Capítulo 7

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[Han Jisung p.o.v.]

– O que...? – eu disse surpreso.

– Fala baixo, animal! – Minho falou e correu para me puxar pra dentro de seu apartamento e fechar a porta.

– Minho, não pode ter animais no prédio! – disse a ele mais baixo.

– Eu sei disso. A síndica já passou aqui, acho que ela tá suspeitando, mas eu menti. Mas olha pra ele – ele estendeu o gato para mim – Ele tava com frio.

Estendi meu dedo indicador para o filhote que tocou nele com a patinha.

– Ai, meu Deus! Apaixonei! – peguei o gato das mãos de Minho e comecei a brincar com ele próximo ao meu rosto.

Notei que Minho deu um risinho abafado e quando o olhei ele rapidamente mudou de expressão e se virou para ir em direção a sua sala que tinha pequenos cacos de cerâmica de algo que provavelmente o gato quebrou.

– Você não vai contar pra ninguém, vai? – ele perguntou para mim sem tirar os olhos do que fazia – Eu não quero me livrar de Jorginho, pelo menos não agora – sua voz parecia triste.

– Ah não, o seu nome é Jorginho? – olhei ao gato que balançava suas patinhas traseiras na intenção de se apoiar em meu corpo. – Claro que não vou denunciar você e o Jorginho – abracei o gato.

– Obrigado! – Minho finalmente olhou pra mim e sorriu em agradecimento fazendo minhas bochechas esquentarem um pouco – Eu não gosto de me sentir sozinho e acho que ter um pet seria bom.

– Você se sente sozinho? – questionei curioso.

– Às vezes. E eu não me sinto bem te chamando toda hora, sinto que posso acabar te incomodando. – ele deu um riso amarelado enquanto jogava em um saquinho de lixo todos os cacos que catou.

– Você não me incomoda, não! – disse em um tom um pouco mais alto do que o necessário – Quero dizer... isso é besteira! Eu me sentia muito sozinho também até você chegar. Faz pouco tempo que a gente se conhece, mas é bom ter algum amigo morando perto e tudo mais.

Minho abriu um grande sorriu em minha direção e balançou a cabeça levemente olhando pra cima.

– Obrigado, senhor, por colocar Han Jisung como meu vizinho! Mas eu ainda não vou me livrar de Jorginho! – ele disse passando a me encarar, como se fosse um aviso.

– Que bom! Se você se livrasse de Jorginho, eu me livraria de você. – disse o fazendo rir.

– Por que a gente não sai pra comer alguma coisa e depois passa em uma petshop pra comprar algumas coisas pra ele, como uma roupa que não seja uma meia cortada, comida, areia...

– Topo. Mas podemos deixar ele sozinho? – questionei.

– Vamos ter que deixar! Vou prender ele no meu quarto pra evitar que ele quebre mais alguma coisa. – Minho pegou o filhote de minha mão e se encaminhou para seu quarto, fechando sua porta na volta.

– Eu vou na minha casa pegar uma mochila. Não vai ser bom voltar para cá com sacolas de petshop.

– Bem pensado!

Comemos um lanche em uma lanchonete que tem perto de uma petshop a dois quarteirões do nosso prédio. Minho parecia mais quieto hoje do que o normal e isso me deixou curioso, já que ele ainda parecia forçar uma postura de que tava tudo bem.

– Você tá bem? – perguntei chamando a atenção de seu olhar – Você parece triste.

– Tô bem é só que estou com algumas preocupações. Coisas do trabalho, nada demais. – ele respondeu rapidamente virando seu olhar para seu lanche.

Independente de ser algo preocupante ou não, me incomodava ver Minho tão quieto, quase como se fosse suspeito ele estar assim ou como se eu simplesmente não aguentasse ver seus lábios não curvados para cima formando aquele sorriso brincalhão dele. Sei que nos conhecemos a pouco tempo, mas não é difícil de entender porque eu já me preocupo com ele. A última semana que passamos foi tão boa para mim. Eu me sentia menos sozinho e consequentemente menos frustrado comigo e com minha atitude ridícula de fugir de qualquer tipo de contato com alguém.

– Você sabe que pode me falar qualquer coisa, né? Caso esteja chateado, pode desabafar, eu não vou te julgar. – disse antes de pegar o milk shake que estava tomando em minhas mãos para que o gelado do copo esfriasse minhas palmas quentes que começavam a suar.

– Eu confio em você, Jisung. – ele disse sorrindo simpático para mim – Mas não é nada, eu te prometo. Só estou pensativo, só isso. Não é tristeza, afinal é impossível eu ficar triste perto do meu amigo, certo? – ele deu um tapinha no meu ombro.

– Não é impossível não – disse sem pensar muito – Na verdade se o amigo sou eu, é bem fácil...

– Ai meu Deus, cala essa sua boca. – ele disse me fazendo ficar paralisado – Han, só você não nota o quão legal você é. Você é tão gentil, tão amigável. É triste saber que tão poucas pessoas tiveram a chance de se aproximar de você, e ao mesmo tempo muito bom saber que eu sou uma delas. – minhas bochechas passaram a esquentar, o que fez ele sorrir ao notar – Tenta se abrir mais, cara. Eu sei que é fácil falar, mas aos poucos você consegue mudar isso até que se sinta confortável em falar com pessoas novamente. Vai arranjar um grande grupo de amigos e quem sabe não começa a namorar também? – ele deu um sorriso malicioso.

Provavelmente minha cara estava tão vermelha de vergonha que Minho não conseguiu segurar uma gargalhada. Comecei a gaguejar ficando mais nervoso tentando dizer algo que eu nem sabia o que era.

– Calma – ele pediu cessando a gargalhada – só de falar nisso você já fica nervoso desse jeito?

– Eu não tô procurando nada disso no momento – falei rapidamente – Eu estou muito satisfeito com como as coisas estão agora, não preciso de mais nada.

– É errado você pensar assim. Não pode contar apenas comigo e com seus parceiros para...

– Eu não preciso de você e dos meus amigos pra nada. – respondi percebendo que já estava entrando na defensiva.

– Você sabe o que eu tô querendo dizer, Jisung. Você precisa começar a...

– PARA! – pedi o assustando com meu tom de voz.

Assim que me calei, notei as pessoas ao redor nos encarando, Minho me olhando boquiaberto sem saber o que fazer e uma sensação de vergonha começar a me sufocar. As pessoas ainda nos olhavam como se estivessem esperando saber mais sobre o que estava acontecendo e isso fez com que a angústia que eu estava sentindo só piorasse. Toda a pressão que eu estava sentindo me fez agir rapidamente, pegar minha mochila, sair da lanchonete e me dirigir ao beco ao lado da mesma.
Eu precisava ficar sozinho. Eu quero ficar sozinho. Eu não preciso de ninguém. Eu não preciso da minha família, não preciso dos meus amigos, não preciso de Minho. É muito mais confortável ficar dessa forma. Meus olhos começaram a lacrimejar pensando em como seria estar completamente sozinho e em como eu me sentia mal quando entrava no meu apartamento sabendo que não teria ninguém ali para mim. Não. Eu não quero ficar sozinho. Eu odeio ser sozinho, mas eu não quero depender de ninguém ao mesmo tempo. Senti minha respiração começar a ficar ofegante, minhas mãos tremiam e dentro de mim comecei a sentir a angústia e a vergonha baterem muito mais forte do que antes. Eu não precisava ter falado com ele daquele jeito, mas ele estava fazendo todos aqueles comentários falando o que eu posso ou não posso, o que eu devo e não devo fazer, ele não pode fazer isso, certo? Ele acabou de chegar na minha vida. Mas eu já gosto tanto de ter ele nela. Ele deve estar lá dentro puto comigo e pensando coisas horríveis sobre mim. Eu agi como se eu pudesse me dar o luxo de perder mais alguém na minha vida. É por eu ser assim que eu sei que nunca vou ser feliz e vou sempre estar sozinho.

– Jisung. – me assustei ao ouvir Minho chamar meu nome passando pelo beco em que estava encostado.

Eu não respondi, mas ele viu meu reflexo pelo vidro de uma loja que ficava no outro canto do beco e se virou rapidamente. Sua expressão era de preocupação e assim que ele viu minha situação ele pareceu ter levado um choque. Ele correu até mim e me abraçou.

Minha Criptomania  |  MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora