[Lee Minho p.o.v.]
– Esse era meu bisavô. – ele disse me mostrando a foto – Minha avô me deu justamente porque ela achava que eu era parecido com ele.Realmente haviam semelhanças, mas não eram idênticos como eu esperava que fossem. Fingia analisar a foto com receio de como minha reação decepcionada poderia ser pra ele.
– Só tem essa foto? – questionei.
– Sim. Tenho uma dele mais velho com minha avó pequena também! – ele começou a vasculhar a caixa até que pegou uma foto maior que tinha seu bisavô acompanhado de três crianças – Essa é minha avó. – ele apontou para a única menina da foto.
Olhei para os outros dois meninos na foto e infelizmente eles também não eram tão parecidos com Han. Mas aquela foto parecia importante. Virei ela para ver se tinha algo escrito atrás, mas não havia nada além de algumas manchas do tempo. Olhei a foto novamente, mas com mais calma e acabei notando que havia uma quinta pessoa na foto, só que mais ao fundo. Um menino novo, assim como as outras crianças que estavam posando na foto, corria com um leve sorriso no rosto. Senti minha pele se arrepiar. Era ele! Com certeza era ele! Sem pensar muito eu simplesmente apontei para o menino na foto, mas sem dizer nada. Han olhou para mim curioso e depois olhou para onde apontei na foto.
– Não sei quem é! – ele disse achando que estava respondendo a uma dúvida minha.
Ainda não fui capaz de responder a ele. Meu coração começou a acelerar e minhas mãos suavam frio tremendo levemente. Han tentava chamar minha atenção, mas eu não parava de olhar o menino da foto. Um sentimento de saudades e dor muito forte me invadia, quase como se eu fizesse de tudo para entrar naquela foto apenas para estar em contato com ele de novo. Eu sei que ele teoricamente está bem aqui ao meu lado, mas não era ele, ele. Não era aquele que eu conheci e pelo qual sofri. E essa dor toda me fazia querer voltar no tempo para que eu pudesse ser feliz com ele como não pudemos ser antes.
Han arrancou a foto de minhas mãos subitamente finalmente conseguindo minha atenção. Ele guardou a foto na caixa e a afastou.
– Não se mexe! Vou pegar água pra você!
Ele voltou rapidamente com um copo de água gelada e o passou para mim enquanto se sentava ao meu lado. Bebi apenas dois goles, pois agora eu estava tão nervoso que sentia que se tomasse mais, eu seria capaz de vomitar.
– Era ele? – Han perguntou calmo – Era...eu?
Me virei para ele e fiz que sim com a cabeça. Ele parecia calmo, o que eu definitivamente não esperava dele ao me ver nessa situação. Era quase como se ele criasse um instinto protetor comigo que fazia com que ele focasse em agir racionalmente ao invés de se assustar com o que acontecia. Ele colocou a mão em meus cabelos e começou a fazer cafuné em mim. Me inclinei para deitar próximo a ele que me puxou para seu peitoral. Ele permaneceu em silêncio e me dava beijinhos no alto da cabeça enquanto me fazia carinho, assim como ele fez de manhã quando acordei do pesadelo. Eu consegui me acalmar e finalmente perguntei:
– Você tem como descobrir quem é?
– Ter eu tenho...
– Eu sei que fica desconfortável com sua família. Não precisa fazer nada que vá te deixar mal. – me estiquei para dar um selinho nele e deitei minha cabeça em seu ombro.
– Mas eu prometi te ajudar!
– Mas se me ajudar significa que você vai ficar mal, então eu não quero que você me ajude! – pontuei sério.
– Mas se não te ajudar significa te deixar tendo pesadelos horríveis toda noite e acordar vendo você naquele estado, então eu vou fazer o que eu puder pra te ajudar.
– Ji! – disse com um tom de aviso levantando minha cabeça para olhá-lo.
– Eu tô falando sério! Você acha que foi legal acordar e te ver daquele jeito? – ele falou sério.
– E eu não quero ter que passar pela mesma coisa vendo você mal porque teve que entrar em contato de novo com sua família que te fez sofrer por tanto tempo! Não vale a pena, Jisung!
– Mas tem a minha avó. Ela sempre gostou de mim e me tratava com muito carinho. Eu me afastei dela porque me afastei de todos por causa dos meus pais. Tudo bem que ela não sabe que eu sou bi, mas... Enfim. Não me importaria de vê-la novamente.
– Tem certeza?
– Sim! Mas você poderia ir comigo? Quero dizer, eu teria que viajar pra minha antiga cidade e tudo mais, então...
– Claro que vou! – sorri e o beijei novamente – Eu não deixaria você ir sozinho de qualquer forma.
– Vamos no próximo final de semana, então. Combinado? – ele perguntou depois de dar um longo suspiro.
– Quando for melhor para você!
– Acho que uma semana basta para eu me acostumar com a ideia. Sábado bem cedinho nós saímos!
––
Eram 5h30 da manhã quando o despertador tocou. Eu estava sozinho com Jorginho em minha cama e pude ver o gato incomodado com o barulho do celular, que logo desliguei. Mesmo tendo dormido mais cedo, eu sentia muito sono e preguiça. O Sol não havia nem nascido ainda, as ruas estavam frias e totalmente desertas, toda a cidade adormecida e se preparando em sua maioria para acordar mais tarde, como pessoas normais faziam no sábado.
Me levantei da cama e cambaleei para o banheiro. Liguei a luz, o que fez com que meus olhos se irritassem com a iluminação repentina, mas sem deixar de me dirigir até o box para que eu pudesse tomar um banho quente. Eu viajaria algumas horas dentro de um ônibus com meu namorado, então já estava me preparando para tornar o processo o mais confortável possível para ele em todos os sentidos. Ele planejava apenas passar a tarde com sua vó para matar a saudades dela além de descobrir tudo que precisamos para irmos embora no dia seguinte. Mas a cidade era relativamente pequena, então ele tinha muito medo que encontros indesejáveis acontecessem com outros parentes.
Me arrumei rapidamente, me agasalhei, peguei a mochila onde tinha colocado duas mudas de roupa na noite anterior e coloquei uma bolsa separada com itens de higiene além de alguns lanches para alimentar meu namorado caso ele sentisse fome. Comprei potinhos novos de ração e água para Jorginho que possuíam um contêiner que enchi para que ele não ficasse sem os condimentos até amanhã. Dei um beijo na cabeça do gatinho que ainda dormia em cima de minha cama e antes de sair, passei o perfume que eu sabia que Han mais gostava. Por mais que o motivo da viagem seja um interesse meu, para mim tudo é sobre Han e como ele está dando um grande passo ao voltar àquela cidade que guardava tantas lembranças ruins para ele.
Deixo apenas uma frestinha da janela aberta, para que Jorginho tenha acesso a ar puro, mas sem conseguir fugir, tranco a porta de casa e sigo para bater na porta de Han. Ele não demora muito para abrir e sorri rapidamente quando me vê e se volta para pegar sua mochila em cima de seu sofá, além de um pequeno saquinho de papel em cima de sua mesa de centro na sala.
– Bom dia, amor! – digo a ele assim que ele volta para a porta e a fecha.
– Bom dia! – ele responde enquanto tranca a fechadura com a mão trêmula.
– Dormiu bem? – questiono a ele que se vira para mim com o mesmo sorriso forçado em seu rosto.
– Dormi. – ele respondeu e começou a caminhar em direção ao elevador, mas o puxo pelo braço para que ele rapidamente se vire para mim e o beijo calmamente, quase que esperançoso de que eu consiga sugar seu nervosismo como se fosse um veneno.
– Você tem certeza de que está pronto? – pergunto baixinho para ele que finalmente suaviza sua expressão e respira fundo.
– Acho que nunca estarei pronto até simplesmente agir. Mas você vai ficar do meu lado, não vai?
– Sempre! – sorrio para ele e esfrego meu nariz no dele, fazendo com que ele finalmente desse um sorriso genuíno.
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Minha Criptomania | Minsung
FanficUma fanfic Minsung: Lee Know é um cupido que após muitos corações flechados - modéstia parte com muito sucesso - se depara com Han Jisung, um jovem adulto que se recusa a se apaixonar por causa de seu coração partido. O cupido agora deve traçar um p...