capítulo 64: uma carta de...

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Pov'Meredith.


Andrew tinha seu próprio modo de me acalmar, antes de entrar em cirurgia me deixou com uma carta, pediu para que lê-se quando o medo já estivesse me consumindo, e isso aconteceu após a cirurgia, seis horas e meia depois e ele ainda não havia acordado.

Sentia tanto medo de que algo tivesse acontecido e ele nunca voltasse para mim.

- eu acho que agora o medo está grande, você já deveria ter acordado.

Abri a folha dobrada e vi a letra elegante dele.


"Oi amor!

"Faz quanto tempo que estou em cirurgia? Ou já saí?"

- já saiu! - respondi mesmo ele não me ouvindo

"Você provavelmente está tentando ser forte, se bem te conheço deve ter feito um buraco no chão do quarto"

Quade! Concordei mentalmente, continuei a ler em uma voz baixa, como se estivesse lendo para nós dois.

"Quando soube que estava doente, que poderia morrer a primeira coisa que pensei foi 'se tem que ser assim então ok!' eu não tive medo de morrer, por que vivi intensamente os últimos 6 anos, cada dia, cada momento, eu sei o que é morrer e ainda sim permanecer vivo, aconteceu por 10 anos, eu não tive medo de morrer! Por que sabia que tive a vida mais gratificante que alguém pode desejar, você me deu isso, meus pais, minha irmã, meus amigos, e nossa filha, se só eu fosse sofrer não teria problema, seria fácil morrer, mas eu sei o que é um mundo sem você e não desejo viver nele, não quero que aprenda a viver em um mundo onde não estou.

Minha linda esposa, mulher mais linda e incrível que já conheci, eu te amo tanto.

Você sempre foi meu sonho impossível, e no dia que bateu na minha porta, naquela noite quando me beijou, passei a acreditar no impossível, VOCÊ me fez acreditar que milagres acontecem, que o amor, a determinação e a perseverança no final vencem, você me fez acreditar que a sempre segundas chances, você me fez ver que não é tão difícil sobreviver quando se tem por quem lutar, não sei se ainda tem algo depois de hoje para mim, porém desejo que mais uma vez o impossível se torne possível, que um milagre aconteça e eu possa sobreviver e te provar que tudo é possível para quem ama.

Meredith você é luz na minha vida, por tantas vezes você me tirou do escuro, eu lutei por anos para meu pai sair daquela depressão profunda que vivia, e você em horas o curou com esse seu sorriso encantador, foi por ele que me apaixonei todos os dias... E ainda não tive uma cota suficiente deles, quero ouvir sua gargalhada ao ver Maitê fazendo palhaçada, aquele sorriso de menina quando tomamos banho de chuva, acho que te ver tão leve e feliz enquanto a chuva milha teu corpo é inexplicável, me sinto realizado.

Você me trás tantos bons sentimentos, tantas alegrias, desejo de viver, de amar, de...

Não estou me despedindo de você, não é um adeus, nunca é! Você achou que aquela carta seria um adeus para sempre, porém não foi, está carta não é um também, nunca foi e nunca será.

Te escrevi está carta para te falar que tem um lugar dentro de mim que te pertence, que é seu, todo seu, você habita em mim como as lindas tartarugas habitam no mar, você escolheu estar dentro de mim, mas eu... Sempre foi seu lugar! Eu fui invadido por você e simplesmente não desejo que saia, meu coração é teu mar, meu corpo é um oceano de amor dedicado a você.

Meu amor! Se estiver chorando agora por favor não chore mais! Eu estou bem, prometo lutar para ficar bem! Por você, por nossa filha, por nossa família!

Lembra?

O impossível existe!

Você quer viver o impossível comigo?"

- sim! - Respondi.

- obrigado... amor! - ouvi a voz fraca de Andrew.

- amor - levantei e beijei ele - obrigado, obrigado... Eu te amo demais.

- você foi forte! - sua voz era baixa e rouca - quanto tempo?

- seis horas! - suspirei aliviada.

- você foi muito forte.

- eu também acredito no impossível - murmurei.

- isso é bom - ele sorriu - como foi a cirurgia?

- Richard falou que foi excelente, conseguiram retirar tudo... Talvez umas oito sessões de química.

- não vou contar....

- tudo bem, quer alguma coisa?

- quem quer saber? Esposa ou a doutora?

- esposa... Eu acho - estava rindo.

- só água...



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Quando Richard liberou fui buscar Maitê, Vicenzo e Susan em casa para verem Andrew, agora seria mas complicado, até a recuperação dele, logo começaria a quimioterapia.

  Entrei no hospital com os três e seguimos para o quarto, vi de longe minha mãe, era engraçado como se tornou normal não falar com ela, eram rara as vezes que conversávamos, e depois da minha volta isso ainda não havia acontecido.

- Felipa! - lá estava a primeira vez.

- oi! - meu desejo por reclamar de ser chamada por meu segundo nome me invadiu, mas o segurei.

- posso falar com você?

- tá...

- vamos para o quarto - Vicenzo murmurou.

- ok.

- e você? - Ellis se abaixou na frente de Maitê.

- me chamo Maitê, eu tenho três anos - ela se apresentou como sempre fazia.

- que nome lindo, me chamou Ellis, sou a mãe dela.

- então é minha vó?

- sim! Estava curiosa para te conhecer - quem era aquela mulher e o que fizeram com minha mãe?

- sério? - minha filha fez a pergunta que gritava em minha mente.

- sim! Você é linda - Ellis tocou o rosto dela.

- obrigado vovó.

- de nada - Ellis levantou e me olhou - podemos conversar? Em outro momento, sei que Andrew passou por cirurgia hoje.

- podemos, meu número ainda é o mesmo

- tudo bem! Ela é linda... - o tom de Ellis, o que aconteceu? Não era normal sua Gentileza.

- obrigado... Mãe... Vou levar Maitê pra ver o pai dela.

- tudo bem.




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Bom dia..... Mais uma segunda para a conta! Mais um capítulo!!!!

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