(Flashback)
Os próximos dias foram normais como qualquer outro na minha vida e na de Jeon. Terminamos nosso trabalho nas plantações de arroz e esperávamos alguns dias para iniciar a colheita em outra fazenda, enquanto isso, trabalhávamos em nossa própria casa. Eu ajudava a cuidar das galinhas e dos porcos no fundo do quintal de minha casa enquanto Jeon trabalhava junto a mãe na horta da fazenda deles. De vez em quando íamos um até a casa do outro e ajudávamos com o que quer que fosse necessário ali, nada fora do comum nos últimos 18 anos.
Um dia fui até a casa de Jeon e encontrei ele, sua mãe e seu irmão mais velho regando as folhas que cresciam da terra escura. A mãe de Jeon, que era quase como uma segunda mãe para mim, deu um grande sorriso ao me ver e me chamou para dentro do quintal. Sua cunhada e sobrinha estavam por lá ajudando-a a preparar geléias de frutas vermelhas que compraram de outro vizinho e me pediu que provasse o doce.
– Isso é tão injusto! – Jeon disse indignado – Nós te ajudamos com a horta e ele que prova a geléia?
– Jeon, volte a trabalhar e pare de reclamar! – sua mãe disse me fazendo rir – Venha, Minho, prove! Ah, essas são Yuna e Nabi! – ela me apresentou rapidamente às outras moças no local, mesmo que eu já as tivesse visto por ali antes em outras ocasiões.
– Olá! – acenei para elas antes de me virar para pegar a colher que me foi oferecida – Está muito bom! Doce, mas ainda dá pra sentir aquele azedinho bom da fruta no final!
– Que ótimo! – ela sorriu satisfeita para mim – Agora é só chegar no ponto!
– Vou trazer um bom frango para vocês em troca de um pouco de geléia. Minha irmã adora! – disse.
– Ah, então vou preparar um pote farto para você! Agora, va lá acalmar Jeon antes que ele tente atacar minha panela novamente.
– Ah, ele tentou? – perguntei segurando o riso encarando Jeon que nos olhava sorrateiro atrás de um arbusto.
– Cinco vezes! – Nabi suspirou atrás de nós.
– Pode deixar que eu distraio as formigas! – disse indo em direção a Jeon e seu irmão – Querem alguma ajuda?
– Minho, meu parceiro! – o irmão de Jeon me puxou para perto dele – O que você acha de ficar no meu posto? Assim você passa um tempo com seu amigo aqui e eu aproveito para conversar com a minha futura esposa?
– Ela nunca vai dizer sim. – Jeon murmurou.
– Vai sim!
– Tá, quando você conseguir dizer um "oi" pra ela, aí a gente conversa! – Jeon retrucou e ambos irmãos começaram a se imitar implicando um com o outro.
– Beleza! – disse interrompendo e pegando o regador da mão do mais velho e o empurrando de leve para longe – Boa sorte na caçada!
– Você é o melhor, Minho! – ele disse antes de correr para fora da horta.
– A vida...ela é muito injusta! – Jeon disse me fazendo virar para ele – Eu devia estar sendo liberado, não aquele folgado. E além disso, você pode provar a geléia e eu não?
– Se quiser provar, acho que o gosto ainda tá na minha língua! – provoquei mostrando minha língua.
– Ah... que tortura! – ele disse mordendo os lábios enquanto encarava minha boca – Isso seria melhor que o doce.
Ri dele e o dei um empurrãozinho com meu cotovelo, mas ele continuou a me encarar com desejo.
– Ei, para! – sussurrei.
– Minho, me deixa te fazer de torrada e...
– Cala a boca! – disse alto e joguei água nele.
Ele riu e jogou água de volta em mim, até que ouvimos sua mãe chamando nossa atenção para que parássemos e voltássemos a regar o restante da horta.
– Como foi seu dia hoje? – perguntei.
– O de sempre, cuidando da horta, as vezes cuidando da minha irmãzinha, cuidando de não apanhar da minha mãe sempre que tento pegar um pouco de geléia...
– Eu prometo trazer mais coisas da minha casa para sua mãe me dar dois potes de geléia, então posso dar um todo pra você. – ele me olhou sorrindo bobo.
– Eu não sabia que passaria a ganhar presentes por te beijar. Devia ter começado a fazer isso antes! – ele brincou falando baixo.
– Você fala como se eu nunca tivesse te dado presentes antes. Sempre que trabalhávamos separados eu trazia doces pra você.
– É verdade, amor, desculpa!
– Amor? – parei para olhar seu rosto que agora corava.
– Não gosta?
– Eu adoro! Mas é melhor não me chamar assim enquanto não estamos sozinhos. Só para evitar que alguém nos ouça e para evitar que eu me descontrole e te agarre na frente de todos também. – pisquei para ele.
Rimos um para o outro, mas logo me incomodei porque sentia como se eu estivesse sendo vigiado. Olhei para frente para notar que um grupo de três garotos passavam nos encarando. Fiquei os encarando até que eles finalmente viraram seu olhar e continuaram a andar. Continuei olhando até que Jeon chamou minha atenção perguntando:
– Se eu te fizer uma pergunta você promete ser sincero?
– Claro! – disse o olhando atento.
– Você acha que eu sou esquisito?
– Esquisito?
– É, quero dizer...feio.
– O que? – questionei assustado morrendo de vontade de tomá-lo em meus braços para dizer o quão absurdo aquilo era antes de beijá-lo com vontade.
– Só responde! – ele pediu.
– Claro que não acho isso, Je! Eu acho você lindo, você sempre teve um rosto tão delicado e inocente, e o seu sorriso... – não pude evitar de sorrir também – Eu sou apaixonado no seu sorriso!
– Obrigado! – ele disse sorrindo tímido.
– Mas por que a pergunta repentina?
– É que... eu não sei. Você viu aquelas pessoas que passavam encarando, não viu? – assenti que sim com a cabeça em resposta para ele continuar – Eu sinto que as pessoas andam fazendo isso nos últimos dias. Todas as vezes que estive aqui fora vi gente cochichando e me encarando. Então...
– Como assim? Há quanto tempo? – perguntei preocupado.
– Sei lá... Durante essa semana. – ele deu de ombros e se ajoelhou para analisar uma folhagem que parecia manchada.
Olhei ao redor novamente e não havia mais ninguém encarando no momento. Poderia não ser nada, mas se as pessoas estão o olhando da forma que eu presenciei agora, isso era muito esquisito. Enfim, dei de ombros e voltei minha atenção para ele que ainda examinava as folhagens naquela área para ver se não havia algum tipo de praga ao redor. Ele parecia tão pequeno.
Jeon sempre foi um pacotinho de felicidade. Animado, extrovertido, fazia todos rirem o tempo todo. Mas eu também sempre enxerguei nele como ele podia ser frágil em relação ao mundo. Na dinâmica da nossa dupla, ele era o amigável e eu era o quem tomava conta dele. Incontáveis vezes que voltei para casa machucado por brigar com alguma outra criança que havia o ameaçado. Nossas mãe agiam com preocupação, mas eu ostentava os machucados e arranhões com orgulho, pois eles eram todos pelo meu melhor amigo. E o pequeno se sentia tão mal, que me visitava todos os dias para me levar doces e "cuidar de mim" do jeitinho dele.
Ele me olhou rapidamente, ainda agachado no chão e sorriu me deixando mole e me fazendo sorrir de volta. Ninguém nunca vai ousar encostar um dedo em você enquanto eu estiver aqui, meu amor!
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Minha Criptomania | Minsung
FanficUma fanfic Minsung: Lee Know é um cupido que após muitos corações flechados - modéstia parte com muito sucesso - se depara com Han Jisung, um jovem adulto que se recusa a se apaixonar por causa de seu coração partido. O cupido agora deve traçar um p...