Capítulo 27

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[Lee Minho p.o.v.]

Peguei em sua mão e fomos em direção ao elevador para encontrar um taxista que já nos aguardava em baixo do prédio. Quando o elevador se fechou, Han chamou minha atenção ao dizer:

– Ah, é pra você! – ele estendeu o saquinho de papel que segurava – Imaginei que não tenha tomado café da manhã, então fiz pra você!

Abri o saquinho de papel para descobrir que lá dentro havia um sanduíche de queijo e presunto e salada. Ele fez café da manhã pra mim! Olhei para ele encantado com o seu cuidado comigo, mesmo ele estando tão nervoso com toda a situação atual. Passei meu braço pelo seu ombro e o puxei rapidamente para dar um beijo nele antes que o elevador se abrisse novamente.

– Obrigado, Ji! – disse sorridente para ele que pareceu satisfeito de ver como eu havia gostado do seu ato.

Entramos no táxi, mas ficamos distantes um do outro, como se fossemos apenas dois amigos viajando. Pedimos para o taxista nos deixar na rodoviária e em questão de 15 minutos chegamos lá. Jisung já havia comprado passagens para nós no dia anterior, então chegamos bem na hora que o embarque começaria. Um homem alto e forte guardava as malas de alguns passageiros no bagageiro, mas como estávamos apenas com mochilas, podíamos leva-las conosco dentro do ônibus. Pegamos assentos nas primeiras fileiras do ônibus, pois as últimas sempre ficam cheias e é onde há maior circulação de pessoas por conta do banheiro. O ônibus não estava muito cheio e nos assentos ao nosso lado não havia ninguém, o que era ótimo, já que assim Han se sentiria mais confortável em se aproximar de mim caso precisasse de algum acalento.

Em 20 minutos, todos haviam embarcado no ônibus e já estávamos prontos para irmos. A viagem seria sem paradas, mas duraria por volta de duas horas e meia. Jisung ficava massageando suas próprias mãos, provavelmente cada vez mais nervoso. Peguei em uma delas e a puxei para meu rosto para que pudesse beijá-la. Ele me olhou no mesmo momento, então eu disse:

– Você não precisa ter medo. Eu vou te proteger de tudo!

– Isso é lindo, mas tem certas coisas das quais você não vai ser capaz de me proteger! – ele disse baixo, mas de maneira calma.

– Eu sei! Mas vai dar tudo certo, Ji! – disse novamente tentando lhe dar mais confiança.

– Vai sim! – ele sorriu – Mas não consigo evitar de ficar nervoso.

– Por que você não coloca seus fones de ouvido, começa a ouvir suas músicas preferidas, deita essa cabecinha no meu ombro e relaxa um pouco? Eu sei que é difícil deixar de pensar nisso, mas ao menos tente se distrair.

– Vou fazer isso! – ele sorriu e me deu um selinho que me surpreendeu.

Isso pode parecer bobo pra outras pessoas, mas foi um pequeno ato de confiança e coragem vindo dele, que sempre se importou tanto com o que os outros íam pensar e se iriam aceitá-lo ou não. Eu ficava tão feliz e orgulhoso por essas pequenas vitórias dele, que me faz pensar em como eu tenho que fazer isso tudo valer a pena ao final dessa missão.

Durante todo o caminho ele permaneceu quieto escutando sua música enquanto estava encostado em mim, mas não demorou muito para começar a cochilar. Diferente dele, permaneci acordado o caminho todo pensando em tudo que enchia minha cabeça no momento. Os outros pesadelos que tive durante a semana, minhas preocupações com Han, além de minha própria ansiedade ao tentar desvendar toda essa história com ele.

Quando estávamos próximos da pequena cidade, comecei a me sentir estranho. Era a mesma sensação nostálgica de sempre, mas algo fazia com que eu quisesse pegar Jisung e sair dali o mais rápido possível. Eu não havia parado para pensar que essa cidade, onde toda sua família vive hoje, poderia ser a mesma cidade em que eu vivi no passado. A mesma cidade da qual Jisung uma vez fugiu. E agora eu estava arrastando ele de volta? Meus sentidos começaram a se aguçar. Eu tenho que tomar cuidado ali. Eu tenho que proteger ele. Se for preciso entrar na forma de cupido para salvá-lo, eu iria, e não me importa quantos humanos vissem e tivessem que ter sua memória apagada depois. Ninguém vai tirar ele de mim de novo.

O ônibus parou na rodoviária da cidadezinha e as pessoas começaram a sair apressadamente. Cutuquei Jisung para que ele acordasse, e assim que ele notou que havíamos chegado, ele arregalou seus olhos e encarou para fora do ônibus. Seis anos longe daqui, provavelmente ele deve estar sentindo algo parecido com o que eu senti, lembranças misturadas com traumas. Quando todos saíram, silenciosamente pegamos nossas coisas e deixamos o ônibus também.

– Você está bem? – perguntei enquanto seguíamos para a saída da rodoviária.

– Estou. Só é...estranho!

– Entendo! Mas logo estaremos de volta em casa! – toquei em seu ombro e sorri para ele que sorriu de volta.

Pedimos um táxi e fomos para o centro da cidadezinha, que era relativamente perto da casa da vó de Han. Ele andava de cabeça baixa pela rua, quieto, como se isso fosse torná-lo invisível para qualquer conhecido que pudesse passar por ali.

– No que está pensando? – perguntei analisando as pessoas que passavam por nós.

– Eu tinha decidido fazer tudo devagar e com calma. Mas eu estou pensando se não é melhor agir rápido, terminar tudo de uma vez. – ele explicou com sua cabeça ainda baixa.

– Você já quer ir direto para a casa da sua avó?

– Acho que sim. – ele parou de andar e respirou fundo algumas vezes com seus olhos fechados.

Eu fiquei quieto, esperando que ele conseguisse se acalmar até seguir nossa caminhada. Eu o seguia pela rua onde ele andava agora com tranquilidade e a passos largos. No final, paramos no meio de uma rua cheia de pequenas casinhas antigas, todas de cores claras, com jardins cheios de flores e arbustos bem aparados e pequenas cerquinhas brancas. Era tudo tão delicado, que era difícil de imaginar que pessoas com a mente tão pequena podiam viver ali.

Han parou em frente a uma das casas que era de um tom clarinho de azul acinzentado. Fiquei esperando atrás dele, até que ele finalmente andou até a porta e deu três batidas na mesma. Ele respirava fundo, tinha suas mãos escondidas nos bolsos do casaco e evitava interagir comigo mesmo que com o olhar. Mal sabia ele o quão forte ele estava sendo e o quanto eu estava orgulhoso dele. Passado alguns segundo, a porta de abriu revelando uma senhorinha de cabelos castanhos e curtos, que usava um vestido longo e florido. Ela nos olhava curiosa, até que pegou os óculos pendurados em seu pescoço e os colocou. Assim que ela enxergou Han, seus olhos se arregalaram e um sorriso começou a aparecer em seu rosto.

– Jisung?

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora