Capítulo 6

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[Lee Minho p.o.v.]

Se passaram duas semanas e Jisung e eu íamos juntos ao trabalhos todos os dias e "coincidentemente" saíamos no mesmo horário e voltávamos juntos também. Não cheguei a conhecer seus amigos ainda, mas sei que ele já havia comentado sobre mim, o que deixou seus parceiros satisfeitos ao saber que ele estava finalmente socializando com outra pessoa. A cada dia que passava ele ía demonstrando que estava mais confortável comigo por perto e até começou a me procurar por conta própria, quando antes esse trabalho era todo meu. Mas ainda assim, acho que está cedo para fazer com que ele conheça mais pessoas. Eu posso arruinar o trabalho de uma semana com muita facilidade e eu não queria isso. Combinamos de passar o fim de semana jogando video game novamente, mas estava considerando pedir para sairmos. Não preciso fazer com que ele socialize ainda, mas se ele começar a se acostumar a estar fora de casa, já é meio caminho andado.

Eu estava largado no sofá brega do meu apartamento, ao qual eu havia me apegado agora, e sem querer me peguei pensando no trabalho no estúdio como se eu não fosse sumir em alguns dias e cair no esquecimento de todos. Acho que a gente realmente se acostuma a vida humana depois de um tempo. Eu só preciso tomar cuidado para não me acostumar a Jisung também, isso seria...doloroso.

Só sai de meus devaneios quando ouvi um barulho em minha janela que me chamou a atenção. Andei até ela e lá pude ver um gatinho filhote, que provavelmente subiu pela escada de incêndio do antigo prédio, estava se esfregando na janela. Fui até ela e abri rapidamente deixando o animal entrar. Ventava muito no beco que ficava entre um edifício e outro. Ele não se demorou para correr para dentro do meu apartamento e se esconder no canto atrás do sofá. O segui e o vi se aninhando junto a lateral do móvel.

– Você tá com frio? – questionei o animal que apenas me olhava.

Ah, caro acompanhante da ficção, esqueci de avisar que seres não humanos, seja lá quais fossem, têm a capacidade de se comunicar com animais por meio do pensamento e sentimento, assim como com seres humanos, a diferença é que ler a mente dos humanos costuma ser mais complicado, então evitamos. A mente do filhote parecia confusa, assim como a mente de qualquer ser de pouca idade seria, então no momento apenas consegui entender que a resposta era "sim" por causa do tremor de seu corpo. Fui até o quarto e abri as gavetas da cômoda que tinha lá para ver o que havia dentro. Tinham algumas peças de roupa, roupa íntima, meias...perfeito. Peguei uma meia azul e comprida da gaveta, achei tesouras na gaveta da mesa de cabeceira baixa que ficava ao lado da cama, e fiz 3 cortes na peça. Voltei para ver o animal que permanecia no mesmo local e o vesti com a meia, passando sua cabeça e as duas patas dianteiras pelos buracos que cortei.

O gato ficou estático sem se mover, provavelmente estranhando a nova vestimenta, então o peguei nas mãos e o levei até a cama, onde ele se aninhou entre os dois travesseiros para relaxar e dormir.

– Mas que trocinho fofo. – disse com os olhos brilhando ao ver o bichinho.

Confesso que tenho fraco por animais, ainda mais por gatinhos. A pelagem branca e castanha do bichinho estava bagunçada, o deixando ainda mais fofo se isso era possível. Saí por um momento de perto e fui atrás do meu celular para pesquisar o que gatos filhotes precisam para que mais tarde eu pudesse comprar, mas fui interrompido quando bateram em minha porta, que abri para me deparar com uma senhora que aparentava ter volta de uns 60 anos, cara de antipática, mas forçando um sorriso meigo no rosto que não convencia ninguém.

– Bom dia! – ela disse – Meu nome é Mai, sou síndica desse prédio.

– Bom dia! – respondi.

– Eu queria lhe dar as boas vindas ao prédio, se mudou ontem, certo? Sua mudança foi tão rápida. – ela comentou.

– Na verdade já vai fazer duas semanas que me mudei. E eu não tinha muitas coisas pra trazer, o apartamento já tinha mobília, então foi uma mudança bem simples. – expliquei sorrindo para ela não para parecer simpático, mas sim porque confesso que estava receoso com a curiosidade dela e queria passar um ar de confiança.

– Que bom. – ela respondeu – Bem, eu estava lá embaixo voltando de minha caminhada e notei que havia um gato na escada de incêndio, então pensei que seria bom lhe avisar que não são permitidos animais no prédio. O senhor não teria o deixado entrar, teria? – os olhos dela se direcionavam para dentro de minha casa me deixando na defensiva.

– Claro que não – disse logo – Eu tenho alergia a gatos, se eles entram eu saio direto pro hospital. – exagerei.

– Ah, tudo bem, então. Tenha cuidado com a janela aberta então senhor...

– Lee – respondi.

– Bom dia – ela sorriu mais uma vez antes de se virar para ir embora.

Fechei a porta rapidamente e me virei para ver o filhote marchando em direção a cozinha. Respirei fundo agradecendo por ele não ter aparecido há alguns segundos mais cedo, já que isso poderia resultar em problemas com a sindica. Eu não aceitaria ser expulso desse prédio e também não deixaria ela pegar no gato, pois aquela mulher não me parecia ser de confiança.

[Han Jisung p.o.v.]

E lá estava eu parado em frente a porta dele novamente. Mesmo que eu já me sinta um pouco mais confortável perto dele, ainda sinto aquela agonia dentro de mim dizendo que eu estou incomodando. Hesitei em bater na porta e pensei em voltar pra casa, mas voltei atrás, afinal, ele mesmo pediu para eu aparecer, certo? Mas ele pode ter dito por educação, não pode? Ele não me chamaria se não quisesse me ver, chamaria? Aqui estou eu pensando demais novamente. Bati na porta de uma vez começando a ficar chateado comigo mesmo, mas ainda sentindo aquela agonia no peito. Uma fresta pequena da porta se abriu e apenas o rosto de Minho apareceu, seus olhos arregalados.

– Ah, é você! – ele sussurrou e olhou ao redor do corredor.

– Sim. A gente não ía jogar hoje? – perguntei incerto.

– Sim, nós vamos é só que... – Minho foi interrompido por um barulho alto dentro de seu apartamento – AH DE NOVO NÃO! – ele gritou ao sair da porta.

Maior que minha ansiedade é minha curiosidade. Aproximei meu rosto da porta e notei Minho agachado no chão resmungando algo.

– VOCÊ... acabou de chegar e já está me causando problemas! – ele disse.

– Eu? – questionei fazendo com que ele se virasse, deixando a mostra um filhote de gato agora em seu colo.

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora