Chego em casa e vou direto para o banheiro tomar um banho. Mal posso esperar para Indie chegar e eu não ter que ficar sozinha com esses pensamentos me rondando, que na data de hoje só pioram.
Me jogo na cama e procuro algo na TV para assistir. Depois de quatro longos episódios da série "The originals", sinto meus olhos pesarem com o sono. Tento me manter acordada mas o dia foi tão cansativo que me entrego....
Ainda despertando, sinto um braço a minha volta. Impossível não reconhecer as mãos pequenas da Indie, então me viro delicadamente pra não acordá-la e vejo que ainda está com a roupa da festa de ontem.
Ela deve estar exausta.
Levanto devagar e vou ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes para, finalmente, acordar de verdade.Ainda são sete da manhã e é estranho estar acordada a essa hora, já que chego da boate ao nascer do sol. Porém, hoje não vou a boate e não vou ao casamento da Mari.
Decido preparar um café para quando a Indie acordar.— Bom dia. — Aparece na cozinha, me assustando com seu cabelo bagunçado e maquiagem borrada. — O que foi?
— Olha no espelho um minutinho. — Rio e ela vai correndo até o banheiro.
— Que horror. — Ouço ela e rio ainda mais. — Vou tomar um banho e escovar os dentes.
— Tá. Eu já estou terminando aqui.
Ponho o café na mesa, junto com torradas, ovos mexidos e algumas frutas.
Não costumo fazer isso, mas hoje preciso de qualquer coisa pra me distrair.Depois de meia hora no banho, finalmente a Indie aparece e senta a mesa.
— Não vamos na tia Regina hoje? — Questiona, confusa.
— Você parece cansada. — Pego uma torrada. — Não quis te acordar e preparei o café, para distrair um pouco.
— Obrigada. — Me olha com um risinho, orgulhoso. — Vamos fazer o que depois daqui?
— Vamos só visitar o Johnny, depois passar na tia Regina, voltar para casa e assistir até o dia acabar. — Respondo sem olhar em seu rosto. — Você sabe que não precisa ir comigo não é?
— Para. — Pega em minha mão, me fazendo olhar pra ela. — Você sabe que eu vou ficar com você, então nem perca seu tempo falando isso mais uma vez.
— Tá. — Concordo e volto a tomar meu café. — Eu quero fazer a carta. — Aviso e ela fica surpresa.
— Vamos fazer então. — Levanta e vai correndo até o quarto. — Aqui.
Volta e me entrega o caderno e uma caneta. Sem esperar terminar o café, começo a escrever.
"Oi Jonny.
Aconteceram tantas coisas depois que você foi embora que nem sei por onde começar.
Eu lembro como se fosse hoje, antes de ir você me olhou nos olhos e falou...
"Não deixa o pai e a mãe tirarem de você o que tiraram de mim. Curta a vida do jeito que vai fazer você feliz."
No início eu confundi e acabei fazendo coisas que não devia. Ia para festas, bebia até não conseguir ficar de pé e procurava confusão em todo lugar. Mas, na verdade eu só estava tentando preencher a saudade que eu tenho de você.
Até que a Indie me tirou da lama. Ela é a família que eu sempre quis, a minha âncora, o meu porto seguro, e eu sou muito grata a ela por isso. Sei que você também agradeceria a ela por cuidar de mim.
Lembra quando eu falei que queria ter uma boate e mostrei a você os desenhos de como eu queria que ela fosse?
A Atena encontrou aqueles desenhos e rasgou. Disse que boate era só um nome bonito pra um bordel, que eu iria me prostituir e nada iria dá certo na minha vida.
Neste dia eu decidi enfrentar eles e sair de casa. E desde então, ela e o Rômulo fazem de conta que não existo mais.
Falaram que eu não podia sair de casa pra morar sozinha, principalmente por ser uma mulher e que já estava na hora de eu me casar.
Daí eu abri a Escarlate, que é ainda melhor que nos desenhos que eu fiz, e isso foi o ápice pra fazer eles virarem o rosto quando me vêem na rua. Eles falam por aí que não tem filhos.
Apesar de tudo isso, eu ainda passo pela frente da casa deles, às vezes, pra conferir se está tudo bem.
Recentemente descobri que estavam com problemas financeiros e eu pedi pra uma vizinha entregar um dinheiro, falando que era doação da vizinhança. Sei que se soubessem que eu estava por trás daquilo, eles iriam recusar sem pensar duas vezes.
Tenho certeza que se você estivesse aqui iria perguntar sobre a minha vida amorosa, então já vou adiando que ainda continuo com o mesmo pensamento de não casar ou ter filhos, então você estava errado quando falou que eu ira mudar de ideia quando crescesse.
E, sabe a tia Regina? Ela nomeou aquele bolinho que você sempre comia, com seu nome. É estranho ter que pedir "dois Johnny's no capricho".
Acho que você iria fazer várias piadas sobre as pessoas estarem te comendo e me matar de vergonha na cafeteria. O Dani é que não iria gostar dessas piadas. Iria surtar de ciúmes. E por falar nele, a família toda foi embora e nunca mais nos falamos.
Quase esqueci de falar, a mãe me viu beijando uma mulher.
Nem vou falar as coisas que ela me disse por que você já passou por isso. A única coisa boa é que ela me comparou com você. Sei que ela estava tentando me insultar, mas não funcionou, pelo menos não em dizer que somos iguais.
Eu só queria ouvir você falar "Dorme, pequena" mais uma vez.
Eu acho engraçado que eu estou falando com você e parece que sou uma adolescente desabafando com seu mano mais velho. Mesmo que eu já tenha vinte e três anos. A mesma idade que você tinha quando foi embora.
Eu não sei como é o tempo por aí, mas aqui, hoje fazem quatro anos que você deu seu último suspiro, enquanto segurava minha mão... Se cuida.
Eu sinto muito a sua falta, grandão."Ass: Sua irmã favorita.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Afrodite
Любовные романыAfrodite é uma jovem de 23 anos, dona de uma boate, e seu maior prazer é realizar os fetiches mais profundos de outras pessoas. Apesar de ser filha de pais super conservadores ela não vai desistir de viver a vida como ela quer e orgulhar o irmão mai...