero saber o que um médico acha!

– Hospital não – murmurei – Eu prometo se amanhã eu não acordar melhor, eu vou pra um hospital.

– Tá bom... – ele disse depois de suspirar alto – Como você pôde sumir assim depois de ter desmaiado no meio da rua? Eu fiquei tão preocupado.

– Eu precisava entender algumas coisas. Mas não passei mal nesse meio tempo, não se preocupe! Acho que só estou há muito tempo sem comer mesmo.

– Desde quando você não come? – ele questionou.

– Desde...

– Minho!

– Sexta...? Mas não tem problema!

– Como assim desde sexta? Desde a feira que fomos? – ele agora faltava bater em mim de tanta indignação sem ao menos saber que eu não era um ser normal e não precisava de comida da mesma forma que ele, mas estava amando vê-lo preocupado comigo.

– Eu tava confuso, precisava pensar um pouco! – disse tentando me levantar do chão recebendo seu apoio.

– Você é ridículo, isso não é desculpa! – ele disse.

– Eu sei... Mas você vai cuidar de mim, não vai? – fiz biquinho e o olhei como uma criança manhosa.

Ele se esforçava para não sorrir bobo para mim, mas ao notar aquilo acabei por gargalhar o deixando completamente envergonhado. Ele se levantou rapidamente e me encarou bravo.

– Quer saber, não tô nem aí. Você se vira, não vou fazer na-

O interrompi puxando-o pelo braço e dando outro beijo nele, que não lutou contra.

– Fica, por favor! Eu vou me comportar! – estendi meu mindinho para que ele enlaçasse no seu selando minha promessa.

Ele riu de mim e logo me puxou para me tirar do chão. Pediu para que eu esperasse em casa e que ele voltaria em alguns minutos. E assim ele o fez, ele voltou acompanhado de algumas sacolas de fast food e veio diretamente para mim, me mandando comer em tom de bronca, como se eu fosse uma criança. Não disse nada, apenas peguei o lanche e comecei a comer obedientemente, enquanto eu curtia Jisung cuidando de mim. Terminei o lanche, resolvi tomar um banho e escovar meus dentes enquanto ele esperava com Jorginho na sala. Assim que voltei, totalmente limpo e vestindo minhas roupas largas de pijama, fui diretamente até ele que me olhava um pouco tímido.

Me sentei do seu lado no sofá e passei minha mão em seus cabelos.

– A gente devia falar sobre o que aconteceu? – questionei.

– Eu não sei – ele desviou o olhar – Ainda é meio surreal pra mim. Não faz muito sentido.

– Pra mim também não fazia, acredite. Mas eu quero que você se sinta seguro, então, talvez seja melhor falarmos sobre isso logo.

– Tá bom! – ele disse suspirando e se virando pra mim – Você gosta mesmo de mim?

– Muito! – sorri bobo pra ele – Eu acho que mascarei muito o que eu sentia inclusive pra mim mesmo. Eu pensava ser por amizade, conveniência...Mas que amigo fica tão triste assim depois de ver o outro mais preocupado com o gato do que com ele que sumiu?

– Um amigo vaidoso?

– Um amigo vaidoso – imitei ele em tom de deboche – Olha, Jisung, eu não posso te oferecer muita coisa como prova. Eu só posso oferecer minha palavra!

Ele suspirou e ficou encarando o nada em silêncio por um momento até se ajeitar no sofá novamente e me olhar fundo nos olhos para dizer:

– Eu só cansei de ter as pessoas ao meu redor fazendo coisas por mim por pena. Eu quero que alguém fique comigo por que quer ficar comigo.

– Han, quantas vezes eu não te procurei porque estava com saudades de você? Saudades, preocupação, orgulho, alegria, tudo isso eu sinto por você. Nunca foi pena! Ou você já se esqueceu de todas sextas que saímos depois da sua consulta? Das vezes que eu te falei o quão incrível você era e eu me sentia sortudo por ser uma das poucas pessoas com quem você interage?

– Eu não esqueci... Na verdade, esqueci sim. Minha mente apaga as coisas boas com muita facilidade, mas as ruins... Desculpa, eu não queria ser injusto com você, mas é que eu tava tão...

– Diz! – pedi.

– Apaixonado. E você é tão legal e bonito e extrovertido e interessante... Por que?

– Porque você é isso tudo também, além de ser a pessoa com o coração mais lindo que eu já conheci.

Ele ficou me olhando como se estivesse hipnotizado, seus olhos brilhantes fixados em mim, suas bochechas gordinhas corando, ainda sem entender como ele era tudo o que eu queria.

– Posso te beijar? – perguntei baixinho chegando perto dele.

Ele fez que sim com a cabeça e eu não me demorei para tocar seus lábios com os meus. Seu rosto quentinho entrou em choque quando minha mão fria tocou nele. Era tão boa a sensação de beija-lo, ainda mais agora que compreendo que essa sensação é nostalgia. Ele ergueu um pouco o corpo para chegar mais perto de mim e sem pensar muito fui ousado o bastante para puxa-lo para o meu colo. Ele não reclamou, mas pude sentir seu corpo ficar um pouco tenso. Não tirei minhas mãos de suas costas para que ele se sentisse seguro que eu apenas fiz aquilo para te-lo mais perto e nada mais. Senti o toque de seus dedos em minha nuca, o que me fez arrepiar. Meu coração poderia sair pela boca a qualquer momento, afinal é essa a sensação de estar beijando sua alma gêmea.

Depois de um tempo, Han decidiu que era melhor ir para casa dormir, pois no dia seguinte teríamos que ir trabalhar. Mas claramente eu ainda era incapaz de deixá-lo ir embora. Peguei em sua mão quando ele ameaçou se levantar e pedi manhoso:

– Fica, por favor!

– Minho, eu acho que tá cedo pra...

– Eu só quero ficar perto, eu prometo!

– Eu não tô dizendo isso. É só que...sei lá, não vai ser estranho? A gente começou a se beijar agora, então... – ele se interrompeu quando me olhou e viu minha feição triste – Tá! – ele cedeu me fazendo sorrir.

Ele voltou para seu apartamento apenas para se arrumar para dormir e voltou para minha casa, onde eu já o esperava com Jorginho na cama de casal.

– O Jorginho disse que vai ficar no meio pra ter certeza de que você não tentaria nada de engraçadinho. – brinquei.

– Eu? Eu mal consigo te beijar, você acha mesmo que eu seria tão ousado assim?

– Eu não sei, mas se você decidir ser, eu coloco o Jorginho de castigo na sala. – pisquei para ele fazendo com que ele ficasse vermelho e acabasse descontando em mim com um travesseiro.

Ele finalmente se deitou na cama ao meu lado, mas um pouco mais distante de mim.

– Tão longe! – reclamei.

– Boa noite! – ele disse em tom de briga sem se virar pra mim.

– Boa noite, Hannie! – disse estendendo meu braço para fazer um cafuné em seus cabelos, mas sem demora, adormecendo.

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora