Capítulo 29

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[Lee Minho p.o.v.]

– Esse era Minho! – a senhora disse fazendo com que meu corpo inteiro congelasse, assim como o de Han, que agora encarava a foto em que eu estava com Jeon.

Era eu, eu mesmo. Eu humano ao lado dele. Eu sorria junto a ele na foto. Meus olhos começaram a lacrimejar, mas eu rapidamente tentei focar em segurar as lágrimas. Estamos quase lá, eu não posso estragar tudo novamente.

– Jeon e Minho eram amigos de infância, inseparáveis. Onde um estava, o outro também estava. Eles cresceram juntos, estudaram juntos, brincaram juntos, tudo até se tornarem rapazes. – Nabi continuava a explicar, agora revelando também uma foto de documento minha.

– E o que aconteceu, vovó? – Han perguntou calmo enquanto me analisava para saber se eu estava bem.

– Bem...Tudo estava bem. Jeon e Minho continuavam inseparáveis, até que alguns boatos começaram a percorrer o vilarejo. Boatos sobre Minho. Meu tio logo impediu Jeon de vê-lo, logo ele que sempre foi considerado família. Mas os boatos eram difamatórios. Porém, obviamente os meninos nunca deixaram de se ver. Eu sei disso, porque eu mesma via. Minha casa não era muito distante da do meu tio. E quando todas as luzes se apagavam, eu ía para a janela olhar as estrelas e sempre via os meninos correndo atravessando o campo para finalmente se encontrarem. – Nabi contava tudo com uma voz serena e um leve sorriso em seu rosto, até que ela ficou séria – Mas os boatos nunca pararam. Na verdade, eles pioraram e isso fez com que começassem a inventar novos boatos sobre Minho. Inicialmente o boato era apenas sobre ele gostar de outros homens. Mas depois eles começaram a culpá-lo de crimes que ele nunca havia cometido e de coisas que sequer tinham acontecido. Depois de todos esses boatos, todas essas difamações, também descobriram que ele e Jeon se encontravam escondidos todos os dias. Obviamente, a cidade começou a desconfiar de Jeon também, mas Minho o defendeu. Minho disse que ele forçava Jeon a se encontrar com ele, se não ele faria mal a sua família. Muitas pessoas acreditam nisso até hoje, mas eu sei que Minho fez aquilo apenas para salvá-lo do que estava por vir.

– Salvá-lo de quê, vovó? – Han perguntou.

– O vilarejo todo se reuniu para matá-lo, meu querido! – ela concluiu fazendo Han se chocar.

Eu não conseguia mais segurar as lágrimas que agora caíam vagarosamente pelo meu rosto.

– Minho salvou Jeon do mesmo destino. Mas, infelizmente, Jeon nunca foi o mesmo depois disso. Ele perdeu toda a alegria. Tentou seguir com a vida, se casou, teve duas filhas, trabalhou muito para criá-las com muito amor, mas assim que as meninas já estavam criadas, Jeon simplesmente parou.

– Parou? – Han questionou.

– Sim. Ele não se comunicava com mais ninguém, não saía de casa, não vivia mais. Estava sempre triste. Os únicos sorrisos que ele ainda era capaz de dar, era para suas duas filhas. Mas ainda assim você era capaz de notar tristeza em seus olhos. Jeon faleceu novo, com cinquenta e poucos anos.

– Com licença, eu vou ao banheiro! – disse rapidamente me levantando e seguindo em direção a qualquer lugar onde eu pudesse ficar sozinho e me deixar chorar.

Acabei por encontrar o banheiro acidentalmente e aproveitei para me trancar ali por um momento. Me sentei no chão e deixei que tudo finalmente pudesse sair de mim. Eu fui capaz de salvá-lo, mas ele nunca foi feliz? Parecia que ter descoberto sobre isso me doía mais do que saber sobre minha própria história. Mas ele está aqui agora, não está? Han está ali naquela sala e teremos uma nova chance de vivermos juntos e eu farei de tudo para que agora sim ele seja feliz. Mas porque ainda machuca tanto? Por que eu não sinto que simplesmente posso seguir em frente com minha história com Han? Por que ainda quero ir atrás de Jeon, como se eu ainda pudesse fazer isso?

Ouvi algumas batidas na porta e a voz de Han chamando meu nome baixinho. Me estiquei apenas para destrancar a porta para que ele pudesse entrar rapidamente. Assim que ele me viu no chão com o rosto vermelho e trêmulo, ele não se demorou para se ajoelhar e me puxar para perto dele. Ele não dizia nada, apenas me segurava em seus braços.

– Eu amo ele tanto! – dizia desesperadamente entre soluços para Han que afagava minhas costas – Ele merecia ser feliz, mas ele não foi feliz? – Han se afastou de mim, passou sua mão em meu rosto fazendo com que agora eu prestasse atenção em seu rosto e sorrisse.

– Ele nunca conseguiria ser feliz sem você! – ele disse calmo e me puxou para me dar um selinho demorado – Eu preciso ir agora para que minha vó não estranhe minha demora. Tente se acalmar um pouco e volte assim que puder, ok? Vou inventar qualquer coisa para que você tenha tempo. – ele puxou minha cabeça e deu um beijo em minha testa antes de se levantar e me deixar sozinho novamente.

É isso! Eu preciso me conformar com a situação de Jeon e focar no fato de que ele está aqui novamente como Jisung. É dele que eu preciso cuidar agora. Ambos ganhamos uma segunda chance de ficar juntos e dessa vez vamos conseguir, nem que eu precise ir contra uma cidade inteira novamente para isso. Me levantei do chão e lavei meu rosto com bastante água fria para que eu pudesse me livrar do inchaço e vermelhidão. Fiz exercícios de respiração para me acalmar e decidi que estava pronto para sair dali novamente. Assim que saí pude ouvir a voz de Han vindo da sala, mas tinha algo errado e eu podia notar pelo tom que ele falava. Apressei o passo e ao chegar lá notei que havia uma outra mulher no meio da sala. Ela aparentava ter por volta de 40 ou 50 anos, tinha os cabelos escuros e longos e agora tinha seu olhar em mim. Abaixei minha cabeça como se fizesse uma pequena reverencia a ela que continuou me olhando curiosa.

– Oh, Minho, você voltou! – a avó de Han disse alegre ao me ver – Está tudo bem, querido? Han disse que você havia recebido uma ligação importante do trabalho.

– Está tudo bem sim, senhor- – Nabi me encarava como se eu estivesse a ponto de dizer um palavrão – Vó! – me corrigi rapidamente ganhando um sorriso dela.

– Venha, querido! Me ajude com algumas coisas do almoço! – ela pegou em minha mão e começou a me arrastar para a cozinha me fazendo olhar para Han querendo ter certeza do que estava acontecendo, mas ele mantinha sua cabeça baixa – Você gosta de carne de porco, Minho?

– Sim, gosto muito! Mas, vó, quem é aquela moça? – perguntei rapidamente a ela que começava a tirar ingredientes da geladeira.

– Ah, aquela é a mãe do Jiji. – ela respondeu e quando viu que eu estava prestes a voltar correndo para a sala, ela segurou em minha mão novamente – Eu sei! Mas eles precisam conversar!

Fiquei a olhando sem reação, querendo dizer "dane-se" e correr atrás de Han para tirar ele dali já que eu sabia que ele provavelmente não estava preparado para qualquer tipo de conversa que fosse o chatear. Mas ao mesmo tempo, olho para Nabi e não consigo deixar de pensar que ela deve ter razão. Desde que chegamos aqui ela nos recebeu com tanto carinho. Ela claramente ama o neto e não deixaria nada piorar a situação dele com sua família.

– Por que não vamos para fora e colocamos esse porco na grelha e cortamos os legumes lá? É mais gostosinho de cozinhar na varanda, tem tantos passarinhos. Venha! – Nabi me passou algumas coisas e saímos juntos para a parte de trás.

Eu obedeci ela, mas sem conseguir deixar de ficar atento para a qualquer momento pegar Jisung e correr dali com ele. Lembrar sobre como fomos separados na vida passada dele, me fazia temer que isso pudesse acontecer de novo. Eu não aguentaria isso mais uma vez!

Nabi tinha me pedido para que eu cortasse pimentões e eu o fazia sentado em uma pequena mesa de madeira que ficava ao lado de uma grande grelha, onde ela pincelava a carne de porco com manteiga e alguns temperos. Rapidamente, Nabi fechou a grelha e se sentou a minha frente para me ajudar a cortar outros legumes.

– Eu estou tão feliz que você conseguiu voltar pra ele! – Nabi cortou o silêncio.

– Como? – perguntei.

– Para Jeon. Você voltou para ele, não foi, Minho?

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora