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Assim que chego em casa, procuro a Indie para contar tudo que aconteceu no restaurante, porém, ela não está.

Imagino que deve estar resolvendo as coisas com a mãe, já que combinamos dela vir morar aqui, comigo. A mãe dela não gostou da ideia, e está fazendo o possível para fazê-la desistir disso.
Troco de roupa para ficar mais confortável e ajudar a Indie quando chegar com as coisas.

Ouço meu celular notificar e lembro que não avisei ao Noah que cheguei em casa.
Ao olhar a tela do aparelho, meu sorriso se desfaz.

Uma mensagem de voz de Atena. Respiro fundo, antes de dar play no áudio.

— Eu preciso daquele dinheiro que devolvemos para você. — Reviro os olhos. Ela parece aterrorizada. — Seu pai quase teve um infarto no restaurante e está aqui no hospital. Conseguiram salvar ele, mas estão fazendo exames e a situação dele não está nada bem... A culpa foi sua. — Fico incrédula quando ouço. — Se não fosse você e aquela mulher, ele não teria se estressado e estava tudo bem. Então, nada mais justo do que você pagar por isso.

Rio ao terminar de ouvir o áudio. Não acredito que ela teve a coragem de me culpar.

Jogo o celular no balcão e vou até a geladeira. Pego um vinho, me deito no sofá, ligo a TV e ponho algo para assistir.
Não encontrei o vinho sem álcool, então peguei o que estava na minha frente.
Estou com a cabeça cheia demais para pensar no por quê não posso mais ingerir álcool.

Por quê não? É o que me pergunto.
Tenho que passar o resto da vida assim?
Acho que não tem problema tomar uma vez.

Não sei por quê eles me abalam tanto. Já deveria nem me importar mais. Fazer de conta que não existem. Mas, acho que essa rejeição me desconcerta.

Sinto meus olhos pesados e apenas apago no sofá.

Noah

Mandei mensagem para saber se ela chegou bem, mas não obtive resposta.
Pode ser só paranóia minha, mas tenho que ter certeza que ela chegou em casa bem.
Ainda estou com uma chave, então vim aqui na casa dela. Suspiro fundo, aliviado por ver seu carro na garagem.
Já tinha imaginado vários cenários horríveis.

Assim que abro a porta, fico em choque. A Afrodite está no chão, perto do sofá, com uma garrafa de vinho derramando no chão.

Corro até ela e a chamo.

— Deusa. — Ponho ela sentada e balanço sua cabeça, delicadamente. — Acorda, por favor.

Sem abrir os olhos, ela murmura algo indecifrável.
Não entendo por quê bebeu tanto. Sabe que não pode.

Pego o celular e ligo para a Ingrid. Não tinha percebido que estava tremendo até está com o celular na mão.

— Noah?! — Atende. Está confusa, e eu entendo. Nunca ligo para ela.

— A Afrodite... — Começo a chorar. Sabia que gostava muito dela, mas encontrar ela jogada no chão me fez perceber o quanto.

— O que aconteceu? — Ela se preocupa.

— Cheguei aqui e encontrei ela bêbada, caída no chão. Ela tomou o vinho com álcool.

— Ah, meu Deus... — Ouço sua voz tombar e parece que começou a se emocionar também. — Não acredito que ela fez isso.

— O que eu faço? Eu não sei o que fazer.

— Estou indo praí. Dá um banho frio nela e põe ela na cama.

— Tá.

Desligo o celular e jogo no sofá.
Com dificuldades, consigo levantar ela e levar até o quarto. Tiro sua roupa e logo em seguida a minha, para não molhar, levo ela até o banheiro e ligo o chuveiro.

Ela aperta os braços ao redor de mim com o susto.

— Noah... — Abre os olhos, porém, não completamente.

— Oi, Deusa. — Tento dá um sorriso e agradeço meu rosto molhado por não deixá-la ver minhas lágrimas.

Depois de alguns minutos embaixo do chuveiro, pego uma toalha e enrolo em seu corpo.
Voltamos ao quarto e a ponho sobre a cama, abro o guarda roupa e pego um short e uma camisa moletom.
Visto ela e a coloco deitada.

— Fica aqui. — Pede.

Visto a roupa e deito ao seu lado. Ela dorme rápido.
Depois de quase uma hora, ouço a porta abrindo e logo a Ingrid entra no quarto, corre até a cama e põe a mão na testa de Afrodite.

— Como ela está? — Questiona.

— Depois do banho ela dormiu bem rápido. E parou de tremer tem alguns minutos.

— O que aconteceu para ela fazer isso?

Explico o que aconteceu no restaurante, que é o único motivo que eu acho que tenha feito isso.

— Mas, ela parecia bem quando saímos de lá. — Explico.

— Às vezes ela consegue esconder bem.

Levanto devagar para não acordá-la.

— Vou fazer um café. Você quer?

— Quero sim. Obrigada.

Vou até a sala e pego a garrafa do chão, limpo a bagunça e vou para a cozinha.
Ouço um celular tocando em cima do balcão e vou ver. É o celular da Afrodite.

Vou até a porta do quarto e chamo a Ingrid, que vem até a sala para atender.
Volto até a cozinha.

— Tá explicado. — Ingrid se aproxima dois minutos depois.

— O quê?

Ela dá play em um áudio da mãe da Afrodite.

— Que merda! — Digo. A raiva tomando conta de mim. — O que tem na cabeça dessa mulher?

— Merda... É isso que tem. — Ela responde e volta para o quarto enquanto eu termino o que estava fazendo.

Faço o café e um misto e levo até o quarto para a Ingrid.
A

ssim que chego na entrada do quarto, ouço as duas conversando e paro, antes que possam me ver.

— Eu não sei o que eu faço. Por quê eu realmente gosto dele e às vezes parece que ele também. Mas, e se não quiser um relacionamento do jeito que eu quero?
Ele pode está curtindo agora, mase se num relacionamento ele quiser mudar?

— Você tem que conversar com ele para ter certeza. Não vai adiantar ficar com paranóias. Você quer ele de verdade não é?

— Claro. Ele é muito lindo, gostoso para um caralho, inteligente e observador, ao que parece, não monogâmico... Ah, não sei.

— Ao que parece? — Apareço na porta e ela se espanta. Olha para mim e depois para a Ingrid, como se não soubesse que eu estava aqui. Cobre o rosto com o cobertor e não fala mais nada.

Entrego o a caneca e o prato para a Ingrid que me agradece e sai do quarto.

AfroditeOnde histórias criam vida. Descubra agora