Afrodite

16

Não consegui dormir direito pensando em como a Indie estava no hospital. Eu sei como qualquer problema apavora ela.

Levantei cedo e fui direto para o banheiro tomar um banho. Não queria parecer babaca com o Noah, mas tive que acordá-lo.
Tinha que vir ao hospital, mas, antes o deixei em casa.

Aguardei por alguns minutos no carro e quando vi as duas, saí para ver se precisavam de ajuda.

— Não precisava ter vindo. — A Paula me encara com o olhar arredio, o qual já estou acostumada. — Eu poderia chamar um táxi.

— Mãe, para com isso. — Indie a repreende. — Já disse para não ficar com grosseria.

— Está tudo bem. — Lanço um sorriso disfarçadamente. — Eu vou deixar vocês em casa e volto. Tenho umas coisas para ajeitar no trabalho. — Respondo e volto até o carro.

Entramos, dou partida e vamos até sua casa em silêncio.
Assim que chegamos, a Paula apenas agradece grosseiramente sem olhar para mim e segue até a porta de casa.

— Me desculpa. — A Indie me abraça. — E obrigada.

— Relaxa. Eu já sei como ela é. — Rio. — Lembra do Noah?

— Aquele que eu quase bati injustamente? — Ri. — Lembro.

— Bom, ele dormiu lá em casa. — Se espanta com a notícia.

— Como assim? — Grita, chamando a atenção de mãe dela que não tinha entrado ainda. — Preciso saber o que rolou.

— Depois eu te conto, sua mãe está te esperando, e eu realmente tenho que resolver umas coisas no trabalho. — Nos despedimos e eu entro no carro.

— Tchau.

Ao chegar a boate, ligo para a Alcione e a peço para vir até aqui.

Tivemos uma breve entrevista, apenas para nos conhecermos um pouco e resolvermos a burocracia. Ela me agradeceu incontáveis vezes ao decorrer das conversas e demonstrou estar super empolgada para começar hoje a noite.

Me despeço dela e volto até o escritório.
Ouço meu celular notificar e vou conferir a mensagem.

"Você se arrependeu do que fizemos ontem?"
                                            Noah

"Claro que não... Por que você acha isso?"

"Hoje você estava diferente. Eu imaginei que poderia estar arrependida."
Noah

"Bom, eu só tinha que ir buscar minha amiga que estava com a mãe no hospital."

"Me desculpa, eu realmente não lembrava"
Noah

"Relaxa... Rsrs"

"E está tudo bem?"
Noah

"Sim. Você lembra que vai dormir uma semana na minha casa?"

"Como poderia esquecer?"
Noah

"Só para deixar claro. Você vai dormir, provavelmente, no quarto de hóspedes."

"Tudo bem."
Noah

"Aliás, quem é Rodrigo?"

"Como assim?"
Noah

"É que você falou umas coisas enquanto dormia e parecia que estava tendo pesadelos com esse tal de Rodrigo."

Esperei alguns minutos e nenhuma mensagem. Eu sei que ele viu, porém, não quis falar nada.

Primeiro no banheiro, onde se assustou com o barulho do trovão, depois o pesadelo.
Ele estava suando e tremendo enquanto chamava por alguém que se chama Rodrigo e quando eu pergunto ele não responde.

Não vou forçar a barra. Nós não temos intimidade o suficiente para ele me falar tudo da vida dele. Só não achei que fosse algo sério assim, mas se ele não quiser falar, está no seu direito.

"Me desculpa. Não quis ser invasiva. Não sabia que era um assunto delicado."

Largo o celular na mesa e volto ao trabalho.
No caminho até aqui, vi um local a venda, e entrei em contato. Preciso de um espaço próprio para as festas, já que não dá para fechar a boate sempre que houver uma festa particular.
A boate tem que funcionar normalmente.

Marco uma reunião com o proprietário para amanhã e vou até o bar cumprimentar os funcionários que já estão chegando.
Como em todos os lugares, sempre chegam antes de abrir para dá uma organizada.

Logo avisto a Alcione e apresento ela ao restante do pessoal.

— Bom, eu vou voltar ao escritório para pegar umas coisas. Tenho que ir em casa, mas, eu volto daqui a pouquinho. — Subo e pego minha mochila e o celular, dou uma conferida, rápida, para ter certeza que não esqueci nada e sigo em direção a porta.

Me surpreendo ao abri-la e dá de cara com o Noah.

— Oi. — Me cumprimenta, com vergonha.

— Oi. — Respondo, confusa.

— Eu mandei mensagem e você não respondeu. Achei que tinha ficado chateada comigo.

— Como eu sempre digo... Relaxa. — Dou um riso e começo a descer as escadas. Ele vem logo atrás de mim.

— Tem certeza que está tudo bem? — Insiste.

— Não se preocupe com isso. — Paro e olho em seus olhos. — Eu só perguntei por quê ouvi você falar enquanto dormia, mas se é um assunto que você não quer falar, está tudo bem. De verdade.

E realmente estava tudo bem.

— Que bom. — Ri, aliviado. — Eu tenho que ir em casa.

— Quer que eu te deixe lá?

— Não precisa. Eu estou de moto. — Aponta.

— Eu vou tomar um banho e voltar para a boate. Lembra de trazer algumas coisas, caso você precise enquanto estiver lá em casa.

— Claro. — Responde tímido e eu entro no carro.

Assim que chego em casa, tomo meu banho e coloco um vestido preto que vai até a metade da coxa, com um coturno de salto e um brinco de argola.

Volto até a boate o mais rápido possível e vejo que já está cheia. Não fui tão rápida quanto queria, mas o trânsito estava um caos.

Passo no bar para pegar uma água e subo até o escritório, onde tem menos barulho e eu consigo ver quase tudo que acontece por causa do vidro fumê.

Vejo quando o segurança repreende o Noah e não o deixa subir.

— Droga. — Desço as escadas, rapidamente. — Eu esqueci de avisar, me desculpe.

O segurança acena com a cabeça e libera o espaço para que o Noah possa subir.
Entramos no escritório e ele coloca sua mochila no sofá.

— Você está muito linda. — Elogia, tímido como sempre.

— Obrigada. Você também está maravilhoso. — Olho de cima a baixo.

Ele está com uma camisa preta de manga cumprida, gola v e com uma calça cargo cáqui.

— Obrigado. — Desvia o olhar.

— Quer beber alguma coisa? Eu posso pedir para alguém trazer aqui.

— Não precisa, muito obrigado.

Me aproximo e mexo em seu cabelo.

— O que você acha da gente continuar o que estávamos fazendo no banheiro ontem? — Sussurro. — Ainda quer saber como me satisfazer?

— É o que eu mais quero. — Se aproxima devagar, até encostar seus lábios nos meus.