[Han Jisung p.o.v.]
– E então? Você aceita? – ele perguntou.
– Sua ajuda ou o x-tudo? – questionei o fazendo rir.
– Os dois – ele me deu um leve empurrãozinho.
Dei um longo suspiro e assenti com a cabeça. Ele sorriu para mim e se aproximou para me abraçar. Fiquei sem reação inicialmente, mas logo consegui devolver o abraço com o único braço livre que eu tinha, já que Jorginho ocupava o outro.
– Eu vou lá em baixo comprar o nosso lanche. Você fica com o filhote de satanás? – ele apontou para o gato que tinha seus pelos ainda arrepiados.
Fiz que sim com a cabeça para ele novamente. Assim que ele saiu, olhei o gato em meu colo que tentava escalar pela minha camisa com suas unhas finas.
– Jorginho, por que ele é assim? – questionei o trazendo para perto de meu corpo para abraça-lo – Por que ele tem que ser tão legal?
Jorginho deu um miado fino no mesmo momento me fazendo rir.
– Ele é muito...perfeito? Parece que tudo na vida dele tá no lugar certo e a minha tá uma bagunça, desmoronando o tempo inteiro. Ele quer me ajudar e isso é legal, mas ainda assim é a minha bagunça, sou eu que tenho que limpar, até porque só eu vou saber limpar. Talvez ele seja daquele tipo de pessoa que gosta de ajudar os outros, mas eu não queria isso, sabe? Eu não quero ser o cara que ele quer consertar, entende?
O ambiente ficou silencioso, porque, obviamente, o gato não ía me responder. Mas essa reflexão pesava em minha cabeça ao mesmo tempo que muitas outras questões me assombravam. Talvez seja uma coisa boa para iniciar a terapia. Eu cansei de ser o menino quebrado que todo mundo acha que tem que remendar. Eu quero ser o cara legal, pelo menos pra alguém, pelo menos uma vez na vida.
— 2 semanas depois —
É quase primavera agora. O clima ainda se encontra levemente frio, mas já é possível ver as flores ameaçando crescer e abrir em suas mais variadas cores e o Sol voltando a fazer algum efeito no tempo além da iluminação. As pessoas correm para lá e para cá na cidade afim de chegar a seus trabalhos de forma rápida enquanto ainda comem algo apressadamente, e para mim não é diferente. Passo apressado pelas ruas quase que correndo, apenas o suficiente para que minhas pernas consigam se mover enquanto carrego algumas bolsas com equipamentos e uma sacola com salgados que parei para comprar para mim e para meus amigos. Hoje é quinta e ontem, talvez pelo cansaço e pela correria que tenho tido durante a semana, acabei me esquecendo de colocar o alarme para despertar. Normalmente eu venho com Minho, mas durante as duas últimas semanas quase não nos vimos justamente por conta de meu horário bagunçado.Passo com dificuldade pela porta do estúdio e rapidamente subo as escadas que me levam para um local mais amplo e um corredor cheio de portas. Uso meu pé para dar dois leves chutes em uma porta preta que em questão de alguns segundos se abre.
– Olha só quem está atrasado! – disse Changbin que abriu a porta para mim e pegou uma das mochilas que eu carregava.
– Bom dia para você também, Chambinho. Eu te trouxe um salgado, mas agora estou pensando seriamente em comê-lo eu mesmo! – respondi para meu amigo que começou a dar pulinhos esperando receber seu lanche, me fazendo rir– Tem um pra você e um pro Chan!
– Brigado, Han! – disse Chan sentado a uma cadeira mais distante enquanto mexia em seu laptop – Você conseguiu terminar a letra ontem?
– Sim, mas ainda estou meio inseguro! Queria a opinião de vocês, se possível. – pedi levemente nervoso enquanto procurava meu bloco de notas em minha mochila.
Mesmo me sentindo extremamente confortável com meus colegas quando se diz respeito a nosso trabalho, ainda me sinto nervoso e com medo de que não gostassem do que eu tinha para mostrar e até de ser zombado, mesmo que já tivesse certeza de que eles nunca seriam capazes disso. Os meninos se sentaram e esperaram que eu começasse a cantar o que havia preparado. Era um trecho curto, apenas a ponte de uma música. Comecei a cantar com certa emoção, quase como se sofresse assim como as palavras que pronunciava, e acho que na verdade sofro. Meus olhos pararam de se fixar na página e se fecharam enquanto eu cantava o trecho que claramente já tinha decorado e treinado horas a fio na noite anterior. Ao acabar, fiquei encarando meus amigos esperando uma reação. Ambos se encontravam de boca aberta, levemente emocionados pelo que acabaram de ouvir.
– Isso tá perfeito, Han! – Chan disse com um olhar brilhante e até orgulhoso para mim – Era exatamente isso que a gente precisava pra essa música.
– Ficou demais, cara. – Changbin disse – Eu nem sei se vou ser capaz de ouvir essa música em outra voz que não seja a sua. Isso foi...
– Ah...então vocês gostaram? – um sorriso sem-graça apareceu nos meus lábios.
– Ficou perfeito. – Changbin disse com um sorriso vindo em minha direção para me abraçar – Mas o que... Han, você tomou banho de desodorante? – ele disse me soltando e se afastando para me encarar.
– Mais ou menos – respondi sem graça – Eu dormi demais e pra não me atrasar eu acabei dispensando o banho, mas pelo menos passei um cheirinho.
– Então o senhor ousou vir trabalhar conosco hoje sendo que está há 24 horas sem entrar em contato com um sabonete? – Chan questionou arqueando sua sobrancelha.
– Não me enche! Eu te trouxe lanche. – apontei para o salgado em sua mão ao que ele respondeu me mostrando a língua – Aí, você é tão adulto – caçoei.
– Não vou reclamar, afinal esse trecho que você trouxe já nos ajuda a terminar mais uma faixa para o álbum do duo. Nos restando apenas... tambores Changbin! – Chan pediu enquanto consultava seu laptop.
Changbin começou a bater no braço do sofá de couro que ficava encostado na parede em frente ao equipamento.
– Três, senhores e senhores, faltam três faixas. – Chan ergueu seu pulso no ar.
– Isso se eles aceitarem a mudança que queremos fazer na letra deles, né? – Changbin disse suspirando.
– Eles vão aceitar. É só você mostrar seus músculos pro Felix que ele vai ficar- AI IMBECIL! – fui interrompido por uma almofada que Changbin jogou na minha cara, fazendo Chan gargalhar alto.
– Eu ía até zoar também, mas ainda tô comendo meu salgado, não quero ser atacado. – Chan disse ainda rindo.
– E mesmo que Felix aceite porque me acha gostoso, o que de fato sou, quem garante que Hyunjin aceitaria? – Changbin questionou.
– Ele é uma pessoa tranquila, acho que dá pra conversar e convencer ele. – Chan disse.
– Sim. O duo provavelmente são os artistas mais tranquilos com quem já trabalhamos. – confirmei.
– E por que não aproveitamos e gravamos esse trecho que você escreveu, Han? Acho que fica mais fácil de convence-los se eles ouvirem o material pronto! – Chan sugeriu ganhando um aceno de cabeça meu e de Changbin – Entra lá, Han! Vamos gravar você cantando.
Me levantei e fui em direção à cabine de gravação, mas na mesma hora senti meu celular vibrar no bolso da minha calça e, enquanto Chan e Changbin preparavam tudo para que gravássemos, li a mensagem pela notificação na tela:
Minho
Topa almoçar juntos hoje?Eu rapidamente já senti que a resposta deveria ser "não", pois acho que mesmo que naquele fim de semana tivéssemos conversado, eu ainda me sentia um pouco envergonhado sobre como eu me expus para ele. Mas antes mesmo de abrir a mensagem para responder, mais uma chegou.
Minho
Eu tô com saudades :(
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Minha Criptomania | Minsung
Fiksi PenggemarUma fanfic Minsung: Lee Know é um cupido que após muitos corações flechados - modéstia parte com muito sucesso - se depara com Han Jisung, um jovem adulto que se recusa a se apaixonar por causa de seu coração partido. O cupido agora deve traçar um p...