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— Não sei se eu já te contei, mas eu moro com meu tio. Meu pai está morto e minha mãe foi embora a uns seis anos. Ela nunca entrou em contato desde então... — Dá uma pausa e continua. — Até aquele dia. Ela mandou uma carta para o meu tio, pedindo para depositar um dinheiro. Não sabemos o motivo e eu estou com medo dela ter se metido em problemas. — Deixa as lágrimas escaparem e eu o abraço.

— Sinto muito por tudo isso. — Tento imaginar o que está sentindo em relação a essa situação. — Mas, vocês mandaram o dinheiro?

— Sim. — Me olha e eu lamento em vê-lo chorando. — Ela nunca pediu e não pediria se não fosse algo importante. Eu sei que não.

— Calma... Tentaram usar os dados da conta para procurar ela? — Questiono.

— Sim. — Limpa as lágrimas. — Estamos trabalhando nisso.

— Vou torcer para encontrarem ela. Vocês precisam conversar e tenho certeza que quer saber o motivo de ter ido embora. — Puxo sua cabeça até meu peito.

— Isso eu sei. Só não posso te contar. Me desculpa.

— Tudo bem. Não se preocupa com isso. É algo pessoal, eu entendo.

Vira o rosto e me olha, logo em seguida põe um sorriso no rosto.

— Já te falaram que você é uma deusa? — Brinca e eu entro na diversão.

— Um nerd, gostoso para caramba, já me disse algumas vezes. — Rimos. — Assim é bem melhor.

— O quê? — Fica confuso.

— Você rindo. — Respondo e ele cora, ficando sem jeito. — Seu sorriso é lindo.

Me olha por um instante e me beija, suavemente.

— O que acha de tomarmos banho e dormir? — Propõe e eu aceito sem hesitar.

Fomos até o banheiro e tomamos um banho rápido em meio a brincadeiras e risos.
Nos secamos e voltamos para a cama. Ficamos em silêncio, nos olhando enquanto ele acariciava meu rosto e eu passeava os dedo em algumas mechas de seu cabelo que quase cobriam a testa.

Acordo com o calor insuportável e jogo o cobertor o mais longe possível, abro os olhos e vejo que estou sozinha na cama.

Olho o horário num relógio de parede que não tinha percebido ontem e não acredito que já são oito horas.
Levanto rápido, ajeito minhas coisas na mochila e separo a roupa para vestir depois do banho.

Jogo uma água no corpo, me arrumo e saio do quarto, dando de cara com o Noah na cozinha, totalmente pelado.

— Bom dia. — Chamo sua atenção. — Que surpresa, hein?!

— Bom dia, deusa. — Vem até mim e me beija, rápido. — Gostou? Você disse que gostaria de ver alguém, pelado, cozinhando para você.

— Eu lembro e eu adorei. — Passo os olhos de cima a baixo e ele cora. — Que bom que perdeu a timidez.

— Pelo menos com você, sim. — Ri. — Me sinto muito à vontade quando estamos juntos.

Dou um riso bobo e abaixo a cabeça.

Ele percebe que fiquei sem jeito e volta a preparar o café da manhã enquanto eu apenas o observo, já que recusou minha ajuda e disse que seria muito rápido.

O vinho e o sorvete que esqueci na sala a noite passada já estão na geladeira e eu presumo que Noah tenha colocado assim que acordou.

Ele está fazendo omelete e eu não consigo parar de salivar. Não entendo o que faz diferente, mas o cheiro é diferente de todas as que eu já comi.

AfroditeOnde histórias criam vida. Descubra agora