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Fico paralisada por um instante com o que acabo de ouvir.

— Não sei o que dizer. — Dificilmente alguém me deixa sem palavras. É desconsertante.

— Não estou me sentindo muito bem. — Noah se levanta e corre até o banheiro.

— O quê aconteceu? — Sigo ele e paro na porta.

— Eu só com a sensação de que quero vomitar, porém não sai nada.

Rio sem parar enquanto ele me olha sem entender o motivo.

— Você nunca ficou chapado antes? — Questiono, ainda rindo.

— Não. — Fico surpresa com a resposta. — É claro que não.

Entro no banheiro e molho minhas mãos na pia. Deslizo sobre sua testa e logo em seguida sobre todo o seu rosto, que parece começar a relaxar devagar.
Seus olhos são tão profundos que é difícil de encarar.

— Se sente melhor? — Acena a cabeça de forma positiva e eu retiro minhas mãos do seu rosto.

Ouço meu celular tocando e corro até a mesa.

Indie? Está tudo bem? — Fico surpresa com a ligação a essa hora.

Você ainda está na escarlate?

Sim. A simulação acabou demorando mais do que eu esperava.

Vou passar aí com o Kaique.

Claro. Pode vir. — Lembro do encontro que ela teve com ele.

Só ao desligar a chamada, penso em como ela irá reagir ao me ver chapada depois de tanto tempo.

Noah volta do banheiro e senta no sofá novamente. Parece mais tranquilo.

— Sabe o que eu acho engraçado sobre fetiches? — Chama minha atenção, me fazendo desviar os olhos do celular. — Como eu sei que eu gosto de todas essas coisas sem ter experimentado antes?

— É uma ótima pergunta. — Penso em algumas possíveis respostas. — Difícil de explicar.

Em minha cabeça surgem situações que eu considero confusas demais para entender estando chapada.

— OI. — Ouço a voz de Indie vindo do andar de embaixo.

— AQUI NO ESCRITÓRIO. — Grito de volta.

Ouço os passos, rápidos, na escada.

— Já é muito tarde. — Se aproxima. — Achei que você já teria ido para casa.

— Pedi uma pizza e acabamos conversando. Nem percebi o horário. — Levanto e abraço ela como se não a visse a um século. — Como foi o encontro?

— Você bebeu? — Me encara, séria e preocupada. — Por quê seus olhos estão assim? Não me diz que você está chapada.

— Na verdade, estamos. — Noah responde antes de eu pensar no que falar.

— O que você fez? — Levanta a voz para ele sem pensar duas vezes, como se ele fosse o culpado — Você deu erva pra ela?

— Erva? — Rio e tento segurá-la.

— Para de rir. — Joga a bolsa no sofá e respira fundo enquanto caminha pela sala. — Você prometeu que não ia mais fazer isso. Você não pode fazer isso. Daí eu chego aqui e te vejo chapada com esse cara que você nem conhece direito. Que merda, Afrodite.

— Eu não fiz nada. — O Noah tenta se defender.

— Eu acho melhor não entrar na conversa delas. — Ouço a voz do Kaique pela primeira vez.

— Me escuta Indie. — Seguro em seu ombro para tentar acalmá-la. — O Noah não teve nada com isso, e nem eu.

Explico o que aconteceu e ela fica um pouco mais tranquila, porém, indignada com a pizzaria.
Ela me ajudou muito com essas coisas na minha fase ruim. E se eu prometi a ela que não faria mais isso, então eu não vou fazer. Por esse motivo não bebo e não uso mais qualquer outra coisa.

— Eu vou ligar para essa pizzaria agora. — Corre até a bolsa e pega o celular. — Isso é inadmissível.

— Ei. — Kaique segura em sua mão. — Tenta se acalmar um pouco.

— Deixa que eu ligo. — Pego o meu celular e tento entrar em contato com a pizzaria. — Parece que já fecharam.

— É sério? — Indie fica inquieta. — Isso não vai ficar assim.

— Relaxa. — Peço. — Eu vou resolver isso mais tarde. Agora eu só quero ir para casa e dormir.

— Vamos. — Ela pega a bolsa que tinha jogado no sofá a alguns minutos. — Eu vou dormir com você hoje de novo.

— Quer que eu te leve em casa? — Kaique fala com o Noah, que está no sofá, absorvendo tudo que aconteceu. — Noah?

— Quero sim. — Levanta num salto e vai até a mesa recolher suas coisas. — Pronto.

— Depois entrego sua camisa. — Dou um riso tímido enquanto eles saem.

Pego a chave do carro e entrego a Indie. Sei que mesmo se eu quisesse ela não me deixaria dirigir.
Depois de meia hora de um trânsito ensurdecedor, finalmente chegamos em casa.

Vou direto para o quarto e me jogo na cama.

— Boa noite. — Ouço a voz da Indie que parece estar muito longe.

Estou tão sonolenta que não respondo.

...

Acordo com o despertador do celular tocando sem parar.
Já são quase 13h00 e eu ainda estou deitada.

Levanto rápido e vou até a cozinha, onde encontro a Indie trabalhando.
Imagino que planejando a festa de algum cliente muito chato, devido as suas expressões.

Tomo um pouco de água gelada para molhar a garganta que está totalmente seca, talvez por culpa da pizza de ontem, e volto para o quarto para tomar um banho.

Depois de longos minutos no chuveiro, me visto e volto a cozinha para comer alguma coisa.

— Cliente chato? — Pergunto ao ver que ela já encerrou a ligação.

— Chata, na verdade. É uma influencer famosa que quer fazer a festa de dez milhões de seguidores com mais de trezentos convidados e tem umas exigências super ridículas. — Responde, sem tirar os olhos do notebook.

— Estou torcendo para não ser alguma que eu goste. Deve ser horrível se decepcionar com famosos que você admira.

— Amandla Chit.

— Caramba. — Me surpreendo. — Já vi que não vou me decepcionar por quê não espero nada dela. — Rio.

— É cliente. — Levanta e vai até a geladeira. — Tenho que aturar as exigências dela, mesmo sendo ridículas.

— Sim, senhora. — Finjo bater continência e rimos. — Vou na pizzaria mais tarde para resolver o que rolou ontem.

— Eu vou com você. Preciso saber o que aconteceu.

— Claro. Só não fica nervosa demais pra não colocar a pizzaria de cabeça para baixo. — Rio e ela também.

AfroditeOnde histórias criam vida. Descubra agora